Três policiais militares são denunciados pelo assassinato de Robertinho
MPGO também ofereceu denúncias por tentativa de homicídio, abuso de autoridade e fraude processual. Órgão também requereu a perda do cargo público dos policiais e pagamento de indenização
O Ministério Público de Goiás (MPGO) denunciou os soldados da Polícia Militar Cláudio Henrique da Silva, Paulo Antônio de Souza Júnior e Rogério Rangel Araújo Silva pelos crimes de tentativa de homicídio, homicídio triplamente qualificado, abuso de autoridade e fraude processual, no caso que culminou com a morte do adolescente Roberto Campos da Silva (Robertinho), no dia 17 de abril deste ano, no Residencial Vale do Araguaia, em Goiânia.
Ao oferecer a denúncia, o MP considerou a ordem cronológica dos fatos – da entrada ilegal na residência da família, ocasião em que os três também iniciaram a execução de um dos crimes contra Roberto Lourenço e o filho até a consumação do homicídio que vitimou Robertinho. Assim, os policiais foram denunciados primeiramente pelos crimes de tentativa de homicídio contra pai e filho, e também pela tentativa de homicídio triplamente qualificada contra Roberto Lourenço (pai) e pelo homicídio triplamente qualificado de Robertinho.
Os PMs deverão responder ainda, conforme a denúncia, pelos crime de abuso de autoridade, por terem atentado contra a inviolabilidade de domicílio e a incolumidade física das vítimas e seus familiares, bem como de fraude processual, ao inovarem artificialmente o estado de lugar de coisa.
Além das condenações por todos esses crime, o MP requereu a perda do cargo público dos policiais e pagamento de indenização para reparação dos danos causados. O documento é assinado pelos promotores de Justiça Renata de Oliveira Marinho e Sousa, Maurício Gonçalves e Mário Henrique Cardoso Caixeta.
Apurações
Robertinho foi morto depois que policiais militares não caracterizados cortaram a energia da casa onde o jovem morava com a família e invadiram o local. Eles estariam averiguando uma denúncia de tráfico de drogas na região teriam sido confundidos com ladrões pelo pai de Robertinho, Roberto Lourenço da Silva, de 42 anos. Por isso, ele teria realizado disparos, provocando a reação dos policiais, que invadiram a residência e dispararam contra as duas pernas e o abdômen de Robertinho, que morreu na hora. O pai dele também foi baleado e precisou ser internado no Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo).
O caso está sendo apurado pelo delegado Marco Aurélio Ferreira, da Delegacia Estadual de Investigações de Homicídios (DIH), que não está mais se manifestando sobre o assunto até que o inquérito seja concluído. No dia seguinte aos fatos, porém, o delegado afirmou que os policiais relataram ter entrado no local porque acreditavam que acontecia tráfico de drogas na residência e que o dono estaria armado. O inquérito da Polícia Civil deve ser concluído no prazo de dez dias.
Já o tenente-coronel Ricardo Mendes, chefe de comunicação da Polícia Militar, informou que a corregedoria da corporação também apura o caso. Segundo ele, um inquérito foi aberto por determinação do comandante-geral, Divino Alves, e deve ser finalizado no prazo estabelecido no Código de Processo Penal Militar, que é de 30 dias.