Caso Yone Novais

Trindade: Polícia Civil acredita que motorista tenha assassinado ex-namorado de Yone Novais

Hipótese é de que homem pode ter matado comparsa para não ser delatado de crime anterior; polícia interpreta versão apresentada como fantasiosa; motivação ainda é apurada

O instalador de portões e câmeras de monitoramento Deyvid Rodrigues Gomes Chaves, de 28 anos, apresentou uma versão. Mas a Polícia Civil não acreditou. Para o delegado que apura a morte de Marcos Alexandre Assis foi Deyvid quem o matou. O fato aconteceu em Abadia de Goiás, em uma estrada vicinal, na tarde da última terça-feira (13). Cerca de duas horas antes, em Trindade, Alexandre foi visto por testemunhas saindo do local que a ex-namorada dele foi assassinada com dois tiros. Deyvid dirigia o veículo usado.

O carro era um GM Celta de cor prata. Deyvid teria dito à polícia que foi convidado um dia antes para ir à Trindade com Alexandre cobrar uma dívida. O homem apontado como motorista na ação revelou eu não sabia estar dirigindo para uma pessoa que mataria a ex-namorada.

“As histórias que ele nos conta são contraditórias com a realidade. Ele ficou esperando o Marcos Alexandre na porta do escritório onde ela foi morta. Em seguida, no carro, deu fuga para Alexandre”, diz o delegado Vicente Gravina, que apura o feminicídio — quando o gênero feminino é o motivador da morte.

Em utra delegacia, de Trindade, o delegado Arthur Fleury desenvolve a investigação que apura a morte de Alexandre. Deivid é apontado como o matador de Alexandre. “O tiro foi próximo, pela quantidade pólvora e queimadura em volta do ferimento no peito, segundo apontou o exame cadavérico; isso revela que foi dado um tiro sem que a vítima esperasse, sem dar a chance de defesa. Além disso, foi um disparo em 90 graus, o que descarta a hipótese de suicídio.”

Delegados Vicente Gravina (Trindade) e Arthur Fleury (Guapó), em entrevista coletiva: Alexandre pode ter sido morto por comparsa

O delegado conta que Deyvid revelou ter deixado Alexandre no ponto em que o corpo foi deixado. “Ele disse que escutou um tiro e voltou para ver o que era. Ora, mas quem escuta um tiro não corre em direção do disparo. A arma ainda não foi encontrada e já foi realizado um exame nas mãos do suspeito para afirmar se havia pólvora e confirmar com provas científicas que ele matou o comparsa”, revela o delegado Arthur Fleury.

Esposa de Deyvid, Léia Costa nega que o marido tenha participação. “Ele estava comigo na hora que o Alexandre chegou e pediu para irem cobrar um dinheiro, em Trindade. ‘Cê tem como me dar uma carona?’ ele disse. Eu estou desesperada, porque eu sei quem Deyvid é, e seu que ele não tem coragem de fazer isso. Se o menino (Alexandre) tivesse falçado que iria matar a namorada, jamais ele teria feito isso.”

CASO

Era antes das 13 horas, quando Alexandre Assis, 31, chegou à trindade. O carro, um Celta de cor prata, era dirigido por Deyvid Rodrigues, 28 e os dois saíram de Goiânia. Há dois dias, no domingo, 12, após idas e vindas, Yone Glória da Cunha Novais, 21, acabou o relacionamento abusivo. Alexandre não aceitou o fim, e ainda no domingo disse a ela que a mataria, como a jovem revelou à mãe, que não acreditou na coragem do ex da filha.

 

Yone já se preparava para almoçar. Ela estava com uma blusa de gola polo, uma calça jeans e usava sapatilhas baixas. Com unhas pintadas de esmalte e os cabelos negros, descia os degraus da escada do sobrado onde trabalhava. Alexandre a esperava no fim da escada. Ali ele disparou dois tiros. Fatais. Acabou com a vida da moça.

Ele foi visto com um revólver na mão, enquanto atravessava a rua para entrar no carro guiado por Deyvid. Alexandre foi encontrado morto com um tiro no peito em uma estrada entre os municípios de Trindade e Abadia de Goiás. Deyvid foi preso, sem a arma. Diz que não matou Alexandre e que não sabia estar levando o amigo para matar a ex-namorada. A polícia não acredita.