Paralisação

Motoristas de aplicativos e taxistas podem paralisar atividades por alta nos preços e escassez de combustíveis

O Mais Goiás conversou com condutores de aplicativos e sindicato de taxistas, que confirmam intenção de paralisação. De ambos os lados, motoristas afirmam estar “pagando para trabalhar”

Além do transporte público, viagens particulares também estão sendo afetadas pela paralisação dos caminhoneiros e alta nos preços de combustíveis. A situação tem se tornado tão crítica que, seja pela dificuldade de encontrar gasolina e etanol ou pelo preço cobrado pelos fluidos nos postos, motoristas de Uber e Taxistas cogitam paralisar as atividades.

Um deles é o motorista do aplicativo Tarciso Filho (37) que aponta para a existência de um movimento inicial de paralisação em razão dos preços. No entanto, ele não descarta a possibilidade de ter que parar também pela escassez dos recursos.

“Tem um grupo querendo parar em protesto pelos preços cobrados. Se a categoria decidir, vou parar também. Mas tem chance de termos que parar antes. Hoje foi em oito postos e não tinha gasolina. Estamos nos organizando para trabalhar em turnos, deixar para quando a demanda estiver mais forte, por que tá difícil”, observa.

Segundo ele, até o momento, a Uber não tem atuado para estimular que motoristas continuem circulando. “Em breve pode ficar difícil para encontrar motoristas em Goiânia. É muito complicado. A empresa cobra uma taxa de 25% sobre o valor da corrida, mas acaba sendo mais que isso. Com a gasolina cara ou em falta, vivemos um momento de incerteza”.

Gilberto poderá ter que parar de trabalhar, caso situação persista (Foto: reprodução/arquivo pessoal)

Gilberto Neres Vieira (25), que também é motorista do aplicativo, afirma que trabalhar está cada vez mais difícil. “Abasteci ontem no Setor Oeste, único lugar que encontrei. Hoje, acabei de novo, mas acabaram de colocar uma placa informando que a gasolina comum acabou. O preço também complica, no Anel Viário, um posto tá cobrando R$ 4,78 no litro da gasolina. Assim não compensa rodar. Muitos vão parar”.

Os mais afetados, de acordo com ele são os motoristas que utilizam carros mais potentes. “O meu faz 12,5 quilômetros por litro de gasolina, mas tenho colegas que possuem carro que fazem apenas sete. Isso é pagar para trabalhar. Essa situação vai tornar mais difícil usuários encontrarem ubers funcionando e nos grupos com colegas podemos realmente verificar que há intensão de parar”.

O Mais Goiás aguarda retorno da Uber sobre o assunto.

Táxis

Entre os taxistas de Goiânia também há possibilidade de paralisação também em apoio à greve dos caminhoneiros. Para o presidente do Sinditáxi, Humberto Mendes Matos, a intenção é lutar contra a tributação nos combustíveis. “Incidem muitos impostos nos valores dos combustíveis. O taxista não aguenta mais pagar isso. Quase 50% do valor arrecadado por dia vai só para isso e a situação atual intensificou ainda mais o problema”.

Para ele, cerca de 700 dos 1.999 taxistas da cidade estão parados por dificuldades geradas pelo preço dos combustíveis. “Taxistas estão sem dinheiro para pagar parcela dos veículos, além de licenciamento e IPVA. Não estão conseguindo arrecadar o necessário para viverem. Tem a crise, tem o concorrente e tem o preço do combustível. O motorista sai de casa sem dinheiro e volta da mesma forma, após pagar para almoçar e jantar na rua! Por isso, há possibilidade de paralisação nacional”, revela.

Taxista há 42 anos, Silone Pacheco (62) afima que não está encontrando combustível para trabalhar. “Hoje mesmo não tem nos supermercados e outros lugares onde não costuma faltar. Nem álcool nem gasolina. Estou sem abastecer e o carro está entrando na reserva. Vou ter que ficar parado por tempo indeterminado”.

Conforme expõe o motorista, taxistas estão filtrando corridas. “Aquelas que envolvem grandes deslocamentos estão sendo evitadas porque não sabemos se teremos condições de voltar. Por isso priorizamos corrida mais curtas, que também rendem menos dinheiro. Está todo mundo assustado e temeroso. Se não tem combustível, também não terá jeito de levar alimento para dentro de casa.