UFG adquire equipamento que impulsionou desenvolvimento de vacinas contra Covid-19
Máquina é única no Brasil e foi instalada no laboratório do Parque Tecnológico Samambaia
A Universidade Federal de Goiás (UFG) recebeu um equipamento de última geração para o desenvolvimento de fórmulas com nanopartículas lipídicas, tecnologia fundamental para a criação das vacinas Pfizer e Moderna contra a Covid-19. O equipamento, único no Brasil, foi adquirido pelo Centro de Pesquisas LIFE, localizado no Parque Tecnológico Samambaia (PTS) e coordenado pela professora Eliana Martins Lima. Com investimento de aproximadamente R$ 650 mil, a máquina de microfluídica garante a reprodutibilidade e a uniformidade das formulações, tornando-se um recurso revolucionário no campo da nanotecnologia farmacêutica.
O equipamento, chamado de NanoAssemblr® Ignite™, é o único do tipo no Brasil e agora está instalado no Centro de Pesquisas LIFE, localizado no Parque Tecnológico Samambaia (PTS), mantido pela UFG. O PTS é reconhecido como um dos mais modernos do país e abriga o FarmaTec, centro de pesquisa e inovação em fármacos, medicamentos e cosméticos vinculado à Faculdade de Farmácia (FF) da UFG e coordenado pela professora Eliana Martins Lima.
Eliana é a única representante de Goiás no Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia (INCT) de Nanotecnologia Farmacêutica, um centro de pesquisa financiado pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Foi por meio desse instituto que foram obtidos os recursos necessários para a aquisição do equipamento, cujo investimento foi de aproximadamente 650 mil reais, com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
Uma das principais vantagens desta máquina em relação a outras tecnologias similares é a segurança na reprodutibilidade das formulações. “Quando se trata de produtos farmacêuticos, como vacinas e medicamentos, todas as unidades precisam ter a mesma identidade”, explica Eliana. Diferentemente de outras técnicas que podem resultar em variações mínimas, o processo de microfluídica realizado por esse equipamento garante produtos uniformes e homogêneos.
A tecnologia está disponível para uso de todos os integrantes do INCT e também para laboratórios, indústrias, empresas e outras instituições interessadas, mediante a contratação de serviços tecnológicos e o custeio dos insumos necessários. O uso da máquina requer apenas um chip de microfluídica descartável, que custa cerca de 1.000 reais, além de seringas específicas e componentes adequados para cada formulação.
Essa tecnologia representa uma revolução no desenvolvimento de formulações sofisticadas e inovadoras, solucionando uma das principais dificuldades enfrentadas pela indústria farmacêutica. Com a capacidade de processar uma única formulação por vez, a máquina é capaz de produzir até 20 mililitros (ml) em menos de dois minutos. Em comparação com outras técnicas, que exigem horas e várias etapas para obter a mesma quantidade de solução com nanopartículas, o equipamento se destaca pela eficiência e precisão.
Eliana destaca que a utilização desse equipamento tem o potencial de acelerar o desenvolvimento de nanopartículas com aplicações terapêuticas e profiláticas, incluindo vacinas. Esse é o foco dos trabalhos do grupo de pesquisa coordenado pela professora. Embora a nanotecnologia possa beneficiar diversas áreas do conhecimento, é na saúde que suas oportunidades são mais expressivas. Desde vacinas até medicamentos para o tratamento do câncer, as possibilidades são vastas e promissoras. Atualmente, apenas a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possui uma tecnologia semelhante no Brasil, mas com enfoque limitado no desenvolvimento e produção de algumas vacinas.
Revolução
Uma das grandes dificuldades enfrentadas pela indústria farmacêutica é desenvolver volumes significativos de formulações sofisticadas e inovadoras. Eliana diz que o equipamento contorna o problema e é capaz de processar uma única formulação por vez, produzindo até 20 mililitros (ml) em menos de dois minutos. Com outras técnicas, a mesma quantidade de solução com nanopartículas, por exemplo, levaria horas e atravessaria várias etapas para ficar pronta, e mesmo assim o resultado não seria tão preciso.
A utilização parece simples ante a complexidade do trabalho executado pela máquina: basta inserir o chip descartável, carregar as seringas já preenchidas, definir uma receita no display, carregar os tubos de coleta, iniciar a formulação e aguardar o retorno com a amostra. A expectativa, segundo Eliana, é que a tecnologia acelere o desenvolvimento de nanopartículas com aplicação terapêutica e profilática (prevenção de doenças), categoria em que se inserem as próprias vacinas, sendo estes o foco dos trabalhos do grupo de pesquisa que coordena.
Muito embora todas as áreas do conhecimento possam ser beneficiadas pela nanotecnologia, Eliana ressalta que é o campo da saúde que tem mais a ganhar. “De vacinas a medicamentos para o tratamento de câncer, o universo de oportunidades é enorme”, complementa. Atualmente, no país, só a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) possui uma tecnologia próxima à que a UFG detém agora, mas com enfoque limitado no desenvolvimento e produção de algumas vacinas.