UFG estuda contaminação causada pela tragédia de Brumadinho no Rio São Francisco
Altas concentrações de metais pesados estão alterando o DNA da fauna local e podem causar doenças em seres humanos
Pesquisadores da Universidade Federal de Goiás (UFG) e do Instituto Chico Mendes da Conservação da Biodiversidade (ICMBio) identificaram alterações no DNA de animais no Rio São Francisco. Os estudos mostram que o motivo dessas alterações é a alta concentração de metais pesados na água, causada, provavelmente, pelo rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão, em Brumadinho (MG).
A pesquisa identificou altas concentrações de ferro, alumínio e cobre. Esses metais tem causado malformações nas patas, intestino e boca de girinos. A pesquisadora do Laboratório de Mutagênese da UFG, Daniela de Melo e Silva, afirma que a relação entre a contaminação da água e as alterações na fauna é direta.
“Quanto mais tempo esse animal fica em contato com a água contaminada, mais o dano tende a não ser corrigido, o que pode impactar a sobrevivência das espécies”, disse Daniela.
Danos prolongados
Os pesquisadores acreditam que a contaminação se deu em virtude da tragédia de Brumadinho, que atingiu o Rio Paraopebas, afluente do São Francisco. Para comprovar essa tese, foram coletadas amostras em sete pontos diferentes do rio, na região da Estação Ecológica de Pirapitinga (MG), 15 dias após a tragédia. O local é uma unidade de conservação que fica a cerca de 250 quilômetros de onde a barragem se rompeu.
O estudo ainda não está concluído. Até o final de 2019 serão realizadas mais três coletas e a ideia é continuar analisando a água do Rio São Francisco por três anos. O objetivo, de acordo com Daniela, é comparar o nível de contaminação, levando em conta o local e o tempo da coleta.
A tragédia não acabou
Daniela acredita também que essa contaminação pode aumentar o número de vítimas da tragédia, que já matou mais de 230 pessoas. O consumo de peixes contaminados tem vários efeitos nocivos para a saúde.
Altas concentrações de alumino, por exemplo, estão relacionadas a complicações pulmonares e de fertilidade, além de aumentar a incidência de câncer e causar danos neurológicos, como a doença de Alzheimer.
O cobre em excesso pode causar náuseas e vômitos, hemorragia gastrointestinal, anemia hemolítica e icterícia. O ferro em grandes quantidades é tóxico e pode prejudicar o fígado.
*Com informações da UFG