UFG oferece curso de extensão sobre “Golpe de 2016”
Ciclo de debates ocorrerá na Faculdade de Educação, a partir do próximo dia 16. Instituição diz que tem autonomia para defenir conteúdos das atividades de ensino
De volta às aulas na terça-feira (13), A Universidade Federal de Goiás chama atenção por um curso de extensão oferecido pela Faculdade de Educação. Trata-se do ciclo de debates intitulado O Golpe de 2016 e a Universidade Pública Brasileira, fazendo referência ao que parcelas da população chamam de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
Ao todo, 10 temas serão discutidos entre esta sexta-feira (16) e o dia 26/6. Compõem a grade discussões sobre o financiamento e a autonomia universitária, as relações do “golpe” com movimentos de direita, com a mídia e o Judiciário, bem como abrangerá temáticas como Escola Sem Partido e Golpes de Estado ocorridos no Brasil.
As inscrições, abertas à comunidade geral, serão disponibilizadas no dia e local dos debates, que serão realizados no Miniauditório da Faculdade de Educação da instituição. Confira a programação completa aqui. O espaço possui cerca de 150 acomodações.
Posicionamento
Segundo o coordenador do curso de extensão, Adão José Peixoto, o ciclo de debates terá foco nas implicações do “golpe para o Estado de Direito, políticas sociais e universidade pública democrática e plural”.
Para o professor, é papel da universidade debater e socializar o conhecimento de questões atuais. “esse é um problema que precisa ser discutido. A universidade precisa contribuir para a ampliação da compreensão dessa questão”.
Questionado se a definição do impeachment como golpe não se trata de um posicionamento político da universidade, o professor responde que UFG está aberta a outros discursos.
“A universidade é um espaço aberto e tem que ser assim, democrático. Se existem segmentos aqui que pensam diferente, basta que organizem eventos que aborde a temática sob outra perspectiva”, sublinha.
Para o viés em questão, ele afirma que o impeachment caracterizou um golpe legislativo. “Hoje essa compreensão não é só de intelectuais e políticos, mas de parcelas da população. Exemplo disso foi o tema escolhido pela escola Paraíso da Tuiuti, no carnaval do Rio”.
Referência
De acordo com Adão, o ciclo de debates foi inspirado na disciplina “Golpe de 2016 e o Futuro da Democracia do Brasil”, oferecida na Universidade de Brasília (UnB) pelo professor Luís Felipe Miguel. Conforme explica o professor, o colega e a UnB são alvos de perseguição por terem oferecido a matéria.
“São acusados pelo Ministério da Educação (MEC) de cometerem improbidade administrativa. Esta é uma clara tentativa de intimidação e cerceamento da autonomia universitária. Entendemos a atitude como antidemocrática e anticonstitucional, uma vez que o artigo 207 da Constituição Federal garante a autonomia didático-científica das universidades. Nosso curso de extensão é uma forma de resistência à iniciativa do governo golpista”.
Nota
Em nota, a UFG ressalta sua autonomia didático-científica e reforça que é prerrogativa da instituição definir conteúdos pertinentes ás atividades de ensino, pesquisa e extensão. Confira a íntegra a seguir:
A propósito do curso de extensão organizado pela Faculdade de Educação da UFG, esclarecemos que as universidades brasileiras gozam de autonomia didático-científica, conforme dispõe o artigo 207 da Constituição da República Federativa do Brasil. Portanto, é prerrogativa da universidade definir, de forma independente, os conteúdos pertinentes às suas atividades de ensino, pesquisa e extensão.
A UFG reitera o seu compromisso com a pluralidade de ideias e com a discussão de grandes questões públicas, especialmente aquelas que despertam controvérsias de interesse coletivo. Como espaço de debates e de crítica, a instituição não pode ser tolhida em sua função social de construção da cidadania. Vale ressaltar que a Universidade pauta-se pelo incentivo ao livre debate de pensamentos e posições e reforça a necessidade de fortalecimento do Estado Democrático de Direito.