SITUAÇÃO CRÍTICA

Um ano após a 1ª morte por Covid-19, Goiás registra quase 11 mil óbitos

Surgimento de novas variantes do coronavírus e a abandono de medidas sanitárias são apontados como principais fatores para o agravamento de casos e óbitos no Estado

Nesta sexta-feira (26), Goiás atingiu a marca de 10.926 óbitos. (Foto: Jucimar de Sousa/ Mais Goiás)

um ano, Goiás registrava a primeira morte provocada pela Covid-19 no Estado. No dia 26 de março de 2020, uma mulher de 66 anos, moradora de Luziânia, faleceu em decorrência de complicações causadas pelo coronavírus. Depois dela, muitas famílias perderam seus entes queridos para a doença. Nesta sexta-feira (26), Goiás atingiu a marca de 10.926 óbitos.

Doze meses atrás, quando pouco se sabia sobre a doença, a população goiana aderiu ao pedido de governantes e especialistas da saúde e fez com que o estado fosse o primeiro no ranking de isolamento social. No dia 22 de março de 2020, a plataforma Inloco chegou a registrar 69,9% dos goianos dentro de casa. O estado levou mais de dois meses para registrar 100 mortes pela Covid-19, sendo que esse número foi atingido no dia 26 de maio de 2020.

 A superintendente de Vigilância em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO), Flúvia Amorim, analisa que conforme o tempo foi passando e a população foi aprendendo mais sobre a doença ocorreu um paradoxo. Em vez de se cuidarem mais, muitos dos protocolos recomendados pelas autoridades sanitárias foram abandonados por uma parcela dos cidadãos.

Banalização

“Antes as pessoas tinham medo do desconhecido e se protegiam. Conforme mais casos da doença foram surgindo, isso passou a ser visto como algo comum. Além disso, entendemos que a população “cansou” e passou a deixar de lado as medidas necessárias.”, comentou Flúvia.

Segundo a gestora, a banalização dos protocolos de segurança para evitar a transmissão da doença foi um fator crucial para o aumento de casos e mortes pela Covid-19 no Estado. Nesta quinta -feira (25), o isolamento social em Goiás ficou em 34,9% segundo a plataforma Inloco,  sendo que no dia 30 de março de 2020, o território goiano liderava o ranking das unidades federativas com maior índice de pessoas dentro de casa, atingindo 65%. 

Superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim (Foto: Reprodução)
Superintendente de Vigilância em Saúde de Goiás, Flúvia Amorim (Foto: Reprodução)

De exemplo a epicentro

De exemplo no controle da pandemia do coronavírus, Goiás passou a ser o epicentro de mortes no Brasil. O Governo do Estado chegou a registrar 267 mortes por complicações ocasionadas pelo novo coronavírus em apenas 24 horas, no dia 10 de março deste ano.

Na última segunda-feira (22), a média móvel de óbitos em alta pela Covid-19 em território goiano atingiu aumento de 143%, sendo a segunda maior do Brasil, ficando atrás apenas do Distrito Federal que apresentou um crescimento de 157% na média de óbitos em alta.

Novas variantes 

Além do abandono de cuidados essenciais para evitar a transmissão da Covid-19, as novas variantes do coronavírus que surgiram nos últimos meses também ocasionaram o aumento de casos e consequentemente um maior número de mortes. A SES-GO, por meio do Centro de Informações Estratégicas e Resposta em Vigilância em Saúde, e em parceria com a Universidade Federal de Goiás (UFG), identificou as variantes de Manaus, do Reino Unido e outras três linhagens no Estado. 

Um estudo publicado no periódico científico British Medical Journal afirma que a mutação do Reino Unido pode ser entre 30% e 100% mais fatal do que as linhagens anteriores causadoras da Covid-19. Já uma pesquisa feita pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com a Universidade de Oxford, sugere que a cepa de Manaus se espalha mais rapidamente, inclusive entre quem já pegou a doença.

Realidade hospitalar

A enfermeira Rosimeira Pereira trabalha em um hospital de Goiânia e lida diariamente com pacientes com Covid-19 que precisam de unidade de terapia intensiva. A profissional de saúde conta que com o surgimento das novas variantes do coronavírus a situação piorou. “ Vemos que são pacientes muito graves com prognóstico ruim, eles evoluem com uma piora rápida e necessitando cada vez mais de leitos de UTI”, declarou. 

Rosimeira relata ainda que além da demanda maior por internações, o número de vítimas fatais com idade inferior a 60 anos aumentou consideravelmente. “Tem ocorrido um grande crescimento  no número de óbito. São pacientes com perfil diferente em relação ao início da pandemia. Pois são estão  cada vez mais jovens, e não apenas pacientes idosos”, concluiu 

A enfermeira Rosimeira Pereira relata que novas variantes provocaram casos mais graves e aumento no número de óbitos de pacientes com Covid-19. (Foto: Jucimar de Sousa)

Óbitos nos municípios goianos 

Goiânia é a cidade com maior número de óbitos pela Covid-19 no Estado. Com 3.391 vítimas fatais, a capital é também a sétima no país no ranking de mortes pela doença. Aparecida de Goiânia é segundo município no Estado com mais óbitos pela doença, totalizando 882 mortes. Em terceiro lugar está Anápolis, com 700 óbitos.

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