Uma mulher é assassinada em Goiânia a cada cinco dias, revela estudo
Número de mulheres mortas entre 2009 e 2019 chega a 696. Estudo aponta que aproximadamente 70 mulheres são mortas por ano
Uma mulher assassinada a cada cinco dias em Goiânia. É o que revelam dados do Relatório da Violência contra a Mulher divulgados na manhã desta quinta-feira (12), pela Secretaria de Saúde do Município (SMS). O estudo aponta que, por ano, aproximadamente 70 mulheres são mortas na Capital. Entre 2009 e 2019, o número chegou a 696 vítimas. Em 24% destes casos, os crimes ocorreram na residência em que as vítimas moravam. Levantamento será base para programa de ações contra a problemática.
O estudo foi feito com base nos registros do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan) e Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e mostra também a caracterização e local dos assassinatos. Das mulheres vítimas, 69% eram negras, 64% solteiras e 60% tinham até 7 anos de estudo. Deste total, 6% das mulheres não tinham nenhum ano de estudo.
Com relação ao local dos crimes, o relatório aponta que 64% das mulheres morreram no local do assassinato. Deles, 30% ocorreram em via pública, 21% em domicílio e 13% em comércios, indústria e outros. Ainda de acordo com o estudo, 36% vítimas foram a óbito no hospital e outros estabelecimentos de saúde. O meio de agressão mais utilizado foi a arma de fogo com 60% dos casos, seguida de arma branca 24%, outros 7%, enforcamento 5%, e força corporal 3%.
Em 2019, foram notificados 2.796 casos de violência, das quais 1.296 (65,4%) foram contra mulheres. Conforme os dados, a violência com maior incidência é a autoprovocada, com 36,5. Ela é seguida das agressões físicas (31,3%), sexual (24,1%), psicológica e moral (12,3%).
Preocupação
Para a secretária de Saúde, Fátima Mrué, os dados são assustadores e representam preocupação. “Todos os números impressionam. A gente não pode permitir que tenha um assassinato sequer. Os números são altos, impressionam e exigem de nós alguma medida”, disse.
De acordo com ela, o compilado de dados divulgado nesta quinta-feira (12) é a primeira fase do programa que pretende promover ações de prevenção e combate à violência contra as mulheres. A ideia é que o programa seja realizado em parceria entre órgãos da Prefeitura e a organização Vital Strategies.
“O primeiro passo foi o diagnóstico. A elaboração do banco de dados de monitoramento para entender melhor o algoritmo e, então, agir preventivamente antes de um desfecho fatal para as vítimas”, relatou.
As ações, conforme explica a secretária, devem ser implementadas em breve. “Nosso objetivo é tornar referência e ter mudanças no cenário já em dois anos. Iremos implementar ações integradas de cuidado e proteção da vítima, prevenção da violência e responsabilização do autor da agressão”.