App versus realidade

Usuários do transporte coletivo reclamam de divergência entre horário de ônibus e de aplicativo

Ineficiência do aplicativo motivou projeto de lei que propõe GPS nos ônibus do transporte coletivo de Goiânia

Ir para o ponto de ônibus e esperar durante muito tempo faz parte da realidade dos usuários do transporte coletivo. Para sanar essa questão, a  Rede Metropolitana de Transporte Coletivo de Goiânia (RMTC) lançou o aplicativo SiMRMTC que permite acessar em tempo real os horários dos ônibus. No entanto, os usuários do sistema, sobretudo estudantes universitários, reclamam de discrepâncias entre o horário que os coletivos passam e o apontado pela plataforma.

A estudante de jornalismo Jéssica Reis tem aula pela manhã no Campus Samambaia da Universidade Federal de Goiás (UFG), no Setor Vila Itatiaia, em Goiânia, e faz estágio próximo à Praça Cívica. Ela conta que já confiou no horário do ônibus apontado pelo aplicativo, mas o mesmo não passou no tempo previsto, fazendo que chegasse atrasada ao trabalho.

A estudante conta que as divergências não são exclusividade de apenas uma linha de ônibus e que a situação é recorrente com os ônibus que passam pelos Campi da UFG. “Já passei por isso pelo menos quatro vezes. Duas vezes com a linha 914, um outro dia quando eu esperava o 268 e a que achei pior foi com um citybus que não lembro o número da linha, mas faz o trajeto para o Setor Nova Esperança”, relata.

A universitária conta que, nessa situação em que precisou do citybus, havia saído do estágio e o aplicativo indicou que o coletivo passaria em 20 minutos. A estudante relata ter demorado no máximo 5 minutos para chegar ao ponto de ônibus. Contudo, o veículo não passou e ela precisou optar por uma outra linha que demorava mais a chegar até seu destino.

As estudantes Eduarda Moreira e Jhiwslayne Vieira também estudam no Campus Samambaia e apontam transtornos com os ônibus que fazem conexão no local. Nem sempre os problemas estão ligados a atrasos. Jhiwslayne conta, por exemplo, que os ônibus da linha 268 por muitas vezes passam antes do horário previsto no aplicativo e por isso, já perdeu o coletivo algumas vezes. Ela aponta ainda que o aplicativo promete horários em tempo real, mas em caso de atrasos, os usuários não são comunicados.

Já Eduarda lembra que as linhas 270 e 263 também apontam atrasos. Além disso, casos em que o aplicativo mostra que o ônibus já passou quando isso não aconteceu são comuns. “Uma vez eu precisei sair do Campus depois da aula pra ir na Rodoviária comprar uma passagem; olhei no app o horário do 270 (faltava de 10 a 12 minutos) e fui pro ponto. Quando deu a hora do ônibus passar ele simplesmente não passava. Por isso tive que pegar outro ônibus. Nisso eu gastei mais tempo e rodei muito mais”, desabafa a estudante.

Aplicativo que oferece serviço de horário em tempo real para usuários. (Imagem: Repodução)

GPS

No intuito de acabar com o sofrimento dos usuários do transporte coletivo, a vereadora Tatiana Lemos (PCdoB) propôs um projeto de lei que obriga as empresas de transporte coletivo da capital a instalarem e disponibilizarem GPS (Global Positioning System, em português, Sistema de Posicionamento Global) nos veículos das empresas que obtiverem a concessão do serviço. A matéria foi aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara Municipal de Goiânia nesta quarta-feira (2).

O intuito do projeto, segundo vereadora, é desenvolver um aplicativo que ofereça horários em tempo real, quantidade de linhas e de ônibus para o usuário do transporte coletivo. “Hoje existe esse aplicativo, mas que na prática não funciona para o usuário. Minha proposta é que seja desenvolvido um aplicativo não controlado pela empresa de ônibus”, argumenta.

Para Tatiana, é essencial que não sejam as empresas de ônibus as desenvolvedoras do aplicativo. A vereadora aponta que não há comprometimento efetivo das companhias em informar com clareza para os usuários, dados sobre as linhas de ônibus.

A vereadora aponta ainda que com as imagens de GPS, o poder público vai ter mais mecanismos para fiscalizar o cumprimento das licitações assinadas entre a Prefeitura e as empresas de ônibus. Ela ressalta que o que está em jogo é a segurança e o conforto do usuário do transporte coletivo.

O SiMRMTC foi lançado pela empresa em 2015, mas teve uma versão mais nova disponibilizada para download em setembro de 2017. O lançamento da plataforma teve como slogan a frase “Esperar no ponto de ônibus pra quê?” e trabalhou com a ideia de que o sistema possibilitaria que o usuário do transporte coletivo evitasse longas esperas e planejasse de modo efetivo a viagem de ônibus.

O Mais Goiás entrou em contato coma RedeMob, empresa que cuida da RMTC e do aplicativo, mas não obteve resposta sobre a questão até o momento de publicação desta matéria.