FINAL DE ANO

Variante ômicron não deve prejudicar vendas de natal em Goiás, dizem entidades

Entidades empresariais veem na alta dos juros e na escassez de matéria-prima ameaças maiores para a geração de empregos e circulação de dinheiro

Foto: Jucimar de Sousa - Mais Goiás

Apesar da presença já confirmada em Goiás, a variante ômicron da Covid-19 não deve interferir de forma substancial nas vendas de natal em Goiás em 2021. É o que acreditam entidades ligadas ao comércio no estado, que veem na alta dos juros e na escassez de matéria-prima ameaças maiores para a geração de empregos temporários e circulação de dinheiro neste final de ano.

Até o momento, dois casos da variante ômicron foram confirmados em Goiás, sendo duas mulheres de 46 e 20 anos de Aparecida de Goiânia. Além delas, outros dois casos em Valparaíso de Goiás estão sob investigação. Mesmo com receio com a nova cepa, o presidente da Federação do Comércio do Estado de Goiás (Fecomércio), Marcelo Baiocchi, acredita que as tradicionais e volumosas vendas de final de ano não devem ser impactadas.

Ao Mais Goiás, Baiocchi disse que, “pelo que tem se visto até o momento, essa variante é bem menos letal [para o ser humano]”. “Ela propaga mais rápido, mas traz menos sequelas e consequências” para as pessoas, disse o dirigente da Fecomércio, que espera a abertura de ao menos 3,5 mil vagas temporárias de trabalho neste final de ano.

O presidente também leva em conta o fato de que Goiás já atingiu um patamar considerável na cobertura vacinal, apesar de ainda longe do que as autoridades sanitárias consideram ideal. Até o momento, 60,07% da população em geral de Goiás está vacinada com as duas doses, ou dose única, contra a Covid-19. Quando se leva em conta apenas a população acima de 12 anos, esse índice sobe para 71,41%.

Vacina pode conter variante ômicron, mas fator econômico também preocupa

Para o presidente da Associação Comercial, Industrial e Serviços de Goiás (Acieg), Rubens Fileti, a maior arma da sociedade para conter o avanço da ômicron é a vacinação, o que o ele garante que tem sido incentivado pelo empresariado goiano.

“A gente participou de algumas reuniões nos últimos meses com o [secretário Estadual de Saúde de Goiás] Ismael Alexandrino e [secretário Municipal de Saúde de Goiânia] Durval Pedroso, para que o setor produtivo pudesse ajudar. Então saíram algumas campanhas”, informou Fileti, que disse que a Acieg faz, hoje, uma interlocução com as secretarias de Saúde para facilitar a imunização em empresas privadas.

Porém, o presidente da entidade destaca que outros fatores também preocupam os empresários. Alguns deles são a inflação em alta e o aumento dos juros provocado pela taxa Selic, que logo deve começar a impactar os preços dos produtos. “Com esse aumento de juros e algumas questões do cenário político [se referindo às reformas federais travadas no Congresso], no ano que vem a gente pode ter uma tempestade perfeita”, disse.

Taxa de lojas vazias em shoppings começa a cair, diz setor (Foto: Rovena Rosa - Agência Brasil)
Aumento da taxa Selic respinga no preço de inúmeros produtos (Foto: Rovena Rosa – Agência Brasil)

Vale ressaltar que, e, comunicado recente, o Banco Central confirmou o aumento da taxa Selic de 7,75% para 9,25% ao ano – o maior patamar em quatro anos. Uma vez que a Selic baseia todas as demais taxas na economia, todos os contratos feitos com a Selic como indexador (fator de ajuste) são impactados. Já a inflação do natal deste ano mostrou variação de 5,39% no acumulado dos últimos 12 meses, de acordo com dados divulgados hoje (13), no Rio de Janeiro, pelo Instituto Brasileiro de Economia (Ibre).

Ao Mais Goiás, Fileti também cita a escassez de insumos para a fabricação de produtos, como o plástico, outro fator de preocupação dos empresários. O desabastecimento de matéria-prima em escala global já afeta o comércio de brinquedos e eletrônicos no Brasil e em Goiás e deve respingar nas compras de fim de ano.

Em Goiânia, por exemplo, gerentes de lojas relatam atrasos nas entregas e escassez de produtos, cujos preços aumentam devido à falta de resinas plásticas e semicondutores na indústria – alguns dos insumos mais usados.