ALERTA

Vazão do Meia Ponte cai e Goiânia se aproxima do racionamento de água

Nível é o segundo pior na classificação e significa que a vazão de escoamento do Rio Meia Ponte é menor ou igual a três mil litros por segundo

O nível é o segundo pior na classificação e significa que a vazão de escoamento do Rio Economia de energia: Governo publica decreto para diminuir em 30% consumo nas repartições públicas (Foto: Semad)

A vazão do rio Meia Ponte caiu um pouco mais e atingiu o nível crítico 3, que é o segundo pior na escala do manancial. Se o escoamento cair para o nível crítico 4, a tendência é a de que haja racionamento de água em Goiânia, com rodízio de abastecimento. No momento, a vazão é de aproximadamente 2.714 litros por segundo. Para que se atinja o nível crítico 4, este número deve cair para 2.000 litros/segundo.

A vazão do Meia Ponte havia chegado a 2.978 litros por segundo na última segunda-feira (30). É preciso que ela mantenha-se abaixo de três mil litros por, no mínimo, sete dias consecutivos para que se altere a classificação – o que acabou por ser confirmar. Em entrevista ao Mais Goiás na última semana, o gerente do Cimehgo e membro do Comitê de Bacia do Rio Meia Ponte, André Amorim, alertou para a baixa vazão do rio e confirmou a realização de uma reunião com membros da Semad, Seapa, Saneago e outros para alinhamento de medidas de prevenção e conscientização da população para o uso racional da água.

De acordo com Amorim, o racionamento de água com rodízio água em Goiânia é um risco a se levar em conta, mas que passa a ser mais considerado quando o Rio Meia Ponte atinge o nível crítico 4 – ou seja, tem vazão abaixo de dois mil litros por segundo. O racionamento de água é previsto, inclusive, no Plano da Saneago, que prevê um cenário de rodízio de abastecimento de água caso a vazão do Meia Ponte atinja o nível crítica 4.

O gerente do Cimehgo afirma que o esforço para usar água potável de forma racional e ponderada deve partir de todos – tanto do poder público quanto da população – para a superação desse momento de alerta.

Entenda os níveis críticos do Rio Meia Ponte

Conforme a Semad, a mudança de classificação da vazão do Rio Meia Ponte ocorreu porque vazão de escoamento é menor ou igual a três mil litros por segundo, em conformidade com a deliberação nº 017/2021 de 20 de abril de 2021 do Comitê de Bacia do Rio Meia Ponte, que define as diretrizes para o enfrentamento da crise hídrica a montante de Goiânia.

Veja abaixo as circunstâncias de cada nível:

  • Nível de Atenção – vazão de escoamento menor ou igual a 12.000 L/s;
  • Nível de Alerta – vazão de escoamento menor ou igual a 9.000 L/s;
  • Nível Crítico 1 – vazão de escoamento menor ou igual a 5.500 L/s;
  • Nível Crítico 2 – vazão de escoamento menor ou igual a 4.000 L/s;
  • Nível Crítico 3 – vazão de escoamento menor ou igual a 3.000 L/s
  • Nível Crítico 4 – vazão de escoamento menor ou igual a 2.000 L/s.

Risco de extinção

Segundo a Polícia Civil de Goiás, cerca de mil construções em 14 loteamentos podem ser demolidas por provocarem danos ambientais irreversíveis ao Meia Ponte. O delegado Luziano de Carvalho revelou que essas construções foram erguidas em Áreas de Preservação Permanente (APPs) situadas às margens do Rio Meia Ponte e do Córrego Capoeira de Dentro, mudando cursos d’água, secando nascentes e erguendo muros e drenos em áreas de brejo.

Para o engenheiro florestal Douglas Cezar, em entrevista recente ao Mais Goiás, esse tipo de edificação é mais comum do que se pensa em Goiás, o que provoca efeitos extremamente nocivos para os cursos d’água. “APPs são áreas que devem ser respeitadas segundo as legislações específicas, para que a gente tenha uma maior proteção dos mananciais e evite erosões, assoreamentos e questões relacionadas a diminuição da água. Então, se você remove uma APP, você tem problemas relacionados a todos esses quesitos”, pontuou.

De acordo com Douglas, com a frequência que essas alterações ambientais são verificadas, “o Rio Meia Ponte pode sim, num momento de um futuro próximo, vir a secar”, o que provocaria “consequências catastróficas para Goiânia“.