DESABASTECIMENTO?

Vazão do Rio Meia Ponte requer nível de atenção

Monitoramento do governo de Goiás mostra que escoamento no rio é menor ou igual a 12.000 l/s, mas ainda não há risco

Com estiagem completando 40 dias na Região Metropolitana de Goiânia, a vazão do Rio Meia Ponte, um dos mananciais que abastecem as cidades que compõem as imediações da capital está com o nível considerado de “atenção”. Na última medição realizada pela Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), no dia 25 de junho, a vazão estava em 11.600 litros por segundo (l/s). Abaixo, portanto, dos 12 mil considerados ideais.

Levantamento do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas do Estado de Goiás (Cimehgo) mostra que a média da umidade relativa do ar está em torno de 20% e 30%. Segundo o gerente do Cimehgo, André Amorim, o prognóstico é de que a estiagem siga até pelo menos meados de outubro, quando o período das chuvas volta. Há possibilidade de pancadas de chuva neste período, entretanto, o predomínio é de sol e tempo seco.

No ano passado, a Saneamento de Goiás (Saneago) apontou risco de desabastecimento em 50 cidades goianas justamente pela diminuição das chuvas. Na ocasião, a empresa alertou sobre diminuição acumulada de precipitações nos últimos cinco anos, o que prejudicou a dinâmica do ciclo das águas da bacia do Rio Meia Ponte.

Medidas

O nível de atenção é o primeiro estágio dos seis níveis de segurança adotados pelo governo do estado para monitoramento das águas das bacias hidrográficas, que vão até o nível “crítico 4”, quando a vazão cai a menos de 2 mil litros por segundo.

Deliberação do Comitê da Bacia Hidrográfica (CBH) do Rio Meia Ponte apontou situação de risco de emergência hídrica por 210 dias nas bacias hidrográficas do Alto Rio Meia Ponte e do Ribeirão Piancó. Por isso, definiu as ações para garantir o uso prioritário da água. O principal objetivo é evitar qualquer tipo de racionamento no abastecimento da região metropolitana de Goiânia e Anápolis.

Segundo a Semad, entre as medidas estão previstas campanhas de uso racional da água na imprensa, reuniões com os usuários da bacia para esclarecimentos a respeito das outorgas, divulgação periódica da situação da bacia e fiscalização orientativa dos usuários.

João Leite

A Saneago, que faz a captação e distribuição de água na Região Metropolitana, possui outorga de captação de 2 mil L/s na captação do Meia Ponte e na estiagem utilizou apenas 800 L/s, ou seja, menos que o permitido. A redução do uso foi possível graças à adutora de integração dos sistemas João Leite e Meia Ponte e ao conjunto de interligações na própria distribuição.

Segundo informou a Saneago, a Barragem do João Leite está vertendo há mais de cinco meses; iniciando em 7 de fevereiro e seguindo até este mês de julho. No ano passado, começou a verter mais tarde (em 23 de março) e ficou menos tempo (até 14 de junho).

O abastecimento em Goiânia anteriormente era marcado pela divisão quase igualitária de origem entre o Rio Meia Ponte e o Ribeirão João Leite. Essa estrutura tem sido alterada. A partir de 2018, a produção de água tratada distribuída em Goiânia é de 20% do Meia Ponte e 80% do João Leite.
A Saneago informa, por meio de nota, que no ano passado, mesmo com a estiagem prolongada, não houve desabastecimento em nenhuma das cidades atendidas pela Saneago, devido às ações em conjunto com demais órgãos do governo do estado. “Mesmo com a pandemia, a Companhia deu prioridade aos trabalhos para prevenção dos efeitos da estiagem. A previsão é que, novamente este ano, seja assegurado o fornecimento de água as 6 milhões de pessoas, nos 226 municípios onde antedemos”.