Vazão dos rios em Goiás continua crítica mesmo com chuvas do final de semana
Alguns pontos do Rio Araguaia têm apenas 60 centímetros na faixa de água
As chuvas do último final de semana não foram suficientes para melhorar a vazão dos rios em Goiás. Segundo o gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo), André Amorim, alguns pontos dos afluentes do Rio Araguaia têm apenas 60 centímetros na faixa de água.
“Aquelas chuvas que ocorreram no domingo melhorou um pouco, mas de forma tímida. Os mananciais da região central onde teve mais chuva, tivemos níveis de vazão boa, nos demais continuam bastante prejudicados, inclusive o Rio Araguaia, que tem alguns pontos com apenas 60 centímetros de água”, afirma.
São afluentes do Araguaia, os rios Água Limpa, Babilônia, Caiapó, Rio Diamantino, Cristalino, Rio Crixá-Açú, Rio Crixá-Mirim, Rio Javaés, das Mortes, do Peixe I, do Peixe II, Pintado, Matrinxã, Rio Vermelho.
Chuva ameniza, mas não extingue seca
O titular da Delegacia Estadual do Meio Ambiente (Dema), Luziano Carvalho afirma que o cenário pode ter sido amenizado, mas a seca ainda tem tido grande impacto, principalmente no Araguaia.
“Estou buscando avaliar isso. Mas, acredito que tenha dado uma amenizada, não foi ainda de restabelecer a vazão no Rio Araguaia e seus afluentes. O Rio do Peixe e Caiapó da mesma forma em vários lugares estão secos, mas isso para nós não é nenhuma novidade. Já era esperado que onde se tem muito desmatamento, erosões e solos arenosos isso acontecesse”, destaca.
A Dema investiga pelo menos 20 produtores rurais responsáveis pela drenagem de nascentes e lagos para a geração de pastos, com danos irreversíveis. “Em Aruanã tivemos relatos das pessoas atravessarem a pé alguns pontos dos afluentes. Isso é preocupante”, diz o delegado.
A situação é considerada grave pelo delegado. O avanço das áreas de plantação e de pastagens, ocorre muitas vezes em detrimento de áreas que deveriam ser preservadas, como nascentes e lagos naturais, que mantêm o lençol freático do Araguaia em equilíbrio.
“Estamos com sérios problemas em lagos naturais, uma verdadeira tragédia. E eles estão ocorrendo numa velocidade impressionante. São casos de pessoas usando drenos nessas lagoas que são reservatórios de água, para secá-las e expandir pastagens e plantações”, pontuou.
Vazão do rio Meia Ponte
A vazão do Rio Meia Ponte atingiu o nível crítico 3, que é o segundo pior na escala do manancial. De acordo com o Cimehgo houve uma pequena melhora com as chuvas. Porém, ainda é cedo para comemorar.
“Hoje estamos com vazão entorno de 5 mil litros por segundo. Mas, vem abaixando novamente, porque não houve sequência nas chuvas, e também não saímos do nível crítico 3. Demora ainda sete dias para ver uma melhora, e para isso temos que ficar esses dias todos com vazão boa para retornar ao nível 2″, explica André Amorim.
Entenda os níveis críticos do rio Meia Ponte
Conforme a Semad, a mudança de classificação da vazão do Rio Meia Ponte ocorreu porque vazão de escoamento é menor ou igual a três mil litros por segundo, em conformidade com a deliberação nº 017/2021 de 20 de abril de 2021 do Comitê de Bacia do Rio Meia Ponte, que define as diretrizes para o enfrentamento da crise hídrica a montante de Goiânia.
Veja abaixo as circunstâncias de cada nível:
- Nível de Atenção – vazão de escoamento menor ou igual a 12.000 L/s;
- Nível de Alerta – vazão de escoamento menor ou igual a 9.000 L/s;
- Nível Crítico 1 – vazão de escoamento menor ou igual a 5.500 L/s;
- Nível Crítico 2 – vazão de escoamento menor ou igual a 4.000 L/s;
- Nível Crítico 3 – vazão de escoamento menor ou igual a 3.000 L/s
- Nível Crítico 4 – vazão de escoamento menor ou igual a 2.000 L/s.