Veja como foi a retomada da Romaria de Trindade no Mais Goiás.Doc
Romeiros contaram sobre os milagres recebidos em razão da fé no Divino Pai Eterno
A Romaria de Trindade, na região Metropolitana de Goiânia, não acontecia desde o início da pandemia de Covid-19, em 2020. Após dois anos sem a festa e com o avanço da vacinação, a prefeitura da cidade decidiu liberar a Romaria que reúne milhões de fiéis, por meio da tradição e da fé no Divino Pai Eterno. A festa teve início no dia 24 de junho e se encerrou neste domingo (3/7). O Mais Goiás.doc acompanhou os carreiros que saíram de Damolândia, romeiros que saíram de outros Estados e também entrevistou a prefeitura da cidade e o reitor do Santuário Basílica do Divino Pai Eterno. Assista ao documentário no final da matéria.
Romaria de Trindade
A devoção ao Divino Pai Eterno, em Trindade, começou por volta de 1840. Com o tempo, passou a reunir mais de 3 milhões de fiéis de várias partes do país. Por causa da pandemia de Covid-19, a prefeitura de Trindade publicou um decreto cancelando as festividades da Romaria 2020. O fato se repetiu em 2021, com a organização de uma Romaria virtual.
Após dois anos, a festa voltou a ser presencial e teve a expectativa de receber 5 milhões de pessoas durante os 10 dias. Entretanto, de acordo com a prefeitura de Trindade, 2.972 milhões de romeiros passaram pela cidade.
“Para nós, redentoristas que trabalhamos no santuário Basílica do Divino Pai Eterno, ter que realizar as celebrações com o santuário vazio, somente para os bancos e rezando para uma câmera nos dava um sentimento de angústia muito grande. Quando vermos esse santuário mais uma vez movimentado, com a presença dos fiéis, dos romeiros manifestando a sua fé e a sua devoção, isso também nos renova, nos enche de esperança”, salientou o reitor da Basílica do Divino Pai Eterno, Padre João Paulo.
A tradição dos carreiros
José Salú, de 73 anos, é aposentado e também trabalha na zona rural. Ele e a família saem de Damolândia e vão para Trindade com os carros de boi durante a época da romaria do Divino Pai Eterno. Ele contou que essa tradição começou há 58 anos, em 1964. À época, ele tinha 15 anos e seu pai foi a pessoa que deu início a esse ritual familiar que é seguido até hoje pelo próprio José Salú, seus filhos, netos e por toda cidade de Damolândia.
Neste ano, cerca de dois grupos saíram da cidade com seus carros, nos dias 24 e 25 de junho, e chegaram na última segunda-feira (27) e terça-feira (28) em Trindade. “Sai gente de trator, carroça, a pé, vai de ônibus. Deve dar umas 500 pessoas entre tudo”, disse o carreiro pioneiro em Damolândia.
O aposentado disse que, mesmo com as dificuldades que a idade trouxe, até hoje gosta de sair da sua cidade natal e ir até a cidade da fé com os carros de boi. “Eu mais um compadre já fomos duas vezes em um ano”, disse com o sorriso no rosto.
Isace Pacheco Mendanha, carreiro e neto de José Salú, disse que também começou a ir a Trindade desde quando era criança. No início, ele não adestrava os bois por ser muito pequeno, mas hoje ele já ajuda os familiares a organizar os animais para a caminhada, que dura três dias. Ele contou ainda que irá ensinar a tradição aos seus filhos.
“A sensação é que nós estamos participando de uma tradição de família. Isso veio do pai do meu avô. Meu avô aprendeu, passou pelo meu pai, tio, e nós vamos aprendendo. Então, quando chegamos em Trindade, estamos fazendo um ritual familiar”.
A fé dos romeiros
A aposentada Antônia Rabelo, de 87 anos, saiu de Brasília para assistir à missa no Santuário Basílica do Divino Pai Eterno, em Trindade, junto com o marido e o filho. Ela disse que saiu do Distrito Federal para agradecer todas as coisas boas que aconteceram em sua vida, mas o principal: ela veio agradecer ao Divino Pai Eterno por ter sido curada de um câncer.
“Em novembro, eu fiz uma cirurgia do câncer, tirei parte do rim e estou bem. Estou curada graças ao Pai Eterno. A gente tem recebido muitas graças mesmo”, disse com um sorriso radiante.
Jane Mota Oliveira, de 48 anos, saiu de Palmas, em Tocantins, para pagar uma promessa devido a um câncer de mama que ela descobriu em 2018. A costureira conta que, ao se diagnosticada com a doença, perguntou para sua médica qual seria sua chance de sobreviver. Em razão da agressividade do câncer, a profissional respondeu que a equipe tinha que esperar para ver se ela aguentaria a primeira sessão da quimioterapia, para poder lhe dar a resposta. Ela então fez uma promessa ao Divino Pai Eterno: caso ela fosse curada, todo ano viria para Trindade.
A romeira tirou as duas mamas, foi curada, recebeu alta em 2020 e veio para Goiás, na última quinta-feira (30), para pagar a sua promessa. Ela disse que enquanto tiver vida, sairá de Palmas e virá para Trindade. “Enquanto Deus me der vida, eu estarei aqui. Por onde eu passar, eu vou ser um milagre”.
Assista ao documentário completo: