Vendedores de gado provocam prejuízo superior a R$ 50 mi aos cofres de Goiás

A Polícia Civil concluiu esta semana, com o cumprimento de 11 mandados de busca e apreensão, uma investigação que começou em julho do ano passado e detectou um esquema bem articulado, montado por criadores e intermediários, para sonegar impostos na venda de gado. A estimativa é que o grupo criminoso, composto por pelo menos nove pessoas, tenha provocado um prejuízo superior a R$ 50 milhões aos cofres do estado.

O mentor da quadrilha, segundo as investigações conduzidas pela Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Contra a Ordem Tributária (DOT), é um criador de gado que mora em Minas Gerais. Após arrendar alguns alqueires de terras em Goiás, e também em São Paulo, este produtor, com a ajuda de outros intermediários, vendia e enviava gado para frigoríficos, sem o recolhimento de impostos.

“O que apuramos foi que este investigado, e pelo menos outras oito pessoas que agiam com ele, obtinham liminares na justiça com a isenção do imposto, supostamente para a transferência de gado entre propriedades rurais de um mesmo titular, mas, que na verdade, estavam sendo vendidos para frigoríficos de São Paulo. Em uma destas transações, o grupo chegou até mesmo a falsificar uma decisão judicial da Vara de Fazenda Pública Estadual para conseguir emitir notas fiscais de transporte sem a incidência de ICMS”, explicou o delegado Marcelo Aires, titular da DOT.

Em apenas um ano, o grupo criminoso, segundo o delegado, sonegou R$ 9 milhões, mas a suspeita, de acordo com levantamento feito em conjunto entre a Procuradoria Geral do Estado (PGE), e a Secretaria Estadual da Economia, é que este valor ultrapasse a cifra de R$ 50 milhões.

“Além desse rombo milionário ao estado, este grupo também estava trazendo prejuízos incalculáveis para os criadores de gado Goiás, já que como eles ofereciam um preço sem concorrência aos frigoríficos, quem não fazia parte do esquema tinha como única alternativa revender os animais, por um preço ainda menor, para os integrantes dessa quadrilha”, concluiu Marcelo Aires.

Os nove indiciados, que não tiveram nomes, nem idades divulgados, foram indiciados por crime tributário, falsidade documental, associação criminosa, e crime contra a administração pública. Somadas, as penas para estes crimes podem chegar a até 14 anos de prisão, sendo que os indiciados terão, também, que recolher os impostos sonegados, acrescidos de juros e multas.