LEGISLATIVO

Vereador de Goiânia propõe Dia do Orgulho Hétero: “não é para afrontar”

O vereador afirma que se "existe Dia da Consciência Negra e do Orgulho LGBT", também pode existir Dia do Orgulho Hétero

O vereador afirma que se "existe Dia da Consciência Negra e do Orgulho LGBT", também pode existir Dia do Orgulho Hétero (Foto: Câmara Municipal de Goiânia)

O vereador Ronilson Reis (Pode) apresentou, nesta quinta-feira (23), um projeto de lei que institui no calendário de Goiânia o Dia do Orgulho Hétero, data que seria comemorada no terceiro domingo de dezembro. O parlamentar afirma que a proposta surge em “consonância com a prerrogativa” de que todo cidadão pode se manifestar, e que se “existe Dia da Consciência Negra e do Orgulho LGBT”, também pode existir Dia do Orgulho Hétero.

Em entrevista ao Mais Goiás, Reis disse que o projeto “não tem a intenção de afrontar nenhum gênero ou segmento”, mas sim de exercer a liberdade de manifestação. “Como sou cristão evangélico, apresentei esse como questão de princípios, de que é aquilo em que eu acredito”, declarou.

O parlamentar justifica ainda que, uma vez que existem os dias da Consciência Negra e do Orgulho LGBT, também pode ser criado o Dia do Orgulho Hétero. “Existem vários dias de comemoração.  Temos o Dia da Criança, Dia do Negro, Dia do LGBT. Por que não  pode ter o Dia do Orgulho Hétero? Eu tenho consciência de que os LGBTs são perseguidos, e esse projeto não é para afrontar. Sou de direita, mas sou equilibrado. Tem alguns que são extremistas”, disse.

Quanto às críticas à proposta, que teve forte repercussão negativa nas redes sociais, Reis afirmou que “as vê com naturalidade”. “Se um pessoa tem um posicionamento, sempre vai ter aqueles que são a favor e contra”. arrematou. O PL projeto de lei está na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de onde irá a Plenário para ser votado.

Dia da Consciência Negra e do Orgulho LGBT

Mencionado pelo vereador Ronilson Reis, o Dia da Consciência Negra é celebrado no dia 20 de novembro. A data foi escolhida em homenagem a Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares e símbolo de resistência no período escravocrata, e é usada também como reflexão e combate ao racismo no país – segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, 10.291 casos de injúria racial foram registrados no Brasil somente em 2020.

Celebrações do fim da escravidão e contra o racismo ocorrem em várias partes do mundo. Nos Estados Unidos, o Congresso aprovou o “Juneteenth”, comemorado em 19 de junho em homenagem ao dia em que os últimos escravos negros foram libertados, em 1865, no porto de Galveston, no Texas.

Já o Dia Internacional do Orgulho LGBT é celebrado no dia 28 de junho. A data rememora uma rebelião de gays, lésbicas e transexuais que ocorreu no dia 28 de junho de 1969, no bar Stonewall Inn, em Nova York, contra a repressão policial da época. Depois desse evento, inúmeros protestos ocorreram na época em várias cidades a favor dos direitos de LGBTs e contra a homofobia. Os protestos se alastraram para outros países, consolidando um movimento contra a discriminação.

De acordo com a ONG SaferNet, denúncias contra homofobia na internet registraram alta de 106% entre janeiro e a primeira metade de junho de 2021, em relação ao mesmo período do ano passado. Já um levantamento da Acontece Arte e Política LGBTI+ e Grupo Gay da Bahia apontou que 237 mortes violentas de LGBTs foram registradas em 2020 no Brasil. Foram 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%).