Vereadores Clécio e Tatiana discutem em votação na Câmara; vídeo
Uma discussão entre a vereadora Tatiana Lemos (PCdoB) e o vice-presidente da Câmara Municipal de…
Uma discussão entre a vereadora Tatiana Lemos (PCdoB) e o vice-presidente da Câmara Municipal de Goiânia, vereador Clécio Alves (MDB), agitou a sessão desta terça-feira (4). A transmissão da sessão mostrou uma polêmica entre os dois no momento em que o plenário discutia a manutenção ou derrubada de um veto do prefeito Iris Rezende (MDB) a um projeto de lei dela.
No vídeo é possível ver que Clécio, que presidia a sessão, colocou a matéria em votação no plenário eletrônico. Tatiana, que participava de forma remota, pediu para discutir o projeto. O emedebista reafirmou que a votação já estava em andamento. Ela argumentou que ele não havia ouvido o seu pedido para debater o projeto. Ele voltou a dizer que a matéria estava vencida e solicitou que a palavra dela fosse cortada. Confira um trecho da discussão abaixo.
A vereadora afirmou que, em virtude da pandemia, o presidente da casa, Romário Policarpo (Patriota), retomou as sessões presenciais na casa, mas permitiu que parlamentares do grupo de risco ou com exame positivo para Covid-19 pudessem participar remotamente. “As sessões continuam remotas para alguns, inclusive para mim. Estou fazendo um tratamento de saúde que deixa minha imunidade muito baixa”, disse Tatiana.
A discussão aconteceu durante a votação de um projeto de autoria da vereadora, que previa a realização de exames de trombofilia para mulheres na rede municipal de saúde. O projeto foi vetado pelo prefeito e retornou para a Câmara, a quem cabe acatar ou derrubar o veto.
“É um projeto muito importante para as mulheres”, disse Tatiana. “Essa doença pode causar muitas complicações, entre elas o aborto espontâneo em mulheres grávidas. Sem o diagnóstico e o tratamento adequado, muitas podem perder seus bebês em estágio avançado de gravidez”.
“Usou de uma autoridade que não possui”
Ao Mais Goiás, a vereadora afirmou que se sentiu desrespeitada pela postura do vice presidente. “Ele me tratou de forma truculenta e desrespeitosa. Usou de uma autoridade que não possui, cortando meu microfone a todo momento para me impedir de falar. Eu só consegui discutir porque fiquei uns 20 minutos interrompendo a fala dele”.
Para Tatiana, a postura do vice presidente revela machismo: “a falta de representação feminina nos espaços de poder dá nisso. Foi uma tentativa de me inibir, com muita arrogância. Os homens acham que são autoridade e que pode fazer isso com as mulheres. Cabe a nós nos impormos e não permitirmos que situações como essa aconteçam”, completa.
“Não houve desentendimento”
Em entrevista ao Mais Goiás, Clécio Alves negou ter havido desentendimento. “Depois que um projeto entra em votação, ele não pode ser mais discutido. Depois que eu coloquei em votação, a vereadora se manifestou, alegando que o microfone estava desligado e não pode se manifestar”.
Clécio afirmou também que ofereceu a ela uma declaração de voto, com prazo maior do que o previsto no regimento, mas que Tatiana não aceitou. “Depois de muita insistência dela, vi que ela era a autora do projeto. Então disse que ela poderia se manifestar na declaração de voto e ofereci cinco minutos, ao invés dos três que são previstos. Ela insistiu que precisava discutir que esse tempo não seria suficiente”, disse o parlamentar.
Por fim, o vice presidente afirmou que deixou a decisão para o plenário, que decidiu pelo retorno à discussão do projeto. “Eu já fui presidente da Câmara e conheço o regimento. Sei também que o plenário é soberano. Como a deliberação foi para que ela pudesse discutir, abri 10 minutos para que só ela pudesse falar. Quebrei o regimento quando abri para ela discutir, em consideração à situação dela, que estava online, e ela usou apenas cinco minutos e meio”, completou.
O desfecho da discussão
Depois de muita discussão, o veto do prefeito foi derrubado na casa. A parlamentar comemorou o resultado. “Conseguimos derrubar o veto, praticamente por unanimidade. Por fim a luta valeu a pena. Para ele (Clécio) pode não ter nenhuma importância, porque não é ele que sofre aborto, não é ele que dá à luz a um filho morto. Para ele não é nada. Para nós é a vida”, concluiu.