Veterinário responsável por abrigo em Abadiânia pode responder por maus-tratos de cães e gatos
Proprietário do imóvel alugado para comportar o abrigo também pode ser autuado, pois tinha conhecimento da realidade precária e não denunciou
A Polícia Civil (PC) investiga, desde o último sábado (25), denúncia de maus-tratos a 23 gatos e 46 cachorros em um abrigo de animais em Abadiânia. Dono do local, um veterinário, deve ser ouvido pela corporação nesta segunda-feira (27). O homem pode responder por maus-tratos já que é suspeito de manter animais em situação de desnutrição, com sarnas e em péssimas condições de higiene. Proprietário do imóvel alugado para o abrigo também pode ser autuado, pois tinha conhecimento da realidade precária e não denunciou.
A corporação chegou até o local após uma série de denúncias com fotos e vídeos da situação dos animais. O delegado que investiga o caso, Luziano de Carvalho, conta que as imagens apontam para um abrigo sujo, com animais passando fome e bastante debilitados. “Os registros e relatos são de que os animais estariam até comendo uns aos outros em razão das péssimas condições”, disse.
Porém, ao chegar no abrigo, o imóvel foi encontrado em condição de higiene completamente oposta, segundo o investigador. “Nos deparamos com um local muito limpo e até bonitinho, tinha água e ração. Mas a gente percebe que o abrigo foi limpado propositalmente, o dono já sabia das denúncias e que o caso seria apurado. Foi uma tentativa de mascarar o que de fato ocorria lá”.
Mesmo com o local limpo, Luziano conta que os animais estavam em estado de desnutrição, com indícios de que não eram alimentados regularmente. Os gatos e cachorros ainda estão no local e devem permanecer no abrigo até que surja nova moradia. Pacotes de ração foram levadas para os animais se alimentarem durante quatro dias. A dificuldade, de acordo com o delegado, é conseguir um novo local de destinação para os bichos.
Dono do imóvel
Ainda de acordo com o delegado, o proprietário do imóvel poderá ser autuado, já que há indícios de que sabia da situação crítica do ambiente e não denunciou à Polícia. Luziano ressalta que o dono do local e o veterinário responsável pelos animais brigam constantemente em razão do atraso no pagamento do aluguel. Segundo o investigador, o valor não é pago há cinco meses.
“O dono do imóvel sabia do que ocorria. Tem registro dele vendo os animais e falando sobre o aluguel atrasado. Ele viu e não denunciou. Vamos investigar toda a situação e aplicar as devidas sanções aos envolvidos. Os animais estavam em condenação de prisão perpétua vivendo em um ambiente fechado. Só de colocá-los em uma cadeia e tirar a liberdade já são práticas de maus-tratos”, ressalta.
João de Deus
A PC investiga, também, possível ligação do abrigo com o líder espiritual João Teixeira de Faria, o João de Deus. “Até agora o que chegou para a gente é que o local era mantido por doações do médium e de turistas, em sua maioria estrangeiros, que visitavam a cidade. Nada foi confirmado ainda e será apurado”.
Luziano informou ainda que deve instaurar um inquérito para verificar a situação do abrigo e outras ONGs de Goiás. “A gente sabe que essas instituições vivem de doações. Sempre que há envolvimento de dinheiro é preciso que haja transparência se não pode ser que haja estelionato. Então vamos investigar várias entidades para descobrir se há algo errado ou não”, disse.