Vídeo mostra acidente com jovem que caiu em buraco e está grave em hospital
Segundo investigação, ele estava a 140 quilômetros por hora, quando a velocidade da via é 30 km/h. Ele permanece em UTI
Imagens mostram acidente de jovem que caiu em buraco ao andar de moto em Goiânia. O acidente aconteceu no último sábado, 17/12, na Avenida Santos Dumont, do Setor Santa Genoveva. O condutor estaria, segundo apurou a Polícia Civil , a 140 quilômetros por hora e a moto foi arremessada a mais de 100 metros de onde o fato ocorreu. A Delegacia de Investigação de Crimes de Trânsito (DICT) apura o fato. Uma especialista em asfalto informa que a falta de manutenção antes do período chuvoso pode ter causado buraco em pista.
O último Boletim Médico do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), afirma ainda ser grave o estado de saúde do estudante Pedro Henrique Ramos de Oliveira, 21, que permanece intubado e sedado num leito de Unidade de Terapia Intensiva.
O rapaz teria caído em um buraco na via, segundo informações de testemunhas. As imagens de monitoramento de um posto mostram como tudo aconteceu. A motocicleta cai e o jovem é arremessado para uma árvore. Em seguida o corpo é arrastado por alguns metros. A moto vai parar no pátio do posto. Um frentista quase é atingido pelo veículo, sem controle.
NIVESTIGAÇÃO
A delegada Adriana Fernandes disse hoje ao MG que dois fatores foram primordiais para o acidente. “A imprudência do condutor, ao exercer uma velocidade de 140 quilômetros por hora, quando o permitido na via é de 30 quilômetros por hora e a falta de manutenção da via foram importantes.”
Com a confirmação de que não havia outro veículo envolvido no acidente, agora a delegada passa a apurar a situação por esses dois ângulos. Ela não descarta a hipótese de ouvir o responsável pela Secretaria de Infraestrutura de Goiânia nesse caso.
O responsável pela pasta, Fernando Cozzeti, foi ouvido em um inquérito que apura a morte da policial civil Jackeline Assunção da Silva, 27, no dia 21/11, na Avenida castelo branco, após se chocar em uma tampade bueiro sobre o asfalto, cair e ser atropelada, quando pilotava uma moto.
ENTREVISTA
O Mais Goiás buscou a engenheira e doutora Lílian Ribeiro de Rezende, professora do curso de engenharia civil pela pontifícia Universidade católica de Goiás. A intenção era saber qual o motivo para que o asfalto de Goiânia tenha tantos defeitos e apresente tantos buracos logo após todo período chuvoso. Segundo a doutora, o maior problema está na falta de manutenção adequada antes que o período chuvoso chegue e a utilização de material de baixa qualidade pode ser um agravante para o curto período de duração do asfalto. Acompanhe a entrevista completa:
Mais Goiás: Qual o motivo de o asfalto de Goiânia apresentar facilmente fissuras, após um período chuvoso?
Lílian Ribeiro de Rezende: Qualquer revestimento asfáltico vai perdendo sua funcionalidade ao longo do tempo devido à repetição do carregamento do tráfego e devido às ações climáticas (variação de temperatura e chuva). No Brasil, os defeitos mais comuns são as trincas por fadiga e o afundamento (deformação permanente).
MG: Como evitar que esse asfalto usado dessa forma, por ter um custo inferior, não tenha rachaduras/buracos?
Lílian Rezende: Para evitar situações críticas no período chuvoso, o ideal seria que os defeitos fossem identificados e tratados antes das chuvas por meio de serviços de manutenção periódica adequados. A “operação tapa buraco” é um serviço de emergência e não deveria ser a única opção utilizada pelos gestores para realizar a manutenção e restauração de revestimentos asfálticos. Atualmente, existem outras técnicas mais eficientes que realmente irão prolongar a vida útil do pavimento.
MG: Há formas de produção de um asfalto de custo benefício inferior? Como seria isso?
Lílian Rezende: Para garantir um revestimento asfáltico de qualidade e com durabilidade deve-se seguir os seguintes critérios:
a) Escolha adequada dos materiais a serem utilizados na mistura asfáltica, bem como dosagem adequada em função do tráfego que irá existir na via e da condição climática da região. Atualmente, existem materiais que podem ser incorporados na mistura para melhorar seu desempenho. Isso gera um custo inicial maior, mas que se paga ao longo do tempo devido à maior durabilidade;
b) Dimensionar a estrutura do pavimento (quantidade de camadas e espessuras de cada uma) usando métodos mais modernos, conhecidos como métodos mecanísticos;
c) Executar a obra conforme projeto e com controle de qualidade;
d) Monitorar o pavimento depois de aberto ao tráfego e realizar serviços de restauração no início do aparecimento dos defeitos e não quando a situação está crítica, ou seja, não quando as fissuras se juntam e se transformam nos buracos.