Sem dinheiro

Vigilantes da UEG denunciam atraso no pagamento dos salários

Empresa responsável pelos funcionários afirma não receber repasses da UEG há 6 meses; Universidade não esclareceu se os repasses foram realizados

Mais de 100 vigilantes da Universidade Estadual de Goiás (UEG) estão sem o salário de junho há quase 60 dias. Os trabalhadores prestam serviço para a empresa Garra Forte, responsável pela segurança dos 42 campus da instituição em todo o Estado. Segundo a direção da companhia, os repasses feitos pela universidade estão em atraso há seis meses, o que representa um débito superior a R$ 3 milhões.

O Mais Goiás falou com um vigilante que preferiu não se identificar. Segundo ele, durante todo esse período a terceirizada teria arcado com o pagamento dos salários por conta própria. Para conseguir manter os salários dos servidores em dia, a firma chegou a se vender vários veículos. Contudo, recentemente,  a situação teria se tornado insustentável.  “Estamos em uma situação complicadíssima com muitos ‘guerreiros’ faltando alimentos em casa, com água cortada, luz cortada, gás acabou”, afirma o funcionário.

Em nota enviada ao Mais Goiás, a Garra Forte afirmou que a empresa tem mais de R$ 3 milhões de notas já emitidas esperando o pagamento da UEG. Em todas as tentativas de contato com a instituição de ensino, a empresa é informada que o Governo de Goiás até então não repassou a verba para a Universidade e que não há previsão de quando o Estado vai regularizar a situação.

Ainda de acordo com o comunicado, até a manhã desta sexta-feira (2), a UEG não repassou à empresa os valores referentes ao meses de novembro, outubro e dezembro de 2018. Nem dos meses de abril, maio e junho de 2019.

Também em nota, a UEG confirmou que “não é responsável direta pelo pagamento dos vigilantes, mas, sim, a empresa terceirizada contratada para prestar serviços nos postos de vigilância da Universidade”. No documento, a instituição não comenta se fez ou não repasses à terceirizada.

Segundo informações da Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Inovação (Sedi), a pasta não é responsável por repassar verbas para a instituição de ensino. Porque a UEG possui autonomia para realizar a contratação de terceiros, bem como os devidos pagamentos.

Problema antigo

Em entrevista concedida ao Mais Goiás, outro vigilante, que também prefere não ser identificado, lembra que a instituição sempre atrasa o repasse para as terceirizadas.

  • “Não é de agora que a universidade atrasa para pagar as empresas. Trabalho para a UEG desde a época em que a Proguarda era responsável pelos vigilantes, em meados de 2011. Na época, a universidade atrasava vários meses também, mas como a empresa era de grande porte, tinha dinheiro em caixa e conseguia nos pagar em dia até receber da universidade. A Garra Forte depende, quase totalmente, de contratos com o Estado. Ou seja, sempre atrasa por causa da UEG”, relata.

*Thaynara Cunha é integrante do programa de estágio do convênio entre Ciee e Mais Goiás, sob orientação de Hugo Oliveira