Paralisação

Vila São Cottolengo paralisa atendimentos por falta de recursos

O hospital presta atendimentos diários de Ortopedia, Fisioterapia, exames diversos, além de cirurgias eletivas de cerca de 2.500 pessoas de 136 municípios

Localizada em Trindade, a Vila São José Bento Cottolengo vai paralisar os atendimentos à população a partir da próxima sexta-feira (1). Segundo o diretor-presidente da instituição, Marco Aurélio Martins, o hospital filantrópico não recebe repasses dos governos Estadual e Federal desde setembro do ano passado. A dívida chegaria a quase R$ 10 milhões.

O hospital presta atendimentos diários de Ortopedia, Fisioterapia, exames diversos, além de cirurgias eletivas de pequeno e médio portes a cerca de 2.500 pessoas de 136 municípios. Não há previsão para as atividades serem normalizadas e a agenda de novos atendimentos já está fechada.

“A Vila possui muitas demandas e atualmente não temos condições de manter os serviços porque não temos dinheiro. Infelizmente ,diversas pessoas ficarão prejudicadas porque o recurso não foi repassado à instituição. Só voltaremos a atender quando o pagamento for efetivado”, explica Marco Aurélio.

De acordo com ele, várias tentativas de negociação foram feitas entre o hospital e a Secretária de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO). “Na última reunião, fui informado de que um cronograma de parte do pagamento seria cumprido ontem (terça-feira), mas nada foi feito”, diz.

Marco Aurélio ainda informa que o atendimento aos 350 internos não será interrompido, já que estes pacientes dependem integralmente da instituição. “Nossa responsabilidade imediata é com relação a essas crianças, jovens e idosos com deficiência múltipla, que estão internados e necessitam de nossos serviços. Nossa preocupação é de que não consigamos atendê-los nos próximos meses por falta de recursos”, afirmou.

Escola

Além da Vila São Cottolengo, o Centro de Ensino Especial São Vicente de São Paulo de Trindade também vai paralisar as atividades a partir de sexta-feira (1). Segundo Marco Aurélio, a escola atende 290 alunos com deficiência e apesar de o Estado garantir o salário dos professores, a unidade depende de recursos da instituição, que atualmente não possui recursos para dar continuidade aos serviços.

A Secretaria de Educação do Estado de Goiás  (Seduce) informou, em nota, que o convênio que mantém com a Unidade de Ensino Especial São Vicente de Paulo, não inclui repasse de recursos financeiros. “A Seduce destaca ainda que o convênio em questão disponibiliza à instituição profissionais altamente capacitados na área de ensino especial para atender os estudantes da Unidade de Ensino”, diz o texto.

Em nota, a SES-GO afirmou que ” lamenta a paralisação dos serviços da Villa São Cottolengo e estranha que tal medida tenha sido tomada após nove meses de atraso da gestão anterior e sem maior espaço ou prazo para negociações com esta Secretaria”.

Confira a nota na íntegra:

“A Secretaria de Estado da Saúde de Goiás (SES-GO) lamenta a paralisação dos serviços da Villa São Cottolengo e estranha que tal medida tenha sido tomada após nove meses de atraso da gestão anterior e sem maior espaço ou prazo para negociações com esta Secretaria. Importa esclarecer que todos os pagamentos relativos a 2019 serão feitos regularmente, uma vez que o governador Ronaldo Caiado estabeleceu a Saúde como prioridade de custeio, no atual cenário de crise fiscal. O governo anterior deixou de repassar mais de sete milhões de reais à Villa Cottolengo, relativos ao período de abril a dezembro de 2018.
O governo de Goiás honrará essa dívida pregressa, mas salienta que é totalmente impraticável arcar, em tão pouco tempo, com dívidas de meses – ou anos, como é o caso de outros débitos herdados, apesar de todo empenho para angariar recursos junto ao governo federal, a fim de saldar a dívida ao longo desta gestão. A população de Goiás e em particular os pacientes do Vila podem ter a certeza de que esta gestão empreenderá todos os esforços necessários para a retomada imediata do atendimento.
Auditoria
A SES-GO esclarece ainda que dará início a auditoria do contrato de convênio com a Villa São Cottolengo, com o objetivo de averiguar o cumprimento das cláusulas e execução os serviços. 
Recursos federais
Em setembro e outubro, a São Cottolengo recebeu 40% dos repasses federais. Sendo cerca de 800 mil em cada mês. O débito referente ao mês de novembro (R$ 2.086.398,79) foi informado somente ontem, 30, pela unidade à SES.
Convênio com recursos estaduais
(500 mil reais por mês)
Não foram pagos 300 mil reais do mês de abril e o total dos meses de maio a outubro.”

 

A reportagem do Mais Goiás entrou em contato com a Secretaria de Estado da Educação, mas até o fechamento da matéria não obteve respostas.

*Atualizada às 19h16 para acréscimo da nota da SES-GO