Voltem o Instagram pro jeito que a gente conheceu
Eu me lembro bem do fatídico acontecimento: um dia um amigo me aplicou o Instagram.…
Eu me lembro bem do fatídico acontecimento: um dia um amigo me aplicou o Instagram. Amigo má influência, é claro. Daqueles que nossas mães recomendam distância e que a gente nunca obedece. Eram idos de 2011 e o aplicativo ainda era bem exclusivista, só aceitava quem tinha iPhone. Não vi o menor sentido naquilo. Eram tempos de Twitter quente e o Instagram me pareceu uma futilidade. Eu não estava errado. E quem disse que as futilidades não pegam a gente de jeito?
Você começa adicionando uns amigos, faz uma selfie no trabalho, compartilha uma foto da filha… Quando percebe, já está rolando o feed desesperado atrás do próximo post, comentando a foto da celebridade que começou a seguir, escolhendo o melhor filtro para a foto que quer botar na rede.
Mas o Instagram do jeito que a gente conheceu e se envolveu já era. É coisa do passado. Está esquecido ao lado do jogo da cobrinha do celular Nokia, de sua senha no IRC e do quão sexy, confiável e legal você era no Orkut. Hoje, quando a gente rola o feed do Instagram só tem vídeos de quem não conhecemos, comerciais e sugestões que não despertam o interesse.
Por favor, senhor Zuckerberg; por gentileza, magnatas da Meta; por obséquio, descolados do Vale do Silício, voltem o Instagram para o modo antigo. Com fotos. Só fotos. E de gente que a gente escolheu seguir.
O que me adianta selecionar as pessoas que me interessam se vocês me empurram conteúdo de quem diabos eu nem sei que é? Se é para ser assim, acabem de vez com essa história de seguidores. Imponham logo a vontade de vocês em nosso feed. Mais ou menos como está acontecendo agora.
Sei que o Zucka está com medo da ascensão do TikTok. E sei também que ele matou o Snapchat copiando a lógica da rede que crescia e vampirizou essa audiência para seu aplicativo. O cara tem know-how em destruir a concorrência. Mas tem que ficar esperto: quem muito quer, por vezes, fica sem nada.
Tentar barrar o TikTok copiando seu modus operandi tal qual fez com o Snapchat pode ser um tiro no pé: não atrai a molecada da dancinha e ainda perde os que curtem só ver fotinhas aleatórias dos amigos e parentes.
@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Reprodução Redes Sociais