Indústria da reciclagem: volume de embalagens PET triplica em três meses em Aparecida
Aumento do consumo no segmento alimentar, migração de embalagens e trabalho de catadores faz volume de PET e reciclagem crescerem
Empresário da indústria da reciclagem aponta que o volume embalagens PET em Aparecida triplicou nos últimos três meses. Segundo o industrial Jorge Tebaldi, a elevação do consumo no segmento de alimentos e bebidas, migração de embalagens e atração de catadores pela alta do preço do reciclável estão entre os fatores responsáveis por essa alta. Apesar do diagnóstico local, alteração na cadeia de produção e reciclagem do material segue tendência global, diz presidente da IGP Indústria de Garrafas PET, Maurício Fernandes.
“Eu pegava de 200T a 300T de material PET todo mês. De uns dois meses para cá, esse quantitativo triplicou. Estou pegando de 600T a 900T do material”, afirma Tebaldi. Jorge, que sempre almejou a ampliação do seu negócio, quer apressar investimentos para aumentar a capacidade de reciclagem de sua indústria.
“Se eu tivesse infraestrutura para pegar 1500T por mês, teria a oferta disponível desse quantitativo de material”, afirma. Sua indústria, transforma recicláveis PETs que chegam prensados em matéria prima que volta à Indústria para produção de uma série de produtos plásticos. De acordo com Jorge, seus principais fornecedores de material plástico PET reciclável são as cooperativas de catadores e empresas maiores que compram, prensam e revendem o material oriundo do trabalho de catação.
Volume de embalagens PET após recessão
O empresário conta que a alta do volume — e do preço — das embalagens PET pós-uso ocorre após meses de recessão, quando a situação pandêmica levou a escassez do material reciclável no mercado. Ou seja, havia material produzido para as empresas pós-uso, mas a diminuição do trabalho da catação fez com que o produto prensado sumisse.
“A pandemia e o medo do contágio fez com que muitas pessoas da cadeia de reciclagem parassem de trabalhar: Catadores, cooperativas, pequenas empresas de prensa. O resultado foi a escassez do material prensado para reciclar. Agora, com o preço lá em cima e grande volume de material a ser prensado, voltou com tudo”, afirma.
Indústrias de garrafas PET
De acordo com presidente da IGP Indústria de Garrafas PET, Maurício Fernandes, uma série de fatores durante a pandemia fez com que o volume desse tipo de polímero aumentasse na ponta da cadeia de reciclagem. Um desses motivos é o aumento do preço do vidro no mercado. “Essa puxada de preços no vidro fez com que muitos segmentos migrasse suas embalagens para garrafas PET, principalmente o setor de fármacos, higiene e bebidas”, diz.
Outro fator apontado por Maurício para o aumento do volume de embalagens PET na cadeia produtiva foi a crescente no consumo de alimentos e bebidas durante a pandemia. “O isolamento social e as restrições que a pandemia trouxe, fez com que as pessoas consumissem mais nos supermercados e aumentasse a circulação de embalagens e material pós-uso”, afirma.
Indústria da reciclagem em alta demanda
Maurício explica que outro fator que fez com que as embalagens PET aumentasse na indústria de reciclagem foi a demanda pelo material para exportação. “Muita gente não sabe, mas o Brasil é um dos grandes exportadores de material reciclável. Houve uma alta no preço de matéria prima virgem de todos os polímeros. Além de elevar também o preço do material pós-uso, a alta levou o mercado europeu e oriental aumentar sua busca pelo material reciclável no mundo inteiro”, disse.
Alta no preço de material “segura” catadores em Aparecida
A diretora da Cooperativa de Trabalho Dos Catadores de Material Reciclavel de Aparecida de Goiânia (Coocap), Lívia Souza Moreira, confirma que o volume de embalagens PET que chega até o galpão onde a cooperativa de catadores trabalha no município aumentou bastante. No entanto, o volume de outros materiais recicláveis como papelão e metal oriundo de sucatas diminuiu muito nos últimos meses.
“O volume e a alta no preço do reciclável de garrafa PET acabou salvando os cooperados. Se não fosse essa compensação estaríamos em dificuldades”. Lívia afirma que o “grosso” do volume de papelão e metal chega das empresas que tem obrigação de doar o material como contrapartida ambiental. “Desconfio que estão vendendo o material por fora”, lamenta.
O material reciclável em papelão que não chega à cooperativa tem chegado em grande volume na indústria de reciclagem do município. Inclusive, de acordo com o empresário do ramo na região, Jorge Tebaldi, a quantidade desse tipo de material que chega à sua empresa também aumentou bastante. “Nunca vi tanto material chegando como agora”, afirmou.