MISSÃO

Voluntários tiram dinheiro do próprio bolso para ajudar no combate a queimadas em Goiás

Integrantes das brigadas voluntárias em Goiás tiram do próprio bolso para manter atividades de combate a incêndios

Mais de 23 mil hectares de vegetação foram destruídos na Chapada dos Veadeiros num incêndio que durou 12 dias. Uma média de 200 profissionais estiveram envolvidos no combate às chamas durante todo o período, entre eles bombeiros militares, agentes do ICMBio, do Ibama e também das brigadas voluntárias. Esses últimos exercem um trabalho fundamental na região, mas pouco reconhecido.

A Rede Nacional de Brigadas Voluntárias (RNBV) foi criada em 2019 e é composta por 932 voluntários, divididos em 15 brigadas que atuam em oito estados e diferentes biomas, como Cerrado, Mata Atlântica e Amazônia. Sete novas brigadas aguardam formalização.

Em Goiás, uma das principais é a Brigada Voluntária Ambiental de Cavalcante (Brivac). O grupo atua em Cavalcante, no norte da Chapada, uma das regiões mais afetadas pelas chamas em 2020 e também neste ano. Os brigadistas são voluntários e usam até carros particulares para chegar aos locais de incêndio.

“Ano passado, tivemos o apoio do estado, que nos disponibilizou um veículo com motorista por 15 dias”, conta o brigadista João Ribas, subdiretor da Brivac.

No perfil do Instagram da Brivac, vários vídeos retratam o cotidiano dos brigadistas quando incêndios passam a devastar a região da Chapada. Num deles, os brigadistas relatam o alívio com uma chuva que caiu sobre uma área já totalmente destruída pelo fogo. “Uma chuvinha rápida, espaçada e aliviante. Precisamos estar em vigilância e estar com o peito quente para a nossa missão”, escreve um dos voluntários.

Falta de recursos dificultam atuação de brigadas voluntárias

Por ser de um estrutura de voluntariado, o próprio brigadista é que contribui financeiramente para a manutenção das atividades de combate aos incêndios. De acordo com o brigadista florestal e diretor executivo da RNBV, Rafael Gava, “tem voluntário que banca gasolina, pedágio e alimentação. Muitos ainda têm de comprar o próprio equipamento de proteção”.

“Os custos de estruturação, treinamento e operacionalização para que todos possam executar o trabalho de forma segura e eficaz é alto”. Consequência disso, conforme Gava, é que provavelmente “muitas brigadas pararam de atuar e iniciativas potenciais simplesmente deixaram de existir”.

Neste mês de outubro, a Brivac promove uma rifa com o objetivo de arrecadar fundos para a manutenção do trabalho dos brigadistas. “Junte-se a nós, compre uma rifa, concorra a uma dessas maravilhosas obras e seja mais um defensor da vida, do Cerrado e da arte que expressa sua força, união e beleza nessa campanha”, diz a entidade.