Opinião

Zika vírus: A gravidade do momento atual

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MARIA THEREZA ALENCASTRO VEIGA
Colunista, Mais Goiás

Eu estou absolutamente impressionada com este “desastre civilizacional”, definição do Reinaldo Azevedo, chamado Zika.

Vi ontem no Roda Viva uma plêiade de doutos falando sobre o assunto e a verdade é que ninguém ainda sabe muita coisa sobre as ligações entre Zika, Aedes, até pernilongos comuns e a microcefalia. Mas ressaiu, sobressaiu a ineficácia, o descuido dos últimos governos com o saneamento básico, a saúde pública. E salta aos olhos, também, a contribuição da população, com sua falta de educação e seu lixo, para esta desgraça.

Estou morta de dó das moças em idade de engravidar, que terão que renunciar a este desejo ou passar pela agonia de nove meses de incertezas, já que não há qualquer assertiva científica de que os efeitos da infestação sobre o feto só ocorrem nos três primeiros meses.

E tudo isto em um país em que a saúde pública não tem condições de dar apoio eficaz sequer no período de gravidez, quem dirá às milhares de crianças com microencefalia que certamente nascerão nos próximos anos.
É tudo um espanto! Um enorme horror produzido pela imensa irresponsabilidade tanto estatal quanto de cada cidadão que acha que pode jogar seu lixo em qualquer lugar.

E tem mais. A sociedade brasileira terá que superar a hipocrisia habitual sobre o assunto “aborto”, que os moralistas de plantão fingem não existir no Brasil, pois este será necessariamente tema constante do Poder Judiciário de agora em diante.

A gravidez de fetos com microcefalia será equiparada à gravidez de fetos anencefálicos e o aborto será permitido? Este assunto é sério demais para ser tratado com os véus dos pudores religiosos, já que ninguém, como é usual, se responsabilizará solidariamente com as famílias em que esta fatalidade acontecer.