Movimento de progressistas contra Fred Rodrigues busca evitar alta abstenção e votos nulos
Representantes do movimento avaliam declarar apoio a Mabel
Lançado nesta terça-feira (24), o movimento “Goiânia Sim, Fred Não”, articulado por empresários, representantes do setor cultural e lideranças do meio-ambiente, promete fazer coro contra a candidatura do ex-deputado estadual Fred Rodrigues (PL). O grupo, formado por figuras críticas à ascensão da extrema-direita, destaca à coluna que está em fase de discussões internas e considera até um eventual apoio ao ex-deputado Sandro Mabel (União Brasil).
De acordo com Gilvane Felipe, um dos idealizadores do movimento e ex-coordenador da campanha da deputada federal Adriana Accorsi, o grupo foi criado como uma resposta à insatisfação com as opções disponíveis no segundo turno das eleições. “Acabamos ficando com duas opções: uma ligada à direita clássica e outra à extrema-direita. Isso fez com que um grupo de pessoas e amigos começassem a trocar ideias sobre o que fazer”, explica.
Com o receio de uma eventual vitória de Fred Rodrigues, o movimento defende que uma administração de extrema-direita em Goiânia abriria caminho para a expansão dessa força política no estado de Goiás. “Além de abrir caminho para ganharem o Governo de Goiás, vai virar a Disneylândia da Direita. Decidimos, então, que deveríamos reagir”, argumenta Gilvane.
O movimento, embora não tenha declarado apoio direto a Mabel, já aponta uma possível inclinação nesta direção. “Um movimento que grita ‘não’ a um dos lados, não deixa de ser um indicativo indireto da segunda opção”, pondera Felipe. Porém, ele ressalta que isso depende de um diálogo efetivo entre a candidatura de Mabel e as pautas defendidas pelos setores progressistas, como saúde, educação, cultura e meio ambiente.
Há um problema no meio do caminho: uma declaração do governador Ronaldo Caiado (União Brasil) afirmando que não buscaria alianças com o PT, maior partido de esquerda do país. “Aquele vídeo foi uma hostilização a um partido que teve 168 mil votos no primeiro turno. Ficar hostilizando quando você precisa ampliar sua base eleitoral é estupidez política”, afirma Felipe.
Os próximos dias serão decisivos para o movimento, que realizará eventos setoriais para discutir suas reivindicações e avaliar as respostas das candidaturas. Caso Mabel sinalize abertura para dialogar com o movimento e incorporar algumas de suas demandas, a possibilidade de um apoio formal não está descartada. “Não queremos assistir imóveis à ascensão da extrema-direita. Se Fred vencer, todas as mazelas que conhecemos no período bolsonarista virão para cá. Queremos evitar o voto nulo ou a abstenção, que favoreceriam o candidato extremista”, conclui Gilvane Felipe.