Não vamos nos render. Não vamos desistir da luta
Estamos em todos os lares, somos metade da raça humana. Não há como deter todas nós.
Somos a maioria na população brasileira. Em uma das últimas estimativas, éramos quase sete milhões de mulheres a mais que homens no Brasil. Somos também a maioria nas universidades. Em 2015, do total aproximado de seis milhões de matrículas, 3,4 milhões foram de mulheres, contra 2,7 milhões do sexo oposto. Somos as guerreiras que saem de casa pra enfrentar todos os dias o sexismo, a objetivação, a inferiorização e o machismo, pai de todos. São tantos anos sofrendo, que muitas de nós são machistas sem sequer notarem. E não há como ficarmos caladas após os últimos acontecimentos.
Ontem, dia 16 de maio, ao anunciar que Temer enfim nomeava uma mulher, Maria Silva Bastos, para um cargo importante – a Presidência do Banco BNDES – o âncora do jornal da Globo, engrossou o coro de forma indireta, sobre merecimento indistinto de sexo, discurso que boa parte da população vem levantando quando nós, temos questionado a ausência de mulheres no Ministério de Temer.
Ora, diante da realidade, é ultrajante e retrógrado insinuar incapacidade feminina para ocupar qualquer cargo que seja. Afirmações essas que muito se assemelham a muitas falas do filme “As sufragistas”, que conta a história da luta feminina pelo direito ao voto. Na época também não nos achavam capazes para decidirmos sobre governantes. Na época, era vergonhoso para a família ter uma esposa/filha que aderisse a luta. E na época também, o discurso de amenização e conformismo eram pregados a nós. Discurso de que somos adorno, como se beleza e sexo fossem nossas únicas tarefas a serem cumpridas na terra.
Nesse link aqui, temos 10 das muitas mulheres, que estavam aptas a ocupar uma cadeira ministerial. Não termos representatividade é preocupante, revoltante, mas mais revoltante ainda é vermos amigos próximos lidando com isso de forma normal, e até mesmo questionando a importância que estamos dando para esse fato. Como se tivesse sido diferente caso a Dilma tivesse nomeado apenas mulheres em seu ministério.
O mundo é plural e nós maioria, garantimos a vocês, meus amigos, que não há nada no mundo que será capaz de nos deter quando todas nós resolvermos aderir a luta pelo respeito, representatividade e igualdade.
“Estamos em todos os lares, somos metade da raça humana, não há como deter todas nós.”
Estamos vivendo uma época em que mais que nunca, a conscientização dos nossos direitos está em voga. Não vamos mais nos calar para assediadores nas ruas, no trabalho, e tampouco para a inferiorização da nossa inteligência e valor.
Representando a luta que se iniciou no final do século XIX, no filme As Sufragistas foi dita a frase “Nós quebramos janelas, incendiamos coisas, pois a guerra é a única língua que os homens entendem.” Que ela não seja mais precisa, porque se for, estamos aqui armadas até os dentes para quebrarmos as janelas do preconceito e incendiarmos com a fúria e paixão da nossa luta pelo direito do nosso lugar ao sol.