Pare de atropelar pessoas

Nossa geração faz muitas coisas muito bem, mas poucas superam esse dom que desenvolvemos de atropelar pessoas.

Atropelamos pessoas todos os dias com copos de cervejas, de vinho, cigarro, de drogas – lícitas e ilícitas – e seguimos nos achando lindos e descolados por nos entupirmos de remédios para dormir, de cachaça pra esquecer, de beijos para patrolar o que não sabemos lidar.

Considerada um dos mal’s do século, a ansiedade vem fazendo vítimas silenciosamente. Queremos tudo pra ontem, queremos as pessoas pra ontem, e o mais importante e perigoso: queremos a cura das dores pra ontem.

Temos medo de sofrer, medo de sentir, e um pânico danado do tempo que leva para cada coisa se assentar em seu lugar.

Privamos-nos de sentir dor nos enchendo de remédios para dormir e entorpecentes para esquecer. Engolimos pessoas atrás de pessoas. Bebemos “beltrano” na mesa, e passamos por cima da marca de cicrano em nós no beijo de fulano.

Ninguém mais quer sentir, e até aí, tudo bem, porque sentir qualquer coisa mais intensamente, na maioria das vezes, é uma merda mesmo. Mas, não depende da nossa vontade o “sentir”. Ele acontece e ninguém nunca sabe de quem vai gostar, com o quê vai se preocupar, ou o que vai ter pânico por não esquecer.

Mais de 33% da população do mundo sofre de ansiedade, e o Brasil está no topo da lista. Juntinho desse índice está à depressão, uma das doenças que mais afastam pessoas hoje de seus trabalhos e convívios sociais. E ambas estão ali, andando bem lado a lado, em uma sucessão de atitudes muitas vezes parecida.

Beber até cair não fará o problema sumir, beijar 14 na mesma noite não fará você esquecer nada nem ninguém, e tentar pegar na mão do esquecimento com qualquer coisa que não seja o tempo, será sempre uma tarefa em vão.

Sinta. Porque toda dor vem à nossa vida para cumprir um papel. Deixe que suas dores cumpram a missão que vieram realizar em sua vida.

Pare de atropelar. De se atropelar.