Você tem fome de quê?
Existe um único mantimento capaz alimentar o mundo todo.
Existe tanta comida de toda espécie e tanta gente morrendo de fome. Às vezes a vida não faz sentido, isso aprendemos assim que começamos ter noção de que estamos no planeta. Era pra tudo ser mais prático e justo, com todos saciando suas necessidades básicas nesse universo tão rico, mas como bem aprendemos, a lógica nem sempre anda de mãos dadas com a justiça, e por esse mesmo motivo, somos famintos.
Tem gente que tem fome de comida, outros de música boa, outros tantos, de viagens, outros, quase todos, de sexo, e outros, de amor. Na verdade, todas as fomes se resumem nessa última. Fome de amor. Somos famintos, e nessa fome, nos preenchemos de muita coisa que não deveria estar onde está, tudo para ocuparmos o vazio que nos acompanha e move.
Numa sociedade saciada de amor, discriminação não teria vez, todos se ajudariam e se respeitariam, independente de seus defeitos, escolhas e particularidades. Em uma sociedade repleta de amor, saberíamos a sutil diferença entre egoísmo e amor próprio. Mas somos famintos, e nessa fome, “comemos” o que temos pela frente e nos empanturramos de fast-foods de relacionamentos mancuebas, onde cada um procura no outro, o que na verdade, deveria encontrar dentro de si, e sem encontrar, morremos de inanição a cada fim, e recomeçamos com a mesma ânsia, a cada ponto.
Pois bem, para o dia dos namorados, eu desejo que você se demore na própria fotografia e se apaixone loucamente pelo que vê, e a partir disso, encontre alguém tão apaixonado e cheio de amor por si quanto você, e juntos, se saciem de amor a ponto de transbordarem para todos os famintos que estiverem ao redor.
Desejo que você se aceite como é e que aprenda não esperar alguém pronto ou que tem plena certeza do que quer. Que entenda o quão injusto é buscar certeza no outro quando você mesmo não a tem. E afinal de contas, qual outro lugar que ela, a certeza, habita se não na morte? Viver é enfrentar a dúvida do próximo passo dia após dia. Que você seja seu próprio anjo e com isso, desenvolva a compaixão necessária para aprender salvar com o amor, quem ao seu lado precisar.
Desejo que você se permita ouvir quantas músicas melosas quiser, que se permita beijos, novos começos, novos amores. E que redescubra que essa comida linda, leve e livre sempre esteve – e sempre estará – ao alcance das suas mãos.
Tenha coragem. Mate sua fome. Com tudo que tem, com o que tem, e quem tem, mesmo e inclusive, se o seu único patrimônio, for você.
A m e.