ENTENDA

Conheça os tipos de facas e entenda sobre o universo da cutelaria

Apenas na categoria doméstica existem mais de 50 tipos diferentes

Tipos de faca e a arte da cutelaria (Foto divulgação)

Facas são mais do que simples instrumentos de corte – são peças com particularidades e usos específicos para diferentes técnicas. Para os entusiastas da cutelaria, essa é uma arte de fabricação e apreciação que atrai uma vasta comunidade.

No Brasil, a paixão pela cutelaria é tão intensa que inspira diversos eventos especializados. Em Goiânia, por exemplo, nos dias 12, 13 e 14 de junho, a Villa Cavalcare será o epicentro desse fervor durante o Goiânia Knife Show, um evento repleto de exposições, shows, gastronomia e mais.

Segundo Milton Hoffmann, professor do curso de extensão de cutelaria da UnB, as facas são categorizadas em diversas famílias, cada uma com finalidades específicas, formatos e estilos. Ele destaca que apenas na categoria doméstica existem mais de 50 tipos diferentes. Para ajudar o público a entender melhor esse universo, o Mais Goiás preparou uma lista destacando alguns dos tipos mais populares de facas e suas funções distintas. Confira:

FACAS DE COZINHA

As facas de cozinha são essenciais para o preparo de alimentos, cada tipo com uma função específica. Milton Hoffmann, especialista no assunto, destaca quatro dos tipos mais usados na culinária:

Faca do Chef: Versátil, ideal para cortar, picar e fatiar uma ampla variedade de alimentos, desde raízes e tubérculos a folhagens e frutas macias. Essas facas têm cabos leves de resina plástica, que não absorvem umidade ou gordura, e lâminas de aço inoxidável bem polidas para evitar a proliferação de bactérias. Seus tamanhos variam entre 14 e 31 cm.

Faca para Churrasco: Disponíveis em diversos designs, incluindo modelos tradicionais gaúchos e inspirações orientais, como o cutelo chinês. Os cabos são geralmente de madeira estabilizada.

Faca para Desossar: Usada principalmente para carnes, com lâminas estreitas e flexíveis que permitem cortes precisos e firmes.

Faca de Pão: Possui lâmina serrilhada para cortar pães e outras massas assadas com crosta dura. Normalmente, não têm pontas.

Faca para Legumes: Preferida por muitos chefs para cortar legumes e frutas de casca fina e delicada. Têm lâminas curtas e afiadas, ideais para descascar e preparar vegetais com precisão.

COMBATES, SOBREVIVÊNCIA E ARREMESSO

As facas de combate e sobrevivência são conhecidas pela robustez e multifuncionalidade. Milton Hoffmann destaca as principais características dessa categoria:

Facas de Combate: Projetadas para resistência e durabilidade, estas facas possuem cabos anatômicos antiderrapantes que garantem uma pegada firme. Exemplos incluem a faca Karambit, de origem asiática, usada em artes marciais. São ideais para uso em campo e matas devido à sua lâmina robusta e pontiaguda, desenvolvidas originalmente para duelos.

Facas de Sobrevivência: Além do fio liso, muitas possuem fio serrilhado para cortar materiais resistentes como lonas, cordas e galhos. Seus cabos são feitos de materiais rígidos, como madeira usinada ou aço, proporcionando segurança e controle. Alguns modelos incluem compartimentos no cabo para armazenar itens essenciais, como fósforos e linha de pesca, úteis em emergências.

Facas de Arremesso: Estas facas, utilizadas tanto militarmente quanto em esportes, são mais pesadas e têm pontas afiadas, embora geralmente sem fio. Fabricadas em monobloco de aço para balanceamento adequado, são populares na Europa, Estados Unidos e Rússia para práticas esportivas.

CAÇA E PESCA

As facas de caça e pesca possuem designs específicos para suas funções. Milton Hoffmann destaca alguns tipos comuns no Brasil:

Faca de Caça: Com lâmina resistente e afiada, são ideais para cortar ossos, carne e pele de animais abatidos. Além de serem usadas para carnear, também servem como instrumentos de segurança contra ataques de grandes animais.

Faca de Pesca: Essenciais para cortar linhas, preparar iscas e limpar peixes. Incluem canivetes e alicates, usados para abrir ostras e cortar peixes. Os japoneses, grandes consumidores de peixe, utilizam até 15 tipos diferentes de facas para cortes de atum, algumas parecendo espadas.

Faca de Filetar: Com lâmina fina e flexível, é perfeita para remover a pele e os ossos de peixes com precisão. Utilizada tanto nas cozinhas quanto pelos pescadores, sua principal função é separar a pele e os filés da ossada dos peixes.

Faca de Mergulho: Feitas de aço inoxidável, são essenciais para a segurança dos mergulhadores, especialmente em águas escuras com pouca visibilidade, podendo cortar galhos e redes em que os mergulhadores possam ficar presos.

NAVALHAS E CANIVETES

Navalhas e canivetes possuem designs distintos de lâminas dobráveis, ideais para transporte seguro e prático.

Navalhas: Com lâmina articulada semelhante aos canivetes, têm origens históricas que remontam ao século 17, com registros na cultura Viking. Originalmente usadas para barbear, hoje são objetos de coleção, substituídas por barbeadores elétricos e navalhas com lâminas descartáveis. A fabricação de navalhas exige habilidade extraordinária devido ao fio extremamente afiado necessário para cortar com precisão os pelos sem machucar a pele.

Canivetes: Pequenas facas usadas para abrir embalagens e cortar materiais leves, são conhecidos pela praticidade de transporte no bolso. Arqueólogos datam sua origem entre 500-600 anos antes de Cristo, motivada pela conveniência de armazenar a lâmina dentro do cabo, facilitando o transporte e o manuseio.

AGRÍCOLAS

A cutelaria desempenha um papel crucial na agricultura, produzindo ferramentas como foices, machados, facões e enxadas, projetadas para resistir às exigências do trabalho no campo.

Facão: Reconhecido por sua lâmina longa e flexível, geralmente entre 30 e 60 cm, o facão é feito de metal resistente para suportar impactos severos sem danos. Originalmente utilizado em combates, hoje é essencialmente uma ferramenta agrícola. Dependendo da origem étnica e do uso específico, pode ter ou não uma ponta. Os facões amazônicos exemplificam bem essa diversidade, sendo utilizados para coletar Castanha do Pará, espetando-as no chão e depositando-as em cestos presos às costas dos coletores. Ideal tanto para atividades rurais quanto para aventuras na natureza.