Carne Doce lança disco ‘Tônus’ em Goiânia
Depois de passar pelas salas do Sesc Santos, do Centro Cultural São Paulo (CCSP) e…
O álbum foi lançado no último dia 17 nas plataformas de streaming e chegou a figurar em alguns rankings das músicas mais ouvidas do Spotify, especialmente com a sensual canção Amor Distrai (Durin).
Conversamos com o guitarrista Macloys Aquino sobre o novo disco, começando pelo fato de terem optado por fazer o lançamento fora daqui. “Primeiro porque a gente tem uma agenda de circulação que tem muitos mais shows fora de Goiânia do que em Goiânia. É assim desde o lançamento de Princesa”, explica, “em segundo lugar, Goiânia está em 89º lugar no nosso ranking de plays nas plataformas de streaming, então teríamos mais público fora de Goiânia do que aqui”.
Ele explica que a banda é mais popular inclusive em cidades menores do interior de São Paulo e Rio Grande do Sul, por exemplo. “O público daqui é sempre muito bom e muito carinhoso, mas temos público fora. Por exemplo, a gente tocou em Ponta Grossa agora e foi muito bom, tocamos em Londrina, Chapecó, e foi muito bom. Porém a gente não consegue fazer show em Rio Verde, em Anápolis, Jataí, que são cidades grandes, populosas mas que não funcionam pra gente”.
Tônus, o terceiro disco da banda, chamou a atenção de alguns críticos por suas letras sexuais, mas Macloys discorda que o álbum seja mais sexual do que os outros. Para ele, é uma constante. “Ele não é mais ‘safado’ porque essas letras que falam sobre sexualidade e desejos íntimos estão presentes desde o primeiro disco de 2014”, disse, “ali já soltamos uma música, vamos dizer, muito mais ‘indecente’ que qualquer outra do Princesa ou do Tônus. É uma temática sempre presente”.
Ele também falou que Salma Jô, vocalista e principal letrista, sempre se sentiu muito à vontade pra falar de desejo e de intimidade. “Ela sempre fala que a poética dela e a capacidade de fazer metáfora não é tão apurada quanto a capacidade dela de falar coisas pessoas. As letras dela são letras que usam muito a linguagem coloquial, a razão e os sentimentos ao invés da poesia. Ela acha que não é boa de poesia”, disse Mac.
O que ele percebe é que uma das canções do novo álbum, Amor Distrai (Durin) chamou muita atenção logo de cara. “[Ela] se destacou e alcançou mais visualizações e chegou mais rápido pro público e acabou por um momento, talvez até de forma equivocada, definindo o disco como um todo, o que não é real. Essa música não define o disco. Outras também fala sobre sexualidade, mas sob uma outra perspectiva”, declarou.
Mesmo chamando a atenção na mídia, com publicações na Elle, Vice e Rolling Stone, Mac diz que a banda não é mainstream, longe disso, na verdade. “A gente nunca trabalhou com esse foco e a gente sabe que hoje a gente não é mainstream porque a gente observa bastante o nosso mercado. A gente trabalha com um mercado de nicho”, disse.
‘Tem bandas amigas nossas que são parceiras e com quem a gente dialoga e divide palco que têm música na televisão e que alcançam proporções maiores de mídia mas não se tornam mainstream. Porque quando se fala em mainstream a gente imagina música de massa então mesmo as bandas mais bem-sucedidas do mundo independente elas não são exatamente artistas de massa capaz de movimentar milhares de pessoas”, explica, “não dá pra comparar os maiores sucessos independentes hoje, como BaianaSystem ou Céu ou Francisco El Hombre, com Jorge & Mateus, com Anitta e com outros nomes do mainstream. Não existe essa competitividade, são mercados completamente diferentes e a gente sabe que trabalhando como a gente trabalha hoje a gente não vai chegar ali”.
Mesmo assim ele reconhece que a banda tem crescido e que já formou sua audiência. “Somos um sucesso de nicho e temos um público cativo, pessoas que estão dispostas a consumir nossas músicas e ressignificar as letras e comprar nossos produtos e ir aos shows. É um público significativo, do nosso tamanho, mas nada perto de mainstream”.