Centenário Ingmar Bergman: Cine Cultura exibe cinco filmes clássicos gratuitamente
Várias cidades do Brasil e do mundo estão celebrando este mês o centenário do cineasta…
Várias cidades do Brasil e do mundo estão celebrando este mês o centenário do cineasta sueco Ingmar Bergman (1918-2007), nascido no dia 14 de julho. Ao longo de sua carreira, recebeu vários prêmios, incluindo três Oscar de melhor filme estrangeiro, e produziu mais de 40 filmes.
Para celebrar essa carreira brilhante e que mudou a história do cinema, salas em todo o Brasil estão promovendo mostras em celebração ao cineasta. Goiânia entrou nesta lista: entre os dias 21 e 25 de julho o Cine Cultura, na Praça Cívica, exibe gratuitamente cinco filmes de Bergman. Serão três sessões diárias às 16h30, 18h30 e 20h30. Serão exibidos O Sétimo Selo (1956), Morangos Silvestres (1957), Persona (1966), Gritos e Sussurros (1972) e Sonata de Outono (1978).
Em Goiânia, a mostra é realizada com o apoio da Embaixada da Suécia, que cedeu os filmes em blu-ray para o cinema. O responsável pela sala e mestre em cinema pela UFG, Fabrício Cordeiro, disse que estes filmes são alguns dos mais marcantes do cineasta e que seus direitos de exibição foram cedidos pela embaixada.
Infelizmente, os outros filmes possuem direitos autorais ligados à distribuidoras privadas. “Eu queria o máximo possível, eu queria passar todos os filmes do Bergman, mas era só o que eles poderiam ceder”, explica Cordeiro, “se eles tivessem oito eu traria oito, se tivessem 20 eu traria 20”.
Quem for assistir, porém, não irá se decepcionar, garante Fabrício, pois mesmo quem não conhece a obra do autor poderá conferir suas obras mais marcantes: “estes com certeza estão entre os mais reconhecidos. Vai ser gratuito de acordo até com a própria embaixada. Eles preferiam que fosse gratuito também”.
A mostra em parte é resultado do interesse de Cordeiro que disse ter iniciado um contato com a embaixada já no ano passado para saber da viabilidade da exibição e descobriu que eles mesmos estavam muito interessados em promover as comemorações. “Tivemos contato desde então depois eles ligaram avisando que tinham possíveis datas para Goiânia. Eles queriam o maior número de cidades possível”, conta Fabrício.
Nos filmes que serão exibidos a audiência encontrará grandes questões da humanidade, como a razão da existência e a ausência de Deus. “Bergman talvez tenha sido o cineasta que ficou mais conhecido por conseguir filmar uma angústia humana”, comenta Fabrício, “a maneira como ele filmava o rosto das pessoas, em superclose, por um tempo muito longo enquanto os atores falavam. Ele encontrou uma maneira de filmar essa inquietação da mente humana. Um marco disso é naturalmente Persona e também Gritos e Sussurros”.
Fabrício chama O Sétimo Selo de seu “primeiro clássico” devido à presença forte destes temas. “É bem marcante por isso, há um questionamento muito grande sobre Deus, o conceito da existência humana”. Além de cineasta, Bergman era reconhecido como dramaturgo e por sua marcante relação com seus atores.
“Ele era um grande diretor de atores. Vinha do teatro, era muito apaixonado por teatro, os filmes dele sempre tem uma certa teatralidade. Você vai ver grupos circenses, o espetáculo teatral, isso vai estar presente em muitos filmes dele que são muito centralizados nas atuações”, explica, “depois as atuações ficam mais pesadas conforme ele tem mais esse desejo de filmar essa dor, essa angústia: como você filma um pensamento? Algo que não tem materialidade, que são nossas principais preocupações, e a carreira dele foi por essa direção”.
Mas destes cinco clássicos, qual seria o melhor filme? “Eu diria o Persona”, recomenda Fabrício, “ele é o filme máximo do que definiu o cinema dele. É um filme sobre a relação entre as pessoas, sobre o rosto. É o ápice desse cinema dele”.
Programação gratuita:
21/07
– 16h30: SONATA DE OUTONO
– 18h30: MORANGOS SILVESTRES
– 20h30: O SÉTIMO SELO
22/07
– 16h30: O SÉTIMO SELO
– 18h30: PERSONA
– 20h30: GRITOS E SUSSURROS
23/07
– 16h30: GRITOS E SUSSURROS
– 18h30: SONATA DE OUTONO
– 20h30: PERSONA
24/07
– 16h30: PERSONA
– 18h30: O SÉTIMO SELO
– 20h30: MORANGOS SILVESTRES
25/07
– 16h30: MORANGOS SILVESTRES
– 18h30: GRITOS E SUSSURROS
– 20h30: SONATA DE OUTONO
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SINOPSES:
1) O SÉTIMO SELO (1957, 96 min, 12 anos)
De volta das Cruzadas, o cavaleiro Antonius (Max Von Sydow) tem dúvidas sobre a existência de Deus. Ao seu redor, encontra apenas sofrimento e destruição. A inquisição e a peste negra devastam sua terra. Em suas andanças, Antonius encontra a Morte, que o desafia para uma partida de xadrez.
2) MORANGOS SILVESTRES (1957, 91 min, 10 anos)
No caminho da Universidade de Lund, onde receberá um prêmio pelos 50 anos de carreira, o professor de medicina Isak Borg (Victor Sjöstrom) relembra os principais momentos de sua vida, temendo a morte que se aproxima. Acompanhado de sua nora Marianne (Ingrid Thulin) ele evoca memórias de sua família e de sua ex-namorada. Quanto mais Borg recorda as decepções e desilusões que viveu, mais se sente frio e cheio de culpa – sentimentos que se afloram quando ele encontra seu filho.
3) PERSONA (1966, 85 min, 14 anos)
Uma atriz teatral de sucesso, Elisabeth Vogler (Liv Ullmann), sofre uma crise emocional e emudece. Após 3 meses sem se recuperar, sua psiquiatra decide que ela deva ser mandada para uma isolada casa de praia, sob os cuidados da enfermeira Alma (Bibi Andersson), que a admira e tenta compreender a razão de seu silêncio. Isoladas, as duas mulheres desenvolvem uma relação de forte intensidade emocional. Persona tem atuações viscerais de Bibi Andersson e Liv Ullman.
4) GRITOS E SUSSURROS (1972, 91 min, 16 anos)
Numa casa de campo, no final do século 19, Karin (Ingrid Thulin) e Maria (Liv Ulman) cuidam de sua irmã Agnes (Harriet Andersson), que está morrendo de câncer. Neste ambiente claustrofóbico as vidas das três irmãs são contadas em flashback, revelando seus dramas, mentiras, traições, ressentimentos e paixões. Agnes procura conforto junto à Anna (Kari Sylwan), uma empregada que já perdeu um filho e lida melhor com o sofrimento.
5) SONATA DE OUTONO (1978, 93 min, 14 anos)
Uma pianista visita a filha, no interior da Noruega. Enquanto a mãe é um artista de renome internacional, a filha é tímida e deprimida. Esse encontro tenso, marcado por lembranças do passado, revela uma relação repleta de rancor, ressentimentos e cobranças. Ao som de Chopin, Bach Haendel e Schumann, Bergman tece uma amarga reflexão sobre as relações familiares.