Centro Cultural UFG recebe exposição Na Angola Tem
Mostra retrata a religiosidade, a cultura e a memória africana em Minas Gerais
Começa na terça-feira (6), às 19h30, na Galeria do Centro Cultural UFG (CCUFG) a exposição Na Angola tem: Memórias e Cantos do Moçambique do Tonho Pretinho. A ação é resultado de um trabalho de convivência com as pessoas que participam da festa do Congado no município de Itapecerica, em Minas Gerais.
Na mostra, o público poderá prestigiar fotografias feitas por Marcelo Feijó, além de um documentário produzido pela Bastião e assinado pelos pesquisadores Talita Viana e Sebastião Rios. Ainda, haverá lançamento de um livro com o mesmo nome da exposição, que aborda em detalhes de texto, som e imagem o que é o Moçambique do Totonho Pretinho, qual sua importância e como ele revela a memória, a cultura e a religiosidade do povo preto.
“O Moçambique tem participação central no Congado, festa religiosa brasileira de origem africana banto que celebra os antepassados, as forças da natureza, divindades afro-brasileiras e santos católicos de devoção negra”, afirma Sebastião Rios, professor da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás (FCS/UFG).
Na Angola Tem é resultado de uma parceria entre a UFG e a Universidade de Brasilia (UnB), por meio do grupo de pesquisa “Música, Sociedade e Performances”. O que estará exposto no CCUFG é parte de um projeto do grupo intitulado “Memórias e cantos do Moçambique do Tonho Pretinho”, contemplado por uma chamada latino-americana de salvaguarda do patrimônio imaterial encabeçada pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) e pelo Centro Regional para a Salvaguarda do Patrimônio Imaterial da América Latina − CRESPIAL/UNESCO.
O Moçambique no Congado
Nas cerimônias de coroação de reis congos realizadas durante as festas de Nossa Senhora do Rosário, os tambores e as danças invocam de um modo africano os santos católicos e conferem a seu culto significações novas. Os principais santos homenageados são Nossa Senhora do Rosário, São Benedito, Santa Efigênia e Nossa Senhora das Mercês, que têm sua corte composta por rei e rainha congos, perpétuos, e rei e rainha eletivos, tradicionalmente de promessa.
Os ternos moçambique, catopé, vilão, congo, marinheiro etc. “trabalham” para os santos, tocando, cantando e dançando na rua e nas casas. Durante sua evolução, o capitão canta os versos e os demais componentes respondem em coro. Os capitães vão tirando os versos para as várias funções − visita aos festeiros, busca dos mordomos para o levantamento dos mastros, acompanhamento de reis e rainhas, cortejo da princesa Isabel, que também passa a ser homenageada em algumas localidades nas comemorações da abolição.
Por ser a guarda preferida de Nossa Senhora do Rosário − aquela que retirou Nossa Senhora do mar, num episódio fundador que caracteriza a identificação da santa com a humildade e o sofrimento dos escravos −, o Moçambique é o principal responsável pela preservação dos mistérios e da sacralidade do Congado. Por isso, tem primazia nos cortejos.
Exposição: Na Angola Tem: Memórias e Cantos do Moçambique do Tonho Pretinho
Local: Centro Cultural UFG – Av. Universitária, n° 1533, Setor Universitário – Goiânia (GO).
Data: de 6/2 a 16/3
Abertura: 6/2, às 19h30
Visitação: gratuita, de segunda a sexta-feira, das 9h às 12h e de 14h às 18h.