Dia Internacional do Livro Infantil: escritora e ilustradora goiana fala sobre novo trabalho
Em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, Marina fala sobre sua trajetória e atuação no universo da literatura
Marina Rocha Gontijo da Mata está trabalhando em seu primeiro livro infantil, 100% ilustrado e escrito por ela, intitulado “A princesa Cecília e a fera indomável”. No Dia Internacional do Livro Infantil, o Mais Goiás conversou com a escritora e ilustradora goiana de 28 anos, que atua em múltiplas funções, sendo também artista visual, tatuadora e arte-educadora.
Formada em arquitetura e urbanismo, Marina conta que já realizou inúmeras ilustrações para livros infantis de outros autores, como “Histórias da Ajudaris” (2020), “A galinha Popcorn” (2021), “Cores” (2022), “Devaneios pandêmicos” (2022), “Os bolos e os bebês” (2024), “A fantástica viagem de Tio Ticcio e Fígaro pela Máquina Humana” (2023) e “Igualdade de gênero e o brincar na educação infantil – um guia para a comunidade escolar”. Agora, em 2024, a ilustradora se prepara para lançar o seu próprio livro também como escritora, um trabalho que será publicado pela Editora Mondru.
De acordo com Marina, o livro “A princesa Cecília e a fera indomável” conta a história de uma garotinha da cidade de Goiás, que um dia se depara com uma lagartixa incomum em seu quarto. “A história aborda de forma lúdica e leve a compreensão sobre doenças mentais (especialmente a ansiedade e os medos), invisíveis aos olhos dos outros, mas capazes de nos fazer sentir esmagados por uma força que parece ser maior do que nós, ou, nesse caso, do tamanho de um dragão. Essa compreensão parte não só de dentro de nós mesmos, mas também das pessoas à nossa volta. Apresentar e debater o que sentimos é um exercício fundamental desde a infância, algo que os livros infantis fazem sempre de forma bela e simples, conectando adultos e crianças”, revela.
A autora conta ao Mais Goiás que também já possui outros dois trabalhos em fase de concepção: “Ouriçados”, que conta a história de uma banda espacial muito azarada e “Carlo, a meia” que desvenda a dúvida de onde vão parar as meias que desaparecem na máquina de lavar.
O interesse pelos livros infantis
Marina Rocha Gontijo da Mata já era apaixonada pelas ilustrações dos livros infantis desde a sua infância. Segundo ela, desde pequena, já sonhava em poder trabalhar com algo relacionado, mas não sabia como isso seria possível. “Em 2020, fiz alguns cursos de ilustração para livros infantis no Instituto Tecnológico de Goiás em Artes Basileu França, onde percebi a possibilidade real de trabalhar na área e descobri que o universo do livro infantil reunia vários dos meus interesses, como design, ilustração, escrita e imaginação. Ainda no mesmo ano, tive a oportunidade de ilustrar um livro infantil para a autora independente Etienne Cordeiro, ‘A galinha Popcorn’, e pude mergulhar na prática nessa área que sempre me encantou”, relata.
A importância do livro na vida das crianças
A escritora se inspira na ilustradora Květa Pacovská, que afirma que o livro ilustrado é a primeira galeria de arte que uma criança visita. “Eu concordo muito com o que ela disse. O livro é o primeiro contato da criança com a arte e também com as palavras e, além disso, é um meio para introduzir temas da vida em casa e em sala de aula. Ele faz rir, faz chorar e ensina a lidar com essas emoções. Ele possibilita imaginar e viajar sem sair de casa. Ele ensina, diverte, acolhe e estimula a criança”, acredita.
Marina acredita que a leitura na infância auxilia na apresentação e no conhecimento do mundo, de si mesmo e dos outros, podendo impactar e mudar a vida da criança. “Por exemplo, quando era criança, li o livro ‘A bolsa amarela’, da escritora Lygia Bojunga, e me lembro até hoje de como ele me impactou, de como me ensinou a lidar com meus medos e de como ele faz parte de quem sou hoje”, observa.
Dia Internacional do Livro Infantil: hábito de leitura
Questionada pelo Mais Goiás sobre como influenciar uma criança a ter o hábito de leitura, Marina diz que as crianças aprendem com exemplos. “Então, para que tenham interesse pela leitura, elas precisam ver seus pais interessados por livros também. Desde cedo, faça do momento da leitura uma atividade em família, leia para seus filhos e pergunte a opinião deles sobre os livros de que gostam. Para incentivar a leitura, é preciso também incentivar os demais interesses da criança: se ela se interessa por circo, carros ou abelhas, forneça a ela livros sobre isso”, pontua.
A escritora finaliza com uma importante reflexão voltada aos pais e responsáveis das crianças: “A leitura precisa ser prazerosa e não mais uma obrigação. Livros interativos e com atividades também são uma boa pedida”.