Dia Nacional do Livro Infantil: autoras falam sobre a experiência de escrever para crianças
Em entrevista exclusiva ao Mais Goiás, escritoras contam como tiveram interesse pelo gênero literário
Comemorado no dia 18 de abril, o Dia Nacional do Livro Infantil é uma data importante para os brasileiros, já que marca o nascimento de Monteiro Lobato, um dos maiores escritores do gênero no Brasil, memorável pelo clássico “Sítio do Pica-pau Amarelo”.
Assim como em todo o país, Goiás também abriga grandes escritores do gênero e no Dia Nacional do Livro Infantil, o Mais Goiás falou com duas delas: Micheline Lage e Denise Fleury.
Micheline Lage, escritora do livro “O mundo novo da Luluca”
A escritora Micheline Lage, criadora da obra “O mundo novo da Luluca” (2020), conta que seu interesse pelo desenvolvimento do livro infantil surgiu quando estava envolvida na avaliação de outras obras que pertenciam ao Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE) nos anos de 2007 e 2008. “Juntamente com especialistas da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e professoras da área de letras altamente qualificadas, tive acesso a muitas obras de literatura infantil na qualidade de crítica literária”, conta.
Micheline é doutora em Educação pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), poeta e professora de Língua Portuguesa e Literatura no IFG-Goiânia. Ela informa que o ponto alto de seu interesse aconteceu durante a convivência com sua filha. “Minha filha ainda estava pequena, com sete anos de idade, e ficava interagindo comigo, fazendo-me perguntas extremamente filosóficas sobre a vida. Foi inspirada nela que o livro surgiu. A experiência com a linguagem e a estética literária nesse trabalho do PNBE me deu forças e, de certa forma, me qualificou para escrever para o público infantil”, revela.
O livro “O mundo novo da Luluca” foi ilustrado por Maira Chiodi e traz a história de uma garotinha que gosta de filosofar e pensar sobre a vida. “Ela tem ideias revolucionárias para grandes problemas do planeta Terra. Sonhadora, quer um mundo melhor para todos. No final da obra, Luluca deixa um convite para as crianças – o que elas também podem fazer para a construção de um mundo melhor?”, comenta a autora.
Micheline comenta que se sente extremamente gratificada e honrada por fazer parte da vida e dos sonhos das crianças por meio da literatura. “É uma alegria para mim ver que meu livro fez uma nova criança sonhar, escrever outras histórias a partir dele, imaginando um mundo melhor, como a personagem Luluca”.
Denise Fleury, escritora do livro “Quem conhece os gatos do vovô?”
Denise Fleury, escritora do livro “Quem conhece os gatos do vovô?” (2022), contou ao Mais Goiás que começou a ter o desejo de escrever um livro e, nesse tempo, foi inspirada por uma história que ouviu sobre a adoção de animais, abandono e a solidão que muitas vezes acompanha a velhice. “A história que escutei foi de uma pessoa idosa que havia adotado vários gatos”, informa.
A obra da autora goiana, que também atua como psicanalista, foi ilustrada por Lilian Goulart e traz um enredo sobre a solidão de um vovô, que decide adotar nove gatos. Cada gato é singular e especial, e todos passam a conviver no mesmo apartamento do vovô.
Questionada pelo Mais Goiás sobre como é a experiência de participar da vida das crianças por meio de seu livro, Denise revela que se sente uma pessoa de muita sorte. “Percebo que o livro, forma e conteúdo, conectam com as crianças e jovens também. Um tempo atrás fui convidada a me encontrar com estudantes do sexto e sétimo ano e achei que talvez o livro não fosse ter o mesmo efeito com as crianças pequenas. Para minha surpresa, foi muito interessante. Fizeram uma exposição com produções próprias a partir da inspiração do livro e as participações desses jovens me mostraram que a história não tem idade”, pontua.
A escritora informou que recebe muitos relatos de familiares das crianças sobre as pontes que o livro constrói e se diz muito feliz pelo fato.
A influência dos livros na vida das crianças
No Dia Nacional do Livro Infantil, é importante destacar a influência dos livros na vida das crianças. Na opinião das autoras entrevistadas, as obras infantis são capazes de iniciar o hábito de leitura e criar um futuro leitor na fase adulta.
Para Denise Fleury, a leitura deve começar logo na infância, mas os adultos são os responsáveis pelo incentivo. “O interesse pela leitura passa primeiramente pelos adultos. O livro e/ou a história chegam até a criança pelos adultos e isso é muito importante de destacar, pois é pela oralidade, mediação, contação que a criança vai sendo inserida na linguagem, na cultura. A leitura é tão importante quanto o ‘leite materno’, ambos nutrem o bebê”, acredita.
Na opinião de Micheline Lage, o gosto pela leitura começa antes mesmo do nascimento de uma criança, inclusive, segundo ela, existem projetos de contação de histórias para os bebês ainda estão na barriga da mãe. “Também existem editoras especializadas em literatura direcionada à primeira infância. Depois, por volta dos seis anos, a criança é alfabetizada e muitas obras devem ser ofertadas a ela. O mercado brasileiro é riquíssimo. Temos excelentes autores, muito premiados e reconhecidos pela excelência do trabalho que fazem no campo da literatura infantil. Esse gosto pela literatura, se estimulado bem cedo, acompanhará o sujeito por toda a vida, inclusive facilitando o trabalho das escolas, pois a formação do leitor de literatura não deve estar sob a responsabilidade apenas das instituições formais de ensino”, acredita.
“Quem conhece os gatos do vovô?” e “O mundo novo da Luluca”
Os interessados em conhecer os livros infantis de Denise e Micheline podem acessar o site da editora goiana independente Nega Lilu. Ambas também realizam a comercialização direta, por meio do Instagran: @michelinelage e @denisefleurycurado.