Mês da mulher: dicas de leitura para refletir sobre a trajetória feminina
A professora Mirella Braga preparou dicas de leitura para quem deseja aprender sobre as lutas femininas, aproveitando o mês das mulheres
Março é considerado o mês da mulher e traz a oportunidade para refletirmos ainda mais sobre várias questões. Celebrado oficialmente no último dia 08 de março (segunda-feira), a data abre espaço para a reflexão acerca das lutas históricas femininas, lembrando também que ainda temos muito a conquistar. Aproveitando o momento, trazemos aqui algumas dicas de leitura para quem procura maior esclarecimento sobre o tema.
O Dia Internacional da Mulher vem sendo sempre celebrado de alguma forma no mês de março, desde 1911. Apesar disso, o dia 08 foi oficialmente comemorado pelas Nações Unidas apenas em 1975, fazendo com que a data fosse reconhecida pela ONU dois anos depois.
A data simboliza a luta feminina por meio de greves, manifestações, comitês e várias formas de expressão adotadas ao longo de toda a história, sempre motivadas pela conquista de direitos, sobretudo, trabalhistas. Mas além disso, lutando pela igualdade de gênero e contra a discriminação.
Para refletir sobre tudo o que conquistamos e sobre o que ainda é preciso lutar, a professora Mirella Braga, que atua nos cursos de Direito e Serviço Social do Centro Universitários de João Pessoa (UNIPÊ), selecionou algumas dicas de leitura, com histórias de mulheres de diferentes universos, com estilos e gêneros textuais diversos.
“Ao longo dos anos, o meio literário tem revelado inúmeras autoras no Brasil e no mundo. Para incrementar a lista de obras para ler e conhecer não só neste mês de março, mas no ano inteiro, selecionei três obras de diferentes autoras já consagradas, que contam histórias grandiosas e com aprendizados valiosos, que valem ser apreciados“, explica a professora.
Confira abaixo as dicas de leitura:
“Quarto do despejo”, de Carolina de Jesus
“Carolina de Jesus nos ajuda a ser uma mulher de olhar coletivo, da luta social!”.
O primeiro livro entre as dicas de leitura (Quarto de despejo) é de uma mineira forte, Carolina Maria de Jesus. Traz, segundo Mirella, narrativas fortes sobre expressões da questão social brasileira, falando da fome, da negação do direito à cidade, da ausência de condições sanitárias nas favelas brasileiras, da violência desenfreada, de corpos frágeis e da invisibilidade que atinge muitos brasileiros e muitas brasileiras.
“Carolina nos apresenta um Brasil de ontem e de hoje, que não aprendeu a tratar seus filhos e suas filhas com cidadania e equidade. É uma bela etnografia com escritos importantes para fazer com que a nossa sociedade preste atenção em problemas e para que possamos cobrar dos gestores públicos soluções nas transformações dos conflitos sociais existentes em nosso país”, discorre a docente.
“Para educar crianças feministas”, de Chimamanda Ngozi Adichie
“Chimamanda Adichie nos ajuda a ser uma mulher multifacetada!”.
O segundo livro entre as dicas de leitura (Para educar crianças feministas) é da nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, que fala sobre o poder feminino por meio da herança de uma educação doméstica empoderada e libertária.
A professora conta que Adichie apresenta a quebra de estereótipos impostos pelo senso comum e que por vezes recaem no exercício do poder patriarcal diluído nas sociedades sobre as mulheres.
“É a partir do rompimento com esses padrões autoritários que a autora apresenta o que é preciso ser feito para que meninas possam escolher e decidir sobre suas vidas e para que os meninos cresçam livres de todos os tipos de masculinidades tóxicas, sendo consequentemente não opressores. Por fim, Adichie nos fala do amor coletivo, da fala sem medo e da sororidade que aguça conquistas não apenas para nós mulheres, mas para toda sociedade”, diz Mirella.
“Uma autobiografia”, de Angela Davis
“Angela Davis nos ajuda a compreender o ativismo político, a ser uma mulher da política do coletivo, da diversidade, da construção do feminino no olhar plural”.
O terceiro entre as dicas de leitura (Uma autobiografia) é da filósofa norte-americana Angela Davis. A obra narra a trajetória de Davis, da infância e da inserção no ativismo político à carreira como professora universitária.
O livro detalha os altos e baixos de sua vida, caracterizando com a sua memória a participação da autora enquanto ativista na década de 1970 junto ao movimento negro norte-americano – Black Power –, bem como o movimento dos Panteras Negras – os Black Panthers –, que a colocaria como grande representante do movimento negro e feminista, mas que a “enquadrava” como subversiva, sendo uma das dez pessoas mais procuradas pelo FBI.
“Encarcerada, denunciava as condições do sistema prisional, ao tempo em que fundamentava sua defesa, considerada como uma das mais importantes do sistema norte-americano. É inocentada. Os fatos a levaram a ter como bandeira de luta a campanha abolicionista contra o encarceramento em massa da população negra nos Estados Unidos e o fim da opressão feminina”, finaliza a professora Mirella.
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