Mostra “No escuro, eu grito” reúne trabalhos sobre corpo marginalizado
Exposição do artista Chico Silva, na Galeria Antônio Sibasolly, pode ser vista até esta sexta-feira, 5 de novembro
Uma exposição com 19 trabalhos do artista Chico Silva, podem ser vistas até a próxima sexta (5) na Galeria Antônio Sibasolly, em Anápolis. O pintor que veio do Maranhão e reside em Anápolis há mais de 31 anos, utiliza folhas de caderno usadas pelos filhos na escola, pedaços de papelão, embalagem de cimento para dar vida a mostra “No escuro, eu grito”.
“As ideias podem sumir, então, pinto ou desenho assim que as imagens aparecem. Pode ser até na parede”, conta o artista. Segundo o curador Paulo Henrique Silva, a tarefa mais complexa que encontrou foi justamente a de selecionar os trabalhos do pintor, em meio aos mais de 400 desenhos e pinturas que lhe foram apresentados por Chico Silva.
“Eu tinha conhecimento de que ele produzia compulsivamente, mas impressionou-me a quantidade quando fui à sua casa para escolher o que deveria compor a exposição”, pontua.
Segundo Paulo Henrique, a mostra de Chico simultânea às de Clarice Gonçalves e Estevão Parreiras, selecionados no edital do Programa de exposições da Galeria para este ano, se deve ao fato de que, para completar seu projeto curatorial, queria um anapolino cujos trabalhos pudessem dialogar com os dos outros dois artistas.
“Com Estevão o diálogo se dá no uso do suporte utilizado – o papel – e com Clarice a aproximação acontece na representação do corpo marginalizado, no caso dela, o da mulher; no dele, o de homens e mulheres pretas”, destaca o curador.
O título da exposição, explica Paulo Henrique, é uma alusão à própria trajetória pessoal de Chico. Embora tenha crescido sem saber o que era arte, no sentido formal, e tenha vivido e ainda viva sem condições financeiras de acesso a bens que facilitariam sua produção, o artista jamais se deixou silenciar. Nem quando apanhava da mãe para parar de desenhar e nem agora quando lhe falta dinheiro para comprar bons papéis, tintas e pincéis.
“As adversidades não o impedem de expressar o que sente, de dar voz a tantos que também vivem à margem. Daí a força política e social que emana da produção do Chico”, destaca. O horário de funcionamento da mostra é de segunda a sexta, das 8h às 18h, com intervalo das 12h às 14h, a entrada é gratuita e é obrigatório o uso de máscara.