Comédia baseada em Molière estreia em Anápolis nesta sexta-feira (28)
'Dramas de um doente imaginário' conta a história do carente e hipocondríaco Argan, que para minimizar seus custos mensais, pretende casar sua filha com um médico
Dia 28 de setembro, 6ª feira, 20h, no Teatro Municipal de Anápolis, tem início uma temporada de 4 apresentações teatrais gratuitas na cidade de Anápolis/GO, promovida pela Cia de Teatro Drama da Noite, com incentivo do Fundo Municipal de Cultura de Anápolis e apoio da Oficina Cultural Geppetto, Cia de Teatro Nu Escuro e Escola de Teatro de Anápolis. O espetáculo inédito tem a direção de Izabela Nascente e é baseado na obra “O doente imaginário” de Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière.
Da cidade de Anápolis, onde está instalado um dos principais polos nacionais da indústria farmacêutica, uma trupe de atores e uma professora-diretora decidem falar sobre hipocondria e a comercialização da saúde, por meio de um clássico, que já em sua época se ocupava de tecer críticas à uma sociedade de consumo, fetichista, baseada nas relações econômicas e de poder.
Humor e crítica revelam relações do homem com a medicina moderna
Na nova montagem goiana, o texto do autor parisiense do século XVII serve apenas como amálgama para um debate muito mais atual, que é a busca desenfreada do homem/mulher contemporâneo/a por por remédios que curem ou aliviem sintomas da alma. Sobre isto, a atriz Nayane Ataídes, que compõe o elenco da peça, e que também é psicóloga, explica: “A peça fala sobre a patologização da sociedade, que adquiriu a mania de sempre ir em busca da aquisição de algum remédio para curar ou aliviar algum sintoma indesejável. Além disto, a criação do grupo discorre sobre a forma midiática com que médicos e indústrias farmacêuticas falam de seus produtos e tratamentos, impondo um discurso social de que sempre precisamos corrigir ou curar aquilo que não está de acordo com o padrão estabelecido”.
Segundo a diretora Izabela Nascente, “A peça traz, com humor e crítica, os costumes sociais que fizeram parte de uma sociedade diferente da atual, mas que refletem várias questões que ainda compactuamos consciente ou inconscientemente. Como no caso do machismo da época, que ainda existe entre nós e que nos coloca frente a relações de opressão e controle do feminino, que posicionam e capturam a figura da mulher como alguém submissa, inferior e sempre refém das ordens de um homem.”
A inspiração da diretora Izabela Nascente nasceu de seu próprio cotidiano. Ela aponta que desde criança acompanha o agravamento do quadro de saúde de sua mãe, que hoje é doente renal crônica. Sobre isto ela reflete: “Sei o quanto o atendimento feito por um médico/a ou enfermeiro/a despreparado/a por vezes é mais nocivo ao paciente do que a própria doença. Além disto, percebo o quanto as pessoas adoecem por fatores emocionais, como no caso dos sintomas mais comuns dos transtornos psicológicos, como a bipolaridade e a depressão. Doenças que adquirem uma série de complicações que vão tomando força, chegando a matar estes enfermos.”
Duas décadas de teatro e um novo grupo
Izabela Nascente é integrante da Cia de teatro Nu Escuro, uma companhia goiana que tem 22 anos de estrada. Ela também é professora da Escola de Teatro de Anápolis, onde conheceu o elenco de “Dramas de um doente imaginário”. Dando aulas, a atriz e bonequeira, bacharel em teatro pela Universidade Federal de Goiás, colaborou para formação do grupo “Drama da Noite”. Essa história ela conta assim: “Durante a realização da minha pesquisa de mestrado, analisei o trabalho de criação de espetáculos da Cia de teatro Nu escuro. Foi então que percebi que tínhamos uma forma muito própria de fazer nossos espetáculos. Com esta curiosidade desperta, me interessei em testar nosso método teatral em um grupo de pessoas diferentes. Foi na escola que essa oportunidade aconteceu, com uma turma de novos atores que estavam se formando na Escola de Teatro de Anápolis, e deste encontro o grupo embarcou na ideia de escrever um projeto para o Fundo Municipal de Cultura da mesma cidade, o projeto foi aprovado e o grupo partiu para a montagem.”
SINOPSE
O espetáculo teatral Dramas de um doente imaginário é uma livre adaptação do texto O doente Imaginário de Jean-Baptiste Poquelin, mais conhecido como Molière. Conta a história do carente e hipocondríaco Argan que arranja um casamento para sua filha (Angélica) com um médico, a fim de diminuir seus gastos mensais que são utilizados com remédios e tratamentos medicinais. Sabendo que ter um genro formado em medicina seria útil para isso, a trama se passa através de uma sátira social, tendo uma empregada (Nieta) que se preocupa em mostrar para Argan o quanto ele não está doente e o quanto a sua esposa (Belinha) se preocupa apenas em roubar seu dinheiro. A peça faz uma crítica sobre os costumes sociais e a necessidade de medicação constante, sendo esta uma forma de influenciar as pessoas a recorrer aos remédios para sanar qualquer aflição na vida.
SERVIÇO
Cia de Teatro “Drama da Noite” estreia: DRAMAS DE UM DOENTE IMAGINÁRIO
28/09 (6ª feira) – Teatro Municipal de Anápolis – 20h
Av. Brasil, nº 200, Centro – Anápolis-GO
29/09 (sábado) – Escola de Circo de Anápolis – 18h30
Centro Cultural Washingtno Ribeiro Gomes
Rua Argentina, esq. c/ rua 5, Bairro Boa Vista. Anápolis-GO
03/10 (4ª feira) – Teatro IFG – Campus Anápolis – 18h
Av. Pedro Ludovico, s/n, Residencial Reny Cury. Anápolis-GO
05/10 (6ª feira) – CEU Jardim Alvorada – 18h
Praça Valdemar Jorge Naben, Jardim Alvorada,
Indicação Etária: 10 anos
ENTRADA FRANCA