Cinema

‘Vermelha’, longa goiano premiado em Tiradentes, é exibido gratuitamente em Goiânia

O longa-metragem de ficção produzido em Goiás, Vermelha, foi o grande premiado da 22ª Mostra…

O longa-metragem de ficção produzido em Goiás, Vermelha, foi o grande premiado da 22ª Mostra de Tiradentes. Aclamado pela crítica nacional, o filme será exibido pela primeira vez em Goiânia, durante a Mostra O Amor A Morte e As Paixões. A sessão será no próximo sábado, dia 23 de fevereiro, às 19 horas, no Banana Shopping. A entrada é gratuita.

O prêmio de Tiradentes foi resultado de escolha do júri da crítica na Mostra Aurora, a principal do Festival. Essa é a primeira vez que uma produção de Goiás é contemplada em 22 anos de história do evento, um dos maiores do Brasil, considerado uma espécie de “vitrine”. Este é o primeiro longa-metragem da carreira do diretor Getúlio Ribeiro, goiano de 27 anos, que dirigiu também seis curta-metragens, vários deles premiados. Já foram mais de 30 críticas e matérias de veículos nacionais, e até mesmo internacionais, publicadas sobre o longa.

“A entrada é gratuita pra facilitar esse primeiro acesso ao filme: a vizinhos, a familiares e a várias outras pessoas envolvidas no filme”, explica o diretor. A gravação foi feita, em grande parte, no Setor Sudoeste, em Goiânia. O elenco são amigos e a família de Getúlio. O jovem diretor ainda diz que o sentimento de exibir Vermelha pela primeira vez na capital é o mesmo “de jogar em casa”, em uma analogia ao futebol.

SOBRE o filme

Com narrativas paralelas, Vermelha mostra um dia de trabalho e do cotidiano de diferentes personagens. O pai, Gaúcho, reforma o telhado da casa com o amigo Beto, o cobrador Jonas bate no portão para cobrar dívidas. Paralelamente, dois homens vão até uma fazenda para desenterrar um raiz de uma árvore, que depois será enterrada novamente no quintal da família. As figuras femininas do filme são a mãe e a irmã de Getúlio: Diva e Débora.

O filme recebe o nome da cachorra da família e traz uma narrativa não-linear, com cobradores, fantasmas e brigas corporais. Gaúcho e Beto têm diálogos que remetem ao Brasil central, com temas sobre fazendas, telhados e brigas que alternam entre a violência e o humor.

A história e o estilo de narrativa geraram confusão e divertimento entre os espectadores em Minas Gerais, que diversas vezes interpelaram a equipe, ao longo da Mostra, para parabenizar e buscar respostas. Contudo, elas talvez não existam e tudo faça parte de uma espécie de aleatoriedade que permeia a produção.

“Não é uma espécie de interrogatório que tem que se implantar ali para transcender essa matéria. Não é pela investigação direta, fazendo interrogatório, tipo num documentário mais tradicional. É justamente pela superficialidade de parar e olhar alguns minutos, observar alguns gestos de malandragem”, explicou o diretor ao portal Cine Festivais, um dos mais especializados em entrevistas com cineastas brasileiros.

VERMELHA é destaque

Desde a estreia e a premiação já foram mais de trinta textos divulgados pelas imprensas local e nacional sobre Vermelha. O jornal Folha de S. Paulo afirmou que “é um dos produtos cinematográficos mais originais que o cinema brasileiro (mundial?) já viu em anos”.

O crítico Francisco Carbone, do blog Cineplayers, escreveu que “Getúlio acaba por fim criando não apenas um conjunto de possibilidades inúmeras de reinvenção e subversão narrativa – e acaba por realizá-las, destroçando as certezas a cada nova passagem – mas também compondo planos dos mais inspirados para cenas que nascem inesquecíveis”.

No site Papo de Cinema, Robledo Milani destaca que o humor de algumas cenas é inerente à sinergia do filme. E, ainda, que a identificação dos personagens como pessoas comuns é um dos maiores méritos de Vermelha.

“Seja pela banalidade do dia a dia, da inconsistência das estruturas ou da inconsciência da própria ingenuidade, e
te é um filme que se eleva acima de qualquer mediocridade justamente por se colocar à disposição não apenas dos que se deparam diante dele, mas, principalmente, por manejar com equilíbrio a gama de percepções que tem a seu alcance”, finaliza o crítico.