Tese de doutorado em odontologia da UFG vence prêmio CAPES de Tese 2019
Pesquisa busca melhorar a qualidade de vida de pacientes com dificuldade de utilizar dentadura na arcada inferior
Uma tese de doutorado desenvolvida no Núcleo de Pesquisa em Prótese e Implante (NPPI) da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás (UFG) venceu o Prêmio CAPES 2019, considerado “Oscar” da pós-graduação brasileira. “A pesquisa teve foco na melhoria da satisfação e qualidade de vida do indivíduo que tem dificuldade de utilizar a prótese total (dentadura) inferior”, afirma o Dr. Túlio Nogueira, autor da tese. “Em geral, não há firmeza e/ou estabilidade suficientes na dentadura inferior. Isso limita a fala, mastigação e autoestima”, completa.
Segundo ele, a proposta é uma alternativa simplificada para melhorar a situação por meio do uso associado de um único implante (normalmente usam-se dois ou mais), o que resultaria em um tratamento mais simples e de menor custo. “A ideia de desenvolver o trabalho surgiu da dificuldade que nós, cirurgiões-dentistas, notamos ao tratar pacientes que perderam todos os dentes e usam próteses totais, as dentaduras, na mandíbula, a parte de baixo da boca”, conta.
Entenda mais sobre a tese de doutorado que ganhou o prêmio CAPES 2019 aqui:
Junto ao orientador, Prof. Dr. Cláudio Rodrigues Leles, e o co-orientador Prof. Dr. Shahrokh Esfandiari (McGill University, Canadá) o pesquisador também teve como objetivo demonstrar como o tratamento funciona para os gestores do Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo ele, com um pequeno custo adicional em comparação à dentadura sem implantes, que é a única oferecida pelo sistema, pode-se impactar positivamente a vida de pacientes com dificuldade de usar dentaduras inferiores.
Quatro anos e meio foi o tempo necessário para desenvolvimento do projeto, que aconteceu em partes no Canadá, na McGill University, durante 12 meses com financiamento do Programa de Doutorado Sanduíche no Exterior da CAPES (PDSE-CAPES). Neste período, o pesquisador conta que o tratamento foi realizado para cerca de 110 pacientes. “Sem qualquer custo, visto que as pesquisas eram financiadas pelas agências nacionais de fomento à pesquisa ”, diz.
A pesquisa também contou com a participação de um grupo grande de jovens pesquisadores: alunos de iniciação científica, de mestrado e diversos outros bolsistas, conta Túlio.
A tese resultou em sete artigos científicos. Seis deles foram publicados em revistas cientificas internacionais de alto impacto na Odontologia. “Todas as pesquisas que compõem a minha tese só foram possíveis pois, além de ter sido bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Goiás (FAPEG) e da CAPES (o que me permitiu dedicação exclusiva ao doutorado), parte delas foram financiadas pelo CNPq”, explica o autor.
Quanto ao prêmio, ele define como um estimulo pessoal imensurável. “É um incentivo para não desistirmos da ciência brasileira, da ciência goiana, realizada em sua maioria em universidades públicas com financiamento público”, diz. Túlio acrescenta ainda que “as publicações advindas da ciência brasileira impactam mundialmente e os resultados têm consequências diretas em nossa vida diária de formas que nem nós mesmos notamos”.
Diante dos cortes anunciados pelo governo federal na educação pública, o pesquisador reitera que, assim, pesquisas podem se tornar inviáveis de serem executadas. “Quem se prejudica com isso não somos somente nós pesquisadores, mas a sociedade”, finaliza.