Cinema

8 ½ Festa do Cinema Italiano chega pela primeira vez à Goiânia

Festival internacional traz uma seleção dos principais filmes do cinema italiano contemporâneo para a capital

A partir de amanhã (2), Goiânia recebe pela primeira vez a 8 ½ Festa do Cinema Italiano, evento internacional que leva o melhor do cinema contemporâneo produzido na Itália para o mundo lusófono.

O festival teve sua primeira edição em 2008, em Portugal. Nascido em Lisboa, nestes 10 anos ele só fez crescer, chegando à Angola, Moçambique e finalmente ao Brasil em 2014.

Nos últimos quatro anos, ele progrediu com sua expansão pelo território brasileiro. Iniciado em Porto Alegre, a edição do ano passado chegou a oito cidades, incluindo Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.

Agora em 2018 chegou a nossa vez, juntamente com Vitória (ES), Florianópolis (SC) e Belém (PA), que também recebem a festa pela primeira vez. Organizado pela Associação Il Sorpasso, a programação deste ano conta com 11 filmes e os ingresso terão preço especial: aqui em Goiânia, a entrada inteira sai a R$ 20.

O homem por trás do festival é Stefano Savio. Ele conta que o festival surgiu muito pequeno e que o seu crescimento é impressionante: “[Ele surgiu de] uma pequena associação cultural que esforçou-se muito para que o festival sobrevivesse e conseguisse crescer no tempo. Por esta razão, apesar do grande desenvolvimento que teve nos últimos 5 anos, tentamos nunca dar o passo maior que a perna”.

Por causa dos recursos limitados, ele conta que nestes 10 anos a organização investiu em um crescimento orgânico e sustentável. “Trabalhando a partir de Portugal precisamos sempre de encontrar parcerias locais que possam garantir a boa realização do evento, sobretudo a nível da comunicação e da logística”, conta. Sendo assim, “a possibilidade que apresentou-se este ano de colaborar com os cinemas Lumière motivou-nos em investir também em Goiânia na esperança que o 8 1/2 possa fidelizar público e crescer também nesta cidade”.

Mesmo com um orçamento regrado, Savio explica que o formato do festival é leve, o que permite com que ele seja propagado para além de fronteiras e oceanos com grande facilidade. Ele vê a interiorização do 8 1/2 com bons olhos, pois leva o cinema italiano para fora dos grandes centros e o apresenta para outras comunidades que não a de descendentes.

“Achamos importante trazer o cinema italiano em cidades onde esta especifica oferta ainda não existe mas que consideramos receptivas a nossa oferta”, conta, “neste sentido consideramos também importante não dirigir este festival unicamente aos descendentes italianos mas ampliar o nosso público a todos os apreciadores do bom cinema. É nesse sentido que escolhemos uma cidade como Goiânia que têm uma importante vivência cultural e pode aproveitar de uma proposta cinematográfica independente como a nossa”.

O diretor também falou um pouco sobre como é feita a curadoria do festival: “Tentamos escolher filmes mais recentes que tiveram impacto; seja com a crítica e nos principais festivais internacionais, seja filmes que foram bem recebidos pelo público italiano”, explica. “Mantemos sempre um princípio de qualidade: é importante criar um oferta variada e para diferentes tipos de público”, conta, “há cinema de autor como Dogman, mas também sucessos de bilheteiras como Pobres, mas ricos e Aqui em casa tudo bem. Além disso é fundamental a colaboração com a indústria cinematográfica brasileira. Muitos destes filmes serão exibidos nas salas do país depois do festival”.

 

SINOPSES DOS FILMES

DOGMAN

Matteo Garrone

ITÁLIA // 2018 //100’// OV// LEG.BR // 16 ANOS

Marcello é um homem franzino e tranquilo que trabalha em um modesto petshop na periferia de Roma. Mantém uma ambígua relação de submissão com Simone, um ex-boxeador que aterroriza o bairro inteiro. Mas após mais uma prepotência do violento amigo, Marcello planeja uma terrível vingança.

Baseado em uma das páginas das crônicas mais sangrentas do recente passado italiano, Dogman consegue tornar-se um inquietante retrato sobre a Itália dos dias de hoje, onde não existe a solidariedade e a lei vigente é a do mais forte.

Palma de Ouro em Cannes pela magnífica interpretação de Marcello Fonte.

EMMA (IL COLORE NASCOSTO DELLE COSE)

Silvio Soldini

ITÁLIA // 2017 //115’// OV// LEG.BR  // 14 ANOS

Teo é um homem criativo, seguro de si, trabalha em uma grande agência de publicidade e vive rodeado de mulheres. Mas um dia conhece Emma, uma médica osteopata, que faz das suas limitações as suas melhores qualidades. Emma, que desde criança possui deficiência visual, utiliza os outros sentidos para interagir com o mundo à sua volta.

Uma história de amor única, tenra e original, onde os protagonistas aprendem a deixar-se conduzir em uma escuridão que não provoca medo. Apresentado no Festival de Veneza, o filme conta com uma grande atuação de Valeria Golino, em um papel exigente, mas perfeitamente interpretado.

A VIDA EM FAMÍLIA (LA VITA IN COMUNE)

Eduardo Winspeare

ITÁLIA // 2017 //110’// OV// LEG.BR // 12 ANOS

Em Disperata, uma pequena cidade no sul da Itália, o melancólico Filippo Pisanelli se sente terrivelmente incompetente em seu papel de prefeito. Somente seu amor pela poesia e sua paixão pelas leituras que faz aos detentos da região dão algum alívio a seu estado de depressão. Na prisão, ele conhece Pati, um ladrão de galinhas também nascido em Disperata. O ladrão e seu irmão sonhavam em se tornar os chefes da máfia de Capo di Leuca, mas o encontro com a literatura muda tudo e uma amizade incomum surge entre os três, potencializando escolhas corajosas. Um dos filmes mais bem acolhidos no Festival de Veneza 2017.

NICO, 1988

Susanna Nicchiarelli

ITÁLIA // 2017 // 93’// OV: Inglês/ Alemão/ Checo // LEG.BR // 14 ANOS

Vencedor da Mostra Orizzonti no Festival de Veneza, Nico, 1988 é uma cinebiografia musical sobre a última fase da vida de Nico, ícone feminino dos Velvet Underground e musa de Andy Warhol. O filme retrata a vocalista naquela que seria a sua última turnê solo, enquanto tenta restabelecer a relação com o filho e lidar com a sua dependência química e depressão.

Retratar uma figura tão icônica como a de Nico não se previa tarefa fácil, mas Susanna Nicchiarelli conseguiu um excelente resultado através de um  filme onde o fragmento é mais importante do que a totalidade, onde o olhar cansado e desiludido de Trine Dyrholm, a maravilhosa atriz dinamarquesa que interpreta Nico, esconde mil histórias que não precisam ser contadas.

UMA QUESTÃO PESSOAL (UNA QUESTIONE PRIVATA)

Paolo e Vittorio Taviani

ITÁLIA // 2017 // 84’// LEG. BR // LEG.EN // 14 ANOS

1943, durante a guerra de libertação nas Langhe, as colinas do sul do Piemonte, o militar Milton encontra-se dividido entre a luta contra os nazi-fascistas, a amizade com os companheiros do exército e o seu amor clandestino por Fulvia.

Paolo e Vittorio Taviani confrontam uma das obras mais importantes da literatura italiana, Uma Questão Pessoal, de Beppe Fenoglio. Este filme atesta a longa militância cinematográfica dos realizadores de Padre Padrone e de César Deve Morrer confirmando, simultaneamente, a juventude artística da dupla com uma obra de grande rigor filológico, mas capaz de surpreender o espectador.

A CASA TUTTI BENE (AQUI EM CASA TUDO BEM)

Gabriele Muccino

ITÁLIA // 2018 // 105’// LEG. BR // 14 ANOS

São as bodas de ouro de Pietro e Alba, ocasião única para festejar convidando a família inteira para a maravilhosa Ilha de Ischia, em Nápoles.Música, comida e sorrisos acompanham este encontro, mas quando uma tempestade bloqueia o numeroso grupo na ilha, obrigando-os a compartilhar a casa, os rancores e as hipocrisias escondidas durante muitos anos emergem de forma imprevista.

Grande sucesso de bilheteria e com um elenco de grandes intérpretes, “A casa tutti bene” marca o regresso de Gabriele Muccino ao cinema italiano (À Procura da Felicidade, O Último Beijo) com um filme de grande impacto emotivo.

A GAROTA NA NÉVOA (LA RAGAZZA NELLA NEBBIA)

Donato Carrisi

ITÁLIA // 2017 // 127’// LEG. BR // 14 ANOS

Uma adolescente desaparece em uma aldeia alpina do norte da Itália. Imediatamente, encontra-se um bode expiatório, um professor que chegou recentemente e de quem pouco se sabe.

A primeira obra cinematográfica de Donato Carrisi, um dos escritores italianos de romances policiais mais conhecidos internacionalmente, A Garota na Névoa é um filme de grandes ambições com uma realização soberba e um elenco notável (Toni Servillo e Jean Reno).

A construção da intriga, cheia de surpresas, mistura-se com a crítica ao papel ambíguo desempenhado pelos meios de comunicação, envolvendo o espectador num conto pouco banal.

FORTUNATA

Sergio Castellitto

ITÁLIA // 2017 // 103’// LEG.BR // 16 ANOS // 16 ANOS

Fortunata tem uma vida atormentada, uma filha de oito anos e um casamento fracassado. Cabeleireira à domicílio, vive nos subúrbios e atravessa a cidade diariamente para tratar do cabelo de senhoras burguesas. Fortunata luta todos os dias com uma determinação feroz para realizar seu sonho: abrir o seu próprio salão e controlar o seu destino, conquistando a sua independência e o direito à felicidade. Fortunata é uma incursão íntima e poderosa na Itália de hoje, que luta para chegar ao fim do mês e que, apesar das dificuldades, com seu voluntarismo, consegue manter a cabeça erguida. Um hino poético à fúria de viver, com Sergio Castellitto muito inspirado e uma combativa Jasmine Trinca, agraciada com o prêmio de Melhor Atriz no Un Certain Regard, do Festival de Cannes 2017.

MADE IN ITALY

Luciano Ligabue

ITÁLIA // 2018 // 104’ // LEG.BR // 14 ANOS

Riko é um homem com grandes virtudes, mas com pouca sorte, preso em um trabalho que não lhe permite manter a família e em luta contínua contra uma sociedade que não o representa. Mas Riko tem um recurso especial, seus amigos, com os quais enfrenta qualquer dificuldade.

Numa Itália onde a precariedade profissional e sentimental tornou-se normalidade, Luciano Ligabue, famosíssimo músico italiano, nos conta uma história de grande humanidade, onde os sentimentos das pessoas ecoam mais forte que tudo.

LA TENEREZZA (A TERNURA)

Gianni Amelio

ITÁLIA // 2017 // 103’ // LEG.BR // 14 ANOS

Lorenzo, um advogado aposentado que vive em Nápoles, é egoísta, incapaz de amar, e está brigado com os seus próprios filhos. De volta a casa depois de ter um ataque cardíaco, desenvolve uma inexplicável afeição pelos novos vizinhos, uma família que acabou de se mudar para a casa da frente. A harmonia cresce entre as duas famílias até que um drama imprevisível perturba a existência de todos.

Um melodrama sóbrio e implodido, atravessado por esmagadoras forças subterrâneas, capaz de explorar com atenção e intuito a complexidade dos sentimentos humanos. Gianni Amelio, um dos mais relevantes realizadores da sua geração (As Chaves de Casa, O Ladrão de Crianças) regressa com um filme magistral sobre a necessidade insubstituível da ternura que todos procuramos.

POVERI MA RICCHI (POBRES, MAS RICOS)

Fausto Brizzi

ITÁLIA // 2016 // 90’// LEG.BR // 12 ANOS

Os Tucci, uma família muito humilde de uma aldeia na região de Lazio, ganharam na loteria. Tornam-se bilionários e decidem ir para Milão, viver em um hotel 5 estrelas, para desfrutar da vida noturna e dos luxos. No entanto, começam a perceber que os tempos mudaram e que os ricos de hoje não são como os do passado: são discretos, ambientalistas, apoiam causas  sociais e andam de bicicleta.

Baseada em uma comédia francesa de grande sucesso, Les Tuche, o filme revela o típico humor da comédia italiana, com atores competentes e diálogos espirituosos. Após o incrível sucesso, já existe uma continuação na Itália: Poveri ma ricchissimi.

SERVIÇO:

LOCAL:  Lumière Cinema – Shopping Bougainville  – SALA 3 (R. 9, 1855, St. Marista)

Ingresso: R$ 20 a inteira