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Crítica: ‘Batman’ (1989) – Especial Batman 85 anos

Longa-metragem foi dirigido por Tim Burton

Talvez se assistidos hoje os filmes antigos do Batman – principalmente os dirigidos por Tim Burton – irão soar menos como uma versão sombria do personagem, e mais como um episódio ‘cartoonesco’ de uma série do Homem Morcego, mas ainda assim, este “Batman” de 1989 possui importância fundamental para o personagem no cinema e em como o público, a partir de seu lançamento, começou a enxergar o herói mascarado.

A série dos anos 60 foi importante e essencial para tornar o personagem popular, mas com as mudanças ocorridas nos quadrinhos – onde as histórias do Batman ganhavam aspectos mais dramáticos e sombrios (saudações Frank Miller) -, a Warner desejava revitalizar o herói e levá-lo com esta nova visão aos cinemas. Filmes de super-heróis não eram populares na época, mas Batman era um personagem extremamente conhecido e fazia valer o investimento – ainda que fosse um risco. Tim Burton vinha do sucesso de “Os Fantasmas Se Divertem”, cuja visão sombria e gótica mesclada com cinismo e irreverência, chamaram a atenção dos executivos da Warner que acreditaram no diretor para levar o projeto adiante e adaptá-lo para as telonas.

(Foto: Reprodução/Warner Bros)

Logo de cara Burton surpreendeu a todos e escalou Michael Keaton (conhecido por comédias e o protagonista de “Os Fantasmas Se Divertem”) como Batman – ainda bem que não tinha internet na época pois as reclamações seriam exaustivamente maiores, já que Keaton não possui perfil, estatura nem beleza de um Bruce Wayne/Batman. Na época a Warner recebeu milhares de cartas pedindo a retirada do ator. Mas a escolha polêmica de Burton não sofreu tanto pois o filme tinha, acima de tudo, Jack Nicholson escalado para ser o vilão Coringa. Nicholson é um dos grandes atores de Hollywood, e na época continuava no auge. Sua presença no projeto era sinônimo de retorno financeiro, e com seu apoio a Burton, o desenvolvimento do filme ficou menos complicado. Nicholson não apenas assinou contrato para atuar, mas fez também um acordo para receber parte da bilheteria. Resultado? Foi o ator mais bem pago da época com um salário que passava dos 50 milhões fácil, fácil.

Como filme, “Batman” não é perfeito. Keaton, sim, não possui aparência nem imponência como Batman e Bruce Wayne mas, de maneira estranha, sua encarnação do herói funciona naquele mundo e seu carisma tornam o personagem mais atraente (de todos os Batmans dos anos 90, Keaton supera de longe as versões de Val Kilmer e George Clooney – e olha que estes dois tinham a aparência para tal). Mas se Keaton funciona é porque o longa é assertivo ao nos transportar para um universo completamente lúdico e totalmente desconectado da realidade – uma verdadeira fantasia.

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(Foto: Reprodução/Warner Bros)

Burton aqui não quer fazer um filme realista, muito pelo contrário, desde sua Gotham City gótica com arte déco até a representação das cores e luzes de seus cenários, sua intenção é nos levar para um mundo adaptado dos quadrinhos com estes personagens extremamente galhofas. Um homem vestido de morcego? Um quarentão que se pinta de palhaço? Burton não adentra na auto ironia, mas pega o conceito e o adapta com seriedade, mas sem ser dramaticamente pesado ou enjoativo. É leve como histórias de super-heróis. É o clássico vilão contra mocinho. Os planos do Coringa não fazem sentido, o Batman e suas resoluções amorosas não fazem sentido, mas entendendo o objetivo da diversão simples do filme, e entendendo que histórias em quadrinhos são/foram originalmente criadas para crianças, “Batman” é uma fantasia divertida, besta, mas cheia de momentos singulares.

Só acho que Burton não dirige tão bem as cenas de ação (nunca dirigiu), e perde a oportunidade de criar momentos mais ágeis e envolventes com o personagem. E se o embate clássico entre Batman e Coringa é pura diversão ‘estilo desenho animado’, os momentos dramáticos entre Bruce Wayne e seu interesse amoroso Vicki Vale (Kim Basinger) são todos entediantes.

Joker Shoots Bruce Wayne - Batman (1989) Movie CLIP HD - YouTube
(Foto: Reprodução/Warner Bros)

Particularmente, não vivi a época de estreia do filme nos cinemas em 1989, mas meu pai e tios que vivenciaram o período dizem que foi um divisor de águas para o herói. Um sucesso que lotava todas as sessões, inclusive durante a semana. Mas me lembro de ficar empolgado sempre que o longa era reprisado na televisão quando criança.

Apesar de tudo aquilo que pode ser considerado “datado” hoje em dia, “Batman” é um marco e um filme que, ainda hoje, me prende a atenção e me diverte mesmo com todos os problemas e escolhas “estranhas” à la Tim Burton. Um clássico sem dúvida!

Disponível para assistir no MAX. 

Batman/EUA – 1989

Dirigido por: Tim Burton

Com: Michael Keaton, Jack Nicholson, Kim Basinger…

Sinopse: Em Gotham City o milionário Bruce Wayne (Michael Keaton), que quando jovem teve os pais assassinados por bandidos, resolve combater o crime como Batman, o Homem-Morcego. Mas chega o dia em que o vilão Coringa (Jack Nicholson) decide dominar a cidade e se torna um grande desafio para o super-herói.

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(Foto: Reprodução/Warner Bros)