Crítica: ‘Batman Begins’ (2005) – Especial Batman 85 anos

Após “Batman & Robin”, a franquia do Homem Morcego foi jogada sem dó nem piedade na geladeira. A Warner Bros. até estava planejando outro filme com Joel Schumacher de volta como diretor, mas as criticas e recepções negativas dos fãs, e público, foram tão grande que o estúdio resolveu encerrar o projeto e deixar o Batman quieto por alguns anos. Durante este hiato de oito anos, tentativas aconteceram para trazer o personagem de volta ao cinema, mas nenhuma ideia permanecia por muito tempo. Até que Christopher Nolan, um diretor autoral que vinha do sucesso independente “Amnésia” e do elogiado “Insônia” (feito para a Warner), abordou os executivos e apresentou sua visão de um filme do Batman: criar um longa mais realista e sombrio e longe de qualquer relação com o estilo mega fantástico de Tim Burton e Joel Schumacher. E deu certo.

Ainda me lembro de entrar no cinema em 2005, alguns poucos minutos atrasados, e se deparar com uma cena de luta entre Bruce Wayne e alguns homens em uma prisão distante. O estilo cru da filmagem de Nolan, a câmera trêmula e a fotografia acinzentada me fizeram imediatamente perguntar para a pessoa ao meu lado: ‘Este é o filme do Batman?’. Nada ali parecia com os filmes anteriores do personagem. Muitos dão o crédito à “Batman – O Cavaleiro das Trevas”, de 2008, por ter feito o cinema ter entrado em uma sintonia de investir em produções sombrias e realistas, mas foi com “Batman Begins” que Nolan solidificou a imagem de um ‘filme do Batman’.

“Batman Begins” é magistral pois faz questão de nos apresentar uma origem estabelecida para o personagem. Batman não aparece na primeira 1 hora de longa, pelo contrário, Nolan e o roteirista David S. Goyer tiram tempo para construir quem é Bruce Wayne desde a sua infância até o momento em que ele decide se tornar um símbolo do medo para os bandidos de Gotham City. Nolan desenvolve esta história sem seguir uma narrativa linear, mas mescla as linhas temporais tornando o filme muito mais dinâmico, envolvente e em nada cansativo.

Outra grande característica de “Begins” é nos fazer acreditar na possibilidade de existir um homem vestido de morcego lutando contra o crime. A maneira como o roteiro explica, e desenvolve os armamentos e as preocupações do herói com seu traje e acessórios, é crucial para criar identificação com o público ao nos colocar em posição de entendimento e cúmplice de Bruce Wayne. Se em todos os longas anteriores o personagem, e até o próprio Batman, eram sobrepujados pelos vilões – que roubavam a cena -, “Batman Begins” é um filme sobre Bruce Wayne e Christian Bale está majestoso no papel.

Mas “Batman Begins” não é perfeito. As cenas de luta são filmadas com desespero por Nolan e pouco conseguimos entender o que está acontecendo em vários momentos. De início, a intenção se encaixa já que o filme quer esconder Batman e criar o suspense de ‘quem é esse?’. Mas depois não se justifica. No entanto, surpreendentemente, o enredo é tão enxuto e bem conduzido, que de certa maneira tal problema não incomoda tanto assim.

“Batman Begins”, em minha opinião, é um clássico do subgênero de super-herói e o filme que inspirou outros tantos a contar uma história de origem (inclusive o “Homem de Ferro” da Marvel). Marcante e memorável, Christopher Nolan reviveu Batman e o colocou com louvor de volta aos holofotes do cinema. Filmaço!

Batman Begins/EUA – 2005

Dirigido por: Christopher Nolan

Com: Christian Bale, Liam Neeson, Michael Caine, Gary Oldman, Morgan Freeman, Cillian Murphy, Katie Holmes…

Sinopse: Marcado pelo assassinato de seus pais quando ainda era criança, o milionário Bruce Wayne (Christian Bale) decide viajar pelo mundo em busca de encontrar meios que lhe permitam combater a injustiça e provocar medo em seus adversários. Após retornar a Gotham City, sua cidade-natal, ele idealiza seu alter-ego: Batman, um justiceiro mascarado que usa força, inteligência e um arsenal tecnológico para combater o crime.