Crítica: ‘Batman Eternamente’ (1995) – Especial Batman 85 anos
Filme está disponível para assistir no HBO Max
“Batman Eternamente” é um desses “prazeres culposos” que tenho pois apesar de achá-lo, sim, um filme ruim, eu já o revi várias vezes ao longo dos anos. E quando criança gostava demais de vê-lo na TV, principalmente por causa da presença de Jim Carrey (que sempre fui fã). Aqui neste terceiro filme do Homem Morcego já temos uma mudança radical desde os dois longas anteriores dirigidos por Tim Burton. Com “Batman – O Retorno”, os executivos da Warner, e empresas parceiras para merchandising, ficaram preocupadas que com Burton na franquia os filmes ficassem cada vez mais longe de serem atraentes para as crianças. Burton já estava preparando um terceiro filme, mas foi retirado pela Warner e Joel Schumacher entrou no lugar.
Schumacher vinha de dramas aclamados como “Um Dia de Fúria”, com Michael Douglas, e “O Cliente”, com Tommy Lee Jones e Susan Surandon. Não era um diretor que se pensaria para um filme do Batman, mas talvez fosse um diretor maleável para as exigências do estúdio. E foi o que aconteceu. “Batman Eternamente” possui um estilo de narrativa muito mais leve, alegre e animado – além de uma produção mais colorida e menos mórbida do que “Batman – O Retorno”.
Visando vender mais brinquedos, o filme adiciona Robin (Chris O’Donnel) como o sidekick de Batman (agora Val Kilmer), e escala dois vilões bem mais energéticos e extravagantes do que Pinguim e Mulher-Gato. Tommy Lee Jones encarna sua versão ‘Jack Nicholson de Coringa’ do personagem Duas Caras, e Jim Carrey (no auge absoluto da carreira), foi o grande chamariz como o vilão Charada. O resultado é um excesso de poluição visual em uma Gotham City excessivamente cheia de estátuas, e cores, e mais cores, e mais cores (!!!).
Mas não podemos ser injustos com “Batman Eternamente”. Diferente de “Batman – O Retorno”, que possui uma produção maravilhosamente bem feita mas falta ação e dinamismo para um longa de super-herói, aqui ao menos Joel Schumacher busca injetar aventura e ritmo à história. Tudo isso inserido dentro das intenções do estúdio em manter um filme de super-herói focado no público infantil.
O filme, assim como os outros dois longas de Tim Burton, é repleto de escolhas equivocadas de roteiro com planos que não fazem o menor sentido. Os vilões querem matar Batman e dominar Gotham e para isso criam planos mirabolantes e exagerados típicos de histórias em quadrinhos. Burton fez a mesma coisa (lembra dos pinguins com bombas?), a diferença é que o estilo sombrio do diretor consegue enganar o público e maquiar os filmes como algo sério e adulto. Mas não, eles não são. Os filmes de Burton são galhofas e cheios de decisões infantis, como também os filmes de Joel Schumacher. E se Burton peca pela falta de aventura e ritmo, Schumacher resolve aqui este problema (se a ação é boa ou ruim, aí é outra história).
Mas Schumacher também peca pelo excesso de cores e informações visuais. E mais uma vez temos cenas com Batman/Bruce Wayne e seus dramas pessoais, e amorosos, que não funcionam e são, de longe, o que há de mais chato e cansativo no filme. Além de agora termos a presença de Robin para fazer tudo ficar ainda mais fatigoso. Daí sobra espaço o suficiente para os vilões roubarem a cena.
No saldo geral, vou falar algo polêmico aqui: “Batman Eternamente” é mais divertido e suportável do que “Batman – O Retorno”. Ambos são filmes que considero fracos, porém, em minha opinião, “Eternamente” diverte muito mais com o seu clima frenético de desenho animado.
Batman Forever/EUA – 1995
Dirigido por: Joel Schumacher
Com: Val Kilmer, Jim Carrey, Tommy Lee Jones, Nicole Kidman, Chris O’Donnell…
Sinopse: Duas-Caras (Tommy Lee Jones) e Charada (Jim Carrey), dois excêntricos bandidos, decidem descobrir a identidade do Homem-Morcego (Val Kilmer) para depois mata-lo. Este por sua vez recebe a ajuda de um jovem (Chris O’Donnell) que tem sede de vingança, por ter perdido a família em um acidente provocado exatamente pelo Duas-Caras.