Crítica: ‘Batman – O Cavaleiro das Trevas’ (2008) – Especial Batman 85 anos

Com “Batman – O Cavaleiro das Trevas” o diretor Christopher Nolan alcançou o ápice com um dos filmes de super-herói mais aclamados e celebrados de todos os tempos. Se com “Batman Begins” foi implantado no cinema a imagem de um Batman sério e realista, nesta continuação Nolan consolida ainda mais a sua visão de universo e coloca os personagens de quadrinhos em um mundo de máfia, interesses políticos e sociais, com o vilão Coringa surgindo como a força motriz que irá desestruturar o sistema vigente.

O longa é um thriller policial inspirado em clássicos do gênero como os filmes de Michael Mann e Paul Verhoeven, e ao lado do roteirista David S. Goyer, Nolan desenvolve uma trama policial que explora temas sociais e psicológicos atuais. O Coringa de Heath Ledger surge como um ser sem regras ou limites que não mede esforços para estampar a hipocrisia social, e mostrar que todo ser humano possui o seu lado sombrio e violento – como a gravidade, só precisa de um empurrãozinho. Mas o filme não é cético, muito menos pessimista, e Nolan faz questão de mostrar otimismo e esperança no ato final – como bem apresenta a sequência das barcas.

Apesar de Heath Ledger roubar a cena com sua atuação ganhadora do Oscar, o roteiro de “O Cavaleiro das Trevas” é preocupado em levar adiante a história de Bruce Wayne (Christian Bale), e Nolan equilibra com méritos o tempo de tela do vilão, e dos demais personagens, para não apagar o desenvolvimento de Wayne. Aliás, o elenco de apoio retorna e continua excelente (Michael Caine, Morgan Freeman, Gary Oldman), e agora temos a adição do memorável Aaron Eckhart como o promotor de justiça Harvey Dent, e a mais talentosa Maggie Gyllenhall substitui Katie Holmes como Rachel, o interesse romântico do herói.

“O Cavaleiro das Trevas” foi um desses eventos cinematográficos que fez história em sua época de lançamento. Alcançou 1 bilhão em bilheteria – sem auxílio do 3D – em uma época onde os ingressos eram um pouco mais baratos. Um longa que não foi indicado ao Oscar de Melhor Filme e forçou a Academia aumentar o número de indicados de 5 para 10 – ao menos Ledger levou com justiça o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante.

Mas ainda que tenha uma ambientação mais crível, o filme não deixa de seguir a tendência dos quadrinhos com diversos planos frenéticos ao longo de sua duração. O Coringa sempre tem um plano seguinte e não dá espaço para respiro, mas diferente dos longas antigos, a execução dentro da história de “O Cavaleiro das Trevas” é coesa, bem construída e empolgante. Não temos alguém querendo dominar Gotham ou matar o Batman, pelo contrário, o Coringa aqui almeja expor a natureza mais íntima das pessoas, e estabelecer sua relação de ‘gato e rato’ com Batman (cena do interrogatório é clássica!).

Disponível para assistir no Max, “Batman – O Cavaleiro das Trevas” é o ápice do personagem nos cinemas. Em minha opinião, é o melhor longa-metragem do herói já feito até hoje, e um dos grandes trabalhos da carreira excepcional de Christopher Nolan. Um clássico moderno, sem sombra de dúvidas!

The Dark Knight/EUA – 2008

Dirigido por: Christopher Nolan

Com: Christian Bale, Heath Ledger, Gary Oldman, Michael Caine, Morgan Freeman, Aaron Eckhart…

Sinopse: Após dois anos desde o surgimento do Batman (Christian Bale), os criminosos de Gotham City têm muito o que temer. Com a ajuda do tenente James Gordon (Gary Oldman) e do promotor público Harvey Dent (Aaron Eckhart), Batman luta contra o crime organizado. Acuados com o combate, os chefes do crime aceitam a proposta feita pelo Coringa (Heath Ledger) e o contratam para combater o Homem-Morcego.