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Bóra encarar o Lollapalooza?

Lollapalooza começa hoje em São Paulo e estou com preguiça de assistir até mesmo pela televisão

Lollapalooza (Foto: Divulgação)

Lollapalooza. Só de ler essa palavra nas páginas da Bizz, ouvir esse termo da boca dos VJs da MTV, eu ficava em nível de excitação inacreditável durante minha adolescência noventista. Jovem de uma capital brasileira periférica como Goiânia e de classe média baixa, essas eram as únicas formas possíveis de entrar em contato com o universo que o Lollapalooza propunha.

Um bando de malucos em caravana, parando de cidade em cidade pelos EUA, com o melhor da música produzida entre 1991 e 1997. Todo mundo que importava na música jovem dos anos 1990 tocou no festival. E não há hipérbole nenhuma nessa sentença anterior.

Criado por Perry Farrell para ser a turnê de despedida de sua banda, o Jane’s Addiction, o Lolla recebeu gente do calibre de Nine Inch Nails, Living Colour, Ice T, Red Hot Chili Peppers, Pearl Jam, Alice in Chains, Rage Against the Machine, Ice Cube, Smashing Pumpkins e tantos outros, todos no seu auge.

E eu aqui em Goiânia, só lendo a respeito, só vendo trechos dos shows pela MTV e sonhando.

Os anos passaram, o Lollapalooza deixou de ser realizado por uns anos e, quando voltou, encerrou o esquema turnê e adotou Chicago como lar. Tornou-se uma franquia que exporta sua marca para festivais mundo afora (Santiago, Buenos Aires, Bogotá, Paris e Berlim também têm um Lolla pra chamar de seu) e que desde 2012 tem uma edição brasileira em São Paulo.

Fui na edição paulistana de 2015 para ver o Robert Plant. Alguns artistas fazem você encarar a roubada de um festival e o eterno vocal do Led Zeppelin é um desses. Posso dizer que me diverti, mas naquele esquema já ancião. Sem loucura de tentar ver shows demais, sem desespero para ficar perto do palco. Tudo na maciota.

O Lollapalooza de 2022 tem início hoje. Edição adiada de 2020, por conta da pandemia. O festival é percebido como a retomada dos grandes eventos no Brasil. Tomara que assim seja e que a covid-19 seja algo que não mais nos aterrorize.

Hoje, até pela TV tenho preguiça de festivais. O som nunca está bem equalizado na transmissão e vários artistas não me interessam. Problema meu e de minha senilidade, é claro. Se eu estiver de boa, gostaria de ver Strokes, Foo Fighters e Libertines. Mas só se rolar, nada com desespero.

Festival é coisa pra jovens. Ou pessoas com espírito jovem. E eu definitivamente não me enquadro em nenhuma das duas opções.

@pablokossa/Mais Goiás | Foto: Divulgação