Camisa de Vênus: “Eu não regulo a minha vida pela expectativa do próximo”
Nascida na Bahia do início dos anos 1980, a Camisa de Vênus faz parte da…
Nascida na Bahia do início dos anos 1980, a Camisa de Vênus faz parte da primeira leva de bandas de rock que vieram a moldar o cenário nacional. Politicamente incorreta desde sempre, com um pezinho no punk e outro no rockabilly, a banda sempre contou com letras debochadas e o carisma contagiante de seu frontman, Marcelo Nova, para se manter como uma das mais influentes do Brasil.
Após 20 anos de hiato, o Camisa retomou as suas atividades em 2015 e, no ano seguinte, lançou um disco de inéditas, Dançando na Lua. Agora em 2017, Marcelo e companhia embarcaram na turnê Camisa de Vênus toca Raul, homenageando Raul Seixas com suas canções e com as composições que o músico fez com Marcelo Nova, como Pastor João e a Igreja Invisível e outros sucessos do disco Panela do Diabo.
Aos 66 anos de idade feitos hoje (16), Marcelo e o Camisa encerram a noite de abertura do Goiânia Noise Festival nesta sexta-feira (18). Programados para tocar às 1h no palco 1, o show será dividido em duas partes: “na primeira nós tocamos canções de Raulzito e na segunda tocamos Camisa de Vênus. Repertório de Raulzito na primeira parte e clássicos do Camisa na segunda”, conta Marcelo Nova.
Também conduzindo uma frutífera carreira solo, o vocalista conta que possui laços estreitos com Goiânia e que costuma fazer shows mais intimistas por aqui: “eu sempre toco aí no Bolshoi, o Rodrigo é meu amigo, eu tenho um histórico de idas à Goiânia, só que dessa vez vai ser em um ambiente diferente, que será em um festival”.
Com uma expectativa de público bem maior, o show terá no repertório vários clássicos da banda, como Eu não matei Joana D’Arc, Isso é só o Fim e Simca Chambord. Mas, entre as músicas, também estão algumas canções polêmicas como Bete Morreu!, Bota pra f*der e Silvia. Será que essas músicas caem bem para o público atual? “Não cai muito bem pra você! (risos)”, responde Marcelo.
Ele continua dizendo que o Camisa mantém a sua identidade. Quem achar ruim, que não ouça: “Nós tocamos do mesmo jeito que tocávamos nos anos 1980. Não me interesso muito nessa coisa de politicamente correto, pelo contrário, não tenho o menor interesse. Acho essa conversa entediante. Eu não regulo a minha vida pela expectativa do próximo, tá entendendo? (risos)”.
Para 2018, ele conta que ainda não possui planos: “Um passo de cada vez. Nós gravamos um álbum de músicas inéditas no ano passado, então depois de 37 anos de carreira não tenho mais essa urgência de ter que fazer, ter que saciar expectativa de mercado, de quem quer que seja. Procuro fazer as coisas quando quero, quando é um bom momento”.
Ao mesmo tempo, garante que algo vai rolar: “Fizemos em 2016 o Dançando na Lua e foi um bom momento. Em 2015 fizemos a turnê da volta, depois de 20 anos. 2017 estamos fazendo a turnê do Toca Raul. Então é uma banda que não fica quieta”. Marcelo também disse que, embora os clássicos não saiam do repertório, ele não quer viver do passado: “Definitivamente não sou o Francisco Petrônio do rock, não estou interessado em fazer o baile da saudade, entendeu”.
O músico gosta de desafios, mas também tem a humildade de reconhecer a passagem do tempo, e brinca: “Quando tem um desafio, as coisas são mais interessantes. Vamos ver o que nos aguarda em 2018. Eu já estou em uma idade em que não dá pra fazer planos a longo prazo… e um ano pra mim já é um prazo muito longo! (risos)”.
Até agora, o plano é seguir com a carreira solo, com o Camisa e, como dizia Raulzito, não parar na pista: “Partem da mesma pessoa. O Camisa é uma banda, ela tem uma característica de banda. E a minha carreira solo eu estou de alguma forma mais apto, mais inclinado, mais afeito a experimentar mais, a buscar coisas que eu não tinha feito até então. Mas no fim é o velho Marcelo Nova de sempre”.