Não teve jeito: Salma Jô e companhia até que fizeram bonito, mas o Palácio Conde dos Arcos virou pista de dança assim que os sambistas Heróis de Botequim tomaram conta – e tomaram mesmo, com oito componentes. As músicas, velhas conhecidas de todas as gerações presentes, foram cantadas a plenos pulmões e dançadas à exaustão no sábado (20), na Cidade de Goiás, durante o Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA) 2016.
O grupo voltou à mostra seis anos depois, com um repertório que agradou bastante. Paulinho da Viola, Chico Buarque, Sérgio Sampaio, Dorival Caymmi e até uma palhinha de Molejo entraram na lista. Algumas canções de protesto e cunho político fizeram sucesso e suscitaram palavras de ordem, como Roda Viva, Apesar de Você e Eu Quero é Botar Meu Bloco Na Rua.
Perguntamos a Guilherme Noleto se isso foi proposital: “A gente estava procurando, na verdade, fazer um show com mais músicas autorais, mas nós mudamos o arranjo dessas músicas para o DVD que vamos gravar e não sentimos firmeza para executar esses arranjos. Então nós acabamos decidindo na hora as músicas, o show foi todo feito de improviso”.
“Nós gostamos muito, a galera estava muito agitada e dançou muito”, contou ele, que é vocalista e toca cuíca. Com o visual característico, com calça social, camisa branca, suspensório e chapéu Panamá, eles mostraram se sentir à vontade em qualquer lugar, rindo e brincando com o público em qualquer oportunidade.
A banda está se preparando para gravar seu primeiro DVD no dia 3 de setembro, que será intitulado Samba da Goiabeira, com faixas autorais. “Não temos patrocinador nem recebemos incentivo, então estamos fazendo um projeto de financiamento coletivo. A gravação vai ser na nossa casa, mesmo, e é uma oportunidade de ficar bem próximo do público”.
Já Carne Doce trouxe duas músicas do novo álbum, Princesa, que será lançado no próximo domingo (28). Artemísia, que ganhou até clipe, era conhecida do público, mas a segunda não teve seu nome relevada, e agradou em seu conteúdo feminista.
As consagradas Adoração, Fruta Elétrica e Passivo entraram na apresentação, além de covers como Benzin, do Boogarins e Baile de Favela, Mc João. O maior problema do espetáculo foi o som, que estava alto demais e estourou.
Há que se considerar a pontualidade do FICA: se, por um lado, nem sempre dava para voltar e agradar os fãs com um bis, como no caso do Carne Doce, poucas vezes era preciso esperar alguns minutos da hora marcada. Que venham as bandas do domingo.
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