Autora de Harry Potter, J. K. Rowling revela abuso sexual no passado
Escritora também defendeu seu direito a falar sobre temas trans. Há dois dias ela foi alvo de críticas de ativistas trans, que se incomodaram com postagens da escritora britânica nas redes sociais
J. J. Rowling defendeu seu direito a falar sobre temas trans, em um ensaio intensamente pessoal em que explicou as complexas razões de seu interesse pelo tema, revelando detalhes dolorosos de seu passado. Ela afirmou que já sofreu abuso sexual.
A criadora de Harry Potter foi alvo de críticas de ativistas trans, que se incomodaram com postagens da escritora britânica nas redes sociais. Os tuítes dela foram considerados transfóbicos.
Num texto de 3.600 palavras, publicado em seu site, a escritora explicou em detalhes suas investigações e crenças sobre as questões que envolvem o universo trans, e como a preocupa ver como os direitos das mulheres e a vida de alguns jovens foram afetados por algumas formas de ativismo trans.
Rowling indaga o impacto que o “novo ativismo trans” terá em causas que ela apoia, como projetos para prisioneiras mulheres ou sobreviventes de abuso.
Ela também contou que sobreviveu a abuso doméstico e agressão sexual. E defendeu atenção especial para os trans:
“Pessoas trans precisam de e merecem proteção. Como mulheres, elas têm mais chances de serem mortas por parceiros sexuais. Mulheres trans que trabalham na indústria sexual, particularmente mulheres trans de cor, estão particularmente em risco. Como toda outra sobrevivente de abuso doméstico e abuso sexual que conheço, eu sinto nada além de empatia e solidariedade por mulheres trans que são abusadas por homens.”
Por outro lado, ela defende que alguns casos se mantenham separações baseadas no nascimento.
“Ao mesmo tempo, eu não quero que quem nasceu como garota fique menos segura. Quando você abre as portas de banheiros e vestiários a qualquer homem que acredita ser uma mulher – e, como eu disse, certificados de confirmação de gênero podem agora ser dados sem necessidade de cirurgia ou hormônios – então você abre a porta para qualquer e todo homem que deseje entrar. Essa é a simples verdade.”
“Não escrevi este ensaio com a esperança de se compadeçam comigo, nem um pouco”, escreveu ela na conclusão do texto, descrevendo-se como uma pessoa privilegiada.
“Só menciono meu passado porque, como qualquer outro ser humano deste planeta, tenho uma história complexa, que molda meus medos, interesses e opiniões. Nunca esqueço essa complexidade interior quando estrou criando um personagem de ficção, e certamente nunca esqueço quando se trata de uma pessoa trans”.
“Tudo que peço, tudo que quero, é que uma compaixão similar, uma compreensão similar, prolifere a muitos milhões de mulheres cujo único delito é que se estutem suas precoupações sem receber ameaças e abusos.