Gisele Bündchen faz 40 anos e vai plantar 40 mil árvores na Amazônia
Gisele Bündchen queria festejar seus 40 anos, amanhã, com a família e os amigos, plantando…
Gisele Bündchen queria festejar seus 40 anos, amanhã, com a família e os amigos, plantando árvores na Amazônia. A intenção era reflorestar a região que vem sofrendo com o desmatamento — em junho, um recorde foi quebrado na série histórica do mês, com 1.034,4 km² devastados, área quase do tamanho da cidade do Rio. “Queria chamar a atenção para a importância de preservamos o que já temos. Com a pandemia, isso não será possível”, conta a übermodel. Para a data não passar em branco, celebrará o aniversário em casa com o marido, o jogador de futebol americano Tom Brady, e os filhos, Benjamin e Vivian Lake. “Vou ter um bolinho.”
Da Flórida, onde vive, Gisele ficou pensando em como realizar seu desejo apesar da crise sanitária. Decidiu unir forças com o Instituto Socioambiental (ISA) para colocar em prática o plano de plantar 40 mil árvores. “Minha vontade é retribuir, de alguma forma, à mãe Terra por ter me nutrido todos esses anos. Desde que nascemos, ela nos provê tudo o precisamos: o ar que respiramos, a comida que comemos, as casas em que vivemos”, diz. “ Imagina que incrível se cada um plantasse uma árvore para celebrar o seu aniversário! Poderíamos regenerar o mundo.”
Em entrevista à ELA, a gaúcha, com fortuna estimada em 400 milhões de dólares, fala sobre sua conexão com a natureza, o título de “má brasileira” que ganhou da atual ministra da Agricultura e a relação com os filhos. Confira os melhores trechos da conversa, realizada por e-mail.
Como é chegar aos 40 anos como uma das figuras mais conhecidas do brasil e do mundo?
Meu coração está cheio de gratidão. Tenho refletido bastante sobre o momento em que vivemos, quais são os meus sonhos e o que quero realizar nessa nova fase que se inicia em minha vida. Esses últimos 40 anos me trouxeram muitos aprendizados. Sinto-me mais segura e tenho clareza do meu propósito.
Envelhecer é um drama para uma modelo?
O corpo não responde da mesma forma, envelhecer também mexe com a nossa vaidade. As rugas fazem parte e, hoje, existem mil artifícios para ajudar a manter a aparência um pouco mais jovem. Só não dá para ficar querendo ter a mesma cara que você tinha no passado. É importante aceitar as transformações.
Você já declarou que se arrependeu de ter colocado silicone. Faria uma plástica hoje, aos 40?
Tudo na vida nos ensina algo e, nessa situação, aprendi que não vale a pena fazer algo por me sentir pressionada e querer agradar aos outros. Eu me arrependi e não sei se faria plástica novamente. Não tenho essa necessidade. Mas nunca sabemos como nos sentiremos no futuro e se fará algum sentido para mim.
Quais são os objetivos do projeto “Viva a Vida”?
Vou começar plantando 40 mil árvores na Amazônia Legal para celebrar o meu aniversário. Familiares e amigos queriam me presentear, então, pedi a eles que me ajudassem. Para facilitar as doações, criei uma plataforma on-line (www.vivaavida.gift). Assim, outras pessoas também podem participar.
Como funcionará?
Fiz uma parceria com o ISA, com o qual tive uma história no início da minha atuação como defensora da natureza, apoiando, em 2006, o projeto Y Ikatu Xingu. (Segundo explicou, por e-mail, Patricia Bündchen, gêmea de Gisele, o Instituto faz o plantio com semeadura direta no solo, com uma mistura de sementes nativas. Estas sementes são coletadas pela Rede de Sementes do Xingu, projeto que acabou de ganhar um prêmio internacional. O ISA é quem fica responsável pela execução e acompanhamento dessas áreas plantadas.)
Como defensora do meio ambiente, você já foi muito atacada — inclusive por agentes do governo. Como foi ser chamada de “má brasileira” pela atual ministra da Agricultura, Tereza Cristina?
Não levo para o lado pessoal. Sou uma pessoa íntegra e sempre carreguei o nome do meu país com muito amor e carinho. Tive a oportunidade de me comunicar com a ministra e esclarecer essa situação. Entendo a importância do agronegócio para o Brasil, mas também entendo que não é preciso derrubar mais nenhuma árvore para que tenhamos progresso. Por mais incrível que seja o poder de regeneração da natureza, leva dezenas de anos para recuperar aquilo que é destruído em minutos. O que precisamos combater é o desmatamento ilegal, a grilagem e as invasões de terra. A sociedade precisa estar atenta e vigilante, porque a floresta tem um papel fundamental no equilíbrio do clima, no regime de chuvas e, consequentemente, na vida de todos nós.
O que você tem achado das políticas do governo Bolsonaro em relação ao meio ambiente?
Espero que nossos governantes se engajem mais no combate ao desmatamento. Sem a natureza, não teremos o tão almejado “progresso”. Não se pode querer crescer e evoluir destruindo. A conta vem, e não só para aqueles que causaram o dano. Vem para a sociedade inteira.
Você doou R$ 1 milhão a comunidades vulneráveis para apoiar ações emergenciais durante a pandemia de Covid-19. Por que encabeça ações como essa?
Faço as coisas quando sinto no meu coração. Senti que precisava fazer algo para ajudar naquele momento e fiquei feliz em ver que outras pessoas, e também empresas, se uniram à iniciativa. Toda forma é válida. O importante é olharmos para o lado e cuidarmos uns dos outros.
Por causa do trabalho do seu marido, vocês se mudaram para a Flórida. Foi difícil deixar Boston?
Boston foi muito acolhedora conosco e estará sempre em nossos corações. Meus filhos nasceram lá e fizemos amizades especiais. Vamos sentir saudades. Mas a vida é assim, a única certeza que temos é de que tudo muda. A mudança para a Flórida tem sido muito boa, pois aqui é bem mais quente e temos sol quase todos os dias. Adoro um solzinho, sempre me deixa feliz!
Como tem sido a vida durante a quarentena?
Nesses meses de reclusão, procurei me manter ativa. Gosto de levantar antes do nascer do sol para meditar e malhar. Isso me dá mais energia. Embora ainda não tenha saído para trabalhar fora, passo muito tempo envolvida com novos projetos, mas também tenho tentado alocar mais tempo para a família. No início da pandemia, percebi que estava vendo muitas notícias que só me faziam mal, então mudei a tática. Passei a consumir conteúdo positivo e ter conversas inspiradoras. No começo, o ensino em casa para as crianças também foi desafiador. Por mais que os professores passem o conteúdo, os pais têm que se envolver muito mais.
A relação com os filhos mudou agora que eles estão maiores? está mais durona ou mais calma?
Quando necessário, sou bem durona; mas, no geral, sou manteiga derretida. O Benjamin teve uma fase mais agarrado a mim. Agora, está mais com o pai. Vivian foi sempre independente.
Você e Brady estão casados há mais de uma década. Como é manter uma relação por tanto tempo?
Qualquer relacionamento tem seus desafios, mas acredito que o segredo está na comunicação. É importante se comunicar de forma clara e amorosa com seu parceiro.
No passado, disse que seus filhos achavam que você era comissária de bordo por viajar muito. Eles sabem que a mãe é uma das maiores modelos do mundo?
Sempre deixamos muito claro para eles que o trabalho do papai e da mamãe não era mais especial do que qualquer outro. A diferença é que era mais público. Ensinamos a eles que todos nós somos únicos e temos algo especial para contribuir.
Há quase dois anos, você lançou uma biografia reveladora. contou que pensou em suicídio. O que colheu sendo tão sincera?
Recebi feedbacks muito positivos em relação ao fato de ter exposto minhas vulnerabilidades. Até hoje, muitas pessoas comentam que o livro as ajudou bastante. Isso já fez tudo valer a pena para mim.
Vamos rever você um dia nas passarelas?
Fechei com chave de ouro esse ciclo. Mas a gente não deve dizer nunca. Não sabemos o que o futuro nos reserva, não é?